Publicado originalmente em inglês em 27/11/2020
As ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) estão pegando fogo nos últimos dias. Depois de disparar forte durante a recuperação do mercado mais amplo desde março, os papéis da empresa se valorizaram mais 40% somente nos últimos 10 dias. Essa escalada está fazendo os investidores se questionarem: até quando as ações da Tesla continuarão subindo?
Antes de discutir a extensão da trajetória dessa incansável “queridinha” do setor de tecnologia, é importante compreender o que está impulsionando o movimento. O último rali da Tesla começou depois que os índices S&P Dow Jones anunciaram, em 16 de novembro, que a fabricante de carros elétricos seria adicionada ao índice S&P 500.
Depois do movimento, os gestores financeiros e investidores que seguem o desempenho do S&P terão agora que comprar o papel para espelhar devidamente o índice mais acompanhado do mundo. A inclusão da fabricante de carros elétricos no índice deve acontecer em 21 de dezembro e pode resultar em uma demanda de US$ 8 bilhões dos fundos mútuos focados em empresas de megacapitalização nos EUA, de acordo com analistas do Goldman Sachs. Em uma reportagem da Bloomberg, a instituição declarou:
“Dos 189 fundos desse universo, 157 que gerenciam cerca de US$ 500 bilhões em ativos ainda não tinham Tesla em 30 de setembro”.
Se esses fundos decidirem incluir os papéis da fabricante ao peso de referência, precisarão comprar US$ 8 bilhões em ações, ou cerca de 2% do valor de mercado da Tesla, disseram os analistas.
As ações da Tesla subiram mais 3,35% na quarta-feira e fecharam a US$ 574. Durante a pandemia, a Tesla é a ação de grande capitalização com melhor desempenho nos EUA neste ano, disparando cerca de 586%, graças ao otimismo crescente de que a empresa sediada em Palo Alto dominará o mercado de veículos elétricos.
O espetacular rali da ação ajudou o cofundador da empresa, Elon Musk, a adicionar US$ 100,3 bilhões ao seu patrimônio líquido neste ano, superando Bill Gates como segundo homem mais rico do mundo. Por trás dessa força estão os balanços robustos do último ano, que mostram que Musk agora consegue vender carros com lucro e sua tecnologia é muito superior à de outros concorrentes no mercado de veículos elétricos.
No mês passado, a Tesla registrou seu quinto trimestre consecutivo de lucro, superando facilmente as estimativas dos analistas. Essa sequência de bons resultados ocorreu no momento em que a empresa vem quebrando recordes de produção e entregas e gerando seu maior fluxo de caixa livre de todos os tempos. Tudo isso enquanto outros fabricantes automotivos enfrentam dificuldades em meio à crise global gerada pela pandemia de covid-19.
Mais do que um fabricante de veículos
Outro atrativo das ações altamente voláteis da Tesla para investidores de longo prazo é a crença de alguns analistas de que a fabricante de veículos tem mais valor do que seu valuation atual mostra. O Morgan Stanley mudou neste mês sua visão baixista para a Tesla, prevendo que a companhia também gerará mais caixa vendendo software e serviços com margem elevada.
“É um equívoco considerar que o valor da Tesla depende apenas da venda de carros, já que a companhia integra muitos negócios”, escreveu o analista Adam Jonas em nota, ao atualizar a classificação das ações para "overweight" (acima da média do mercado) e elevou seu preço-alvo em 50%, para US$ 540.
A análise de Jonas leva agora em consideração a rede de serviços da Tesla, além dos seus negócios de armazenagem de energia e seguros. A oportunidade da Internet dos Carros também é real e um pré-requisito para gerar mais ganhos para a ação, escreveu o analista.
De acordo com outros analistas mais otimistas, a Tesla tem espaço para subir muito mais. Dan Ives, diretor-geral de pesquisa em ações e analista da Wedbush Securities, aposta que a ação pode atingir US$ 1.000 em seu “cenário de alta”.
A disparada da demanda de veículos elétricos na China terá um papel importante nesse contexto, já que a segunda maior economia do mundo incentiva empresas como a Tesla a fabricar veículos de energia alternativa para que, até 2025, representem pelo menos 15% do mercado, segundo Ives.
Resumo
A Tesla está registrando uma explosão sem precedentes depois da sua inclusão no S&P 500 e dos seus impressionantes balanços nos últimos trimestres. Como o valor de mercado da Tesla já atingiu níveis extremos, a empresa tem pouco espaço para desapontar na produção ou nas projeções de demanda.É recomendável que os investidores tenham cautela com a ação.