A Variante Delta e os Cenários Brasileiros para a Bolsa de Valores

Publicado 12.08.2021, 02:21

O contexto de crescimento global é uma realidade até o momento, mas é necessário estar atento ao novo surto da variante delta para refinar o cenário e as previsões. Os dados positivos da economia global soam de forma otimista, os EUA são um bom exemplo de retomada da atividade econômica e do emprego. Ao mesmo tempo os EUA ainda é o maior país em casos de Covid-19, num total quase 36 milhões de pessoas, com maior presença nos estados com baixas taxas de imunização pela vacina.

A China renovou os controles de viagens e ampliou as restrições de circulação, sobretudo de passageiros vindos do exterior, que foram diagnosticados com a variante delta. O banco de investimento Goldman Sachs, em nota no último final de semana, revisou sua previsão para o crescimento da economia chinesa, de 8.6% para 8,3%, por conta da disseminação da nova variedade.

O impacto é mundial e afeta a todos, principalmente os setores de consumo cíclico e de commodities, como as indústrias do petróleo e do minério, ligados diretamente à produção chinesa. Num pior cenário, isto é, de a variante delta ultrapassar a fronteira de controle sanitário, possivelmente novos lockdowns acontecerão pelo mundo, como em Melbourne, na Austrália, onde foi prorrogada a quarentena. 

Não podemos afirmar pessimismo até o momento, mas a situação é de atenção e cautela. O mercado já reflete o sentimento de aversão ao risco, sobretudo no mercado de ações, em que um mês atrás o Ibovespa estava em torno de 127 mil pontos e agora está em 122 mil pontos. Os investidores acabam reconsiderando o medo de novas restrições, novos lockdowns e um tempo maior para as atividades econômicas retornarem ao nível pré-pandemia. 

O cenário brasileiro ainda é mais complexo, pois o fator político aqui contribui fortemente para a instabilidade e volatilidade dos capitais. A desarmonia entre os poderes e as constantes polêmicas do executivo com o legislativo e judiciário acabam criando um atrito desnecessário, que no tocante gera aversão ao risco. 

Outro ponto relevante foi a confirmação da variação mensal do IPCA de 0,96% e de praticamente 9% nos últimos 12 meses. O BACEN agiu de forma eficaz em elevar a taxa de juros básica SELIC para 5,25% ao ano, refletindo uma postura firme em relação à inflação no país. Contudo, num panorama de juros mais expressivos, ativos de renda fixa atrelados tanto ao índice de preços quanto à taxa de juros destacam-se nestes momentos de instabilidade. 

Apesar do cenário de cautela, abriu-se uma janela de oportunidade para comprar muitos papéis descontados, boas empresas geradoras de caixa, com ótimas perspectivas futuras. Não sou especialista em epidemiologia, porém, se a vacinação em massa continuar e as novas variantes estiverem controladas, o cenário brasileiro é muito promissor.

Muitos papéis foram descontados nestas últimas semanas, por conta dos fatores levantados acima (variante delta, ruídos políticos, IPCA e SELIC). Exemplo de empresas que tiveram seus preços derrubados foram as companhias que fizeram recentemente sua oferta pública inicial (IPO), empresas de vestuários, turismo e comércio eletrônico. 

É difícil prever até quando durará esse “saldão” de bons papéis com preço descontado, mas o investidor perspicaz aproveita estas oscilações de mercado para comprar bons ativos a um preço atrativo, cauteloso mas sempre às compras. 

Até o momento, com os dados apresentados, é praticamente descartado o movimento do mercado ser similar ao que ocorreu no início da pandemia, no início de 2020, com o “derretimento” da bolsa de valores. A situação agora é outra, existe base de recuperação e a resposta sanitária mundial está em outro patamar. Claro que é necessário estar atento à propagação da variante delta bem como à vacinação em massa. 

A expectativa futura para o mercado de capitais e da bolsa brasileira (B3 (SA:B3SA3)) é promissora pois, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 88% dos brasileiros ainda utilizam a poupança como sua principal forma de investir, o que abre um leque enorme para o crescimento da renda variável. Segundo a Anbima, os investimentos das pessoas físicas tiveram alta de 6,3% na primeira metade do ano de 2021, chegando ao acumulado de R$ 4,4 trilhões.

Nesta fase é importante estar atento e sempre muito coerente com seu perfil de investidor, coeso consigo mesmo sobre os riscos que está disposto a correr. É importante sempre buscar informações sólidas com dados, evitar a “diquinha do amigo que ganhou dinheiro” e buscar consultoria especializada para garantir rentabilidade e proteção patrimonial. 

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