Fui perguntado essa manhã por que raios o volume do mercado está tão baixo. Será que o pessoal adiantou a parada de fim de ano?
Pode até ser. Mas a minha tese é outra, e bastante simples: ninguém quer arriscar antes da reunião do Fed, na semana que vem.
Seria talvez a última chance para o Bernanke dar uma pista sobre o processo de retirada dos estímulos (tapering). Amenizar seu erro e não ficar marcado como quem largou toda a bucha na mão do sucessor(a).
Se ele vai fazê-lo ou não, ninguém sabe.
E nem precisa saber. Até lá, a decisão racional é manter a barba de molho.
Percebeu?
Essa do barba nos sugere duas coisas interessantes:
1. talvez a tempestade de 2014 não esteja completamente nos preços.
2. tudo é uma questão de pay-off.
O preço da tempestade Ora, a Bolsa brasileira está na draga, e todo mundo sabe que terá contração monetária nos EUA.
Concordo. Também concordo que a piora na percepção de risco com o Brasil está dada na curva de juros e na disparada dos CDS (o seguro contra aplicações em Brasil). Ambos já embutem um maior prêmio de risco-Brasil, que tende a ser meramente formalizado pelas agências de rating.
Ok...
Mas não pelo pregão de hoje por si só, o que dizer das seguidas reações (enfáticas) dos mercados a qualquer sinal sobre o tema "retirada dos estímulos"?
Além disso, as Bolsas americanas estão em níveis recordes, escoradas no crescimento do denominador das métricas de Preço/Lucro. Mas o lucro das empresas americanas têm crescido muito por conta da melhora de resultado financeiro (e não operacional), graças às taxas de juro em patamares excepcionalmente baixos... O que, sabemos, não durará para sempre.
Já a Bolsa brasileira é uma das piores do mundo em 2013, e ainda assim não parece barata. Sob a mesma métrica ela negocia na casa de 17x lucros, contra um histórico próximo de 15x. E por aqui não há grande perspectiva de crescimento dos lucros.
Você acredita em Deus?
Partindo para "2", a questão não é saber se o Bernanke tirará o estímulo ou não, se o Brasil ganhará a Copa, ou se a Dilma ganhará a eleição.
Investir com base nisso é confiar o seu dinheiro à futurologia!
A ideia não é prever o futuro, mas identificar pay-offs favoráveis. Se posicionar nas assimetrias de retorno potencial. Apostar pouco para ganhar muito.
Você pode acreditar em Deus tentando provar sua existência, o que - convenhamos - não é algo trivial.
Ou pode acreditar porque é uma escolha racional...
Se você estiver certo (Ele existe), na hora do julgamento final estará em vantagem.
Agora, se estiver errado (Ele não existe), você estará lascado.
PS: este é apenas um dos insights sobre metodologia de investimento que apresentamos a fundo em nosso curso, ontem. Vale o lembrete que hoje é a última chance de comprar os pacotes para ter o livro e as apresentações com o desconto da pré-venda.
Queimamos um cartucho
Há um grande evento no noticiário econômico desta quarta que reforça essa ideia de que as Bolsas ainda estão sensíveis.
Enfim, republicanos e democratas chegaram a um acordo sobre o orçamento público dos EUA, evitando nova parada do país no início de 2014. Isso é muito relevante. Tira um bode da sala e extrai um componente de risco importante.
Mereceria uma comemoração maior, não fosse a tal barba de molho...
Pisando com os dois pés em Wall Street
Temos um canal direto com nossos leitores. Muitos dos nossos produtos são fruto dessa convivência harmoniosa de elogios e críticas. Essa história ganha mais um capítulo amanhã.
Atendendo a pedidos, lançaremos uma série especial sobre investimentos no exterior. Começamos detalhando a burocracia para comprar ações em Wall Street. Estamos falando de aplicar diretamente na Bolsa americana, nada de BDRs ou fundos.
Como faz para abrir conta em uma corretora lá fora? Como declaramos o imposto da grana nos Estados Unidos? Essas e outras dúvidas são respondidas no material que produzimos.
Se você sonha em ser sócio de empresas como Apple, Walt Disney, Google e cia, terá um guia passo a passo.
A mulher do César
Pensou na Aline?
Não mesmo. É a Cleópatra!
Multiplus (MPLU3) anunciou a compra antecipada de R$ 500 milhões em passagens da TAM.
Como a TAM é controladora da Multiplus, o mercado enxerga potencial conflito de interesses entre as partes.
A prática é recorrente, e comprar um pacotão de passagens da TAM, além de benefício fiscal e de custos (escala), acaba destravando o enorme caixa travado de Multiplus.
No final do terceiro trimestre, a empresa tinha R$ 970 milhões no caixa que não podem ser distribuídos via proventos, por uma peculiaridade contábil de seu negócio: não trata-se de lucro contábil.
O resgate de passagens é a principal fonte de custos da Multiplus. A compra com benefício de custos é uma das principais engrenagens para a forte geração de caixa da companhia.
Mas o caráter positivo do evento em termos operacionais não livra MPLU3 dos questionamentos.
A posição da empresa não é fácil...
À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta.
Tem alguém cego nessa história?
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.