Morgan Stanley rebaixa recomendação de CSN e Usiminas; mantém Gerdau em Compra
O mercado futuro de açúcar em Nova York encerrou a semana em alta. O contrato com vencimento em outubro/25 fechou a sexta-feira cotado a 16.79 centavos de dólar por libra-peso, após ter sido negociado ligeiramente acima da marca dos 17 centavos ao longo do pregão. A variação representa uma valorização semanal de 22 pontos, o equivalente a aproximadamente 5 dólares por tonelada. Os demais contratos também registraram ganhos, embora mais modestos, com variações positivas entre 1 e 15 pontos, refletindo uma curva ainda levemente inclinada, com os vencimentos mais próximos mostrando maior força relativa em comparação aos vencimentos mais longos.
No câmbio, o real teve uma leve depreciação de 0,41% na semana, encerrando a sexta-feira cotado a R$ 5.5852 por dólar. Essa movimentação cambial, somada à alta em Nova York, resultou em ganhos nos preços em reais por tonelada para as principais safras negociadas: a safra 2025/26 do Centro-Sul apresentou valorização de R$ 38/ton, a 2026/27 de R$ 22/ton e a 2027/28 de R$ 16/ton. A continuidade desse movimento dependerá da sustentação do dólar em níveis elevados e do comportamento da curva de NY, que ainda é influenciada por movimentos de fixação de preços por parte das usinas.
A semana foi marcada por muita discussão em torno dos números divulgados pela UNICA na segunda-feira. Continuamos acreditando que nossa estimativa de moagem de 581 milhões de toneladas no Centro-Sul está se consolidando. Como já destacamos no comentário anterior, esse número deve marcar o ponto de inflexão na trajetória dos preços, provavelmente a partir de mais duas quinzenas de produção.
Quem acompanha o mercado de commodities há algum tempo sabe que é sempre bom desconfiar das chamadas verdades absolutas. O exercício de buscar contrapontos que nos provem errados é não apenas saudável, mas necessário — principalmente quando se quer permanecer no jogo. O mercado não perdoa arrogância analítica; o cemitério está lotado de especialistas que nunca erravam.
Do nosso lado, seguimos céticos em relação à possibilidade matemática de o Centro-Sul processar 605 milhões de toneladas de cana e produzir 41,5 milhões de toneladas de açúcar, como aponta a média de cerca de 20 analistas. Os fundos, por sua vez, continuam alheios à diferença entre um pé de cana e um pé de jaca — e talvez nem saibam que jaca tem espinho. Ainda assim, reduziram sua posição vendida em 10.346 lotes na semana, totalizando agora 121.902 contratos. O curioso é que essa redução de 8% na posição líquida vendida não teve praticamente nenhum impacto nos preços, contrariando a nossa expectativa. Mercado é isso: quando você acha que entendeu, ele muda de ideia.
Mas voltemos à cana: o que pode dar errado na nossa estimativa? Dois anos atrás, o mercado também desfilava confiante — e acabou tropeçando nas próprias projeções. Por isso, convém manter os dois pés no chão e olhar com atenção os pontos de fragilidade. O maior risco hoje está concentrado na área colhida. A produtividade, de fato, vem se recuperando de forma consistente, mas, se a área plantada estiver superdimensionada, os volumes projetados podem virar pó — ou melhor, virar fumaça.
Para ilustrar: uma diferença de apenas 100 mil hectares na estimativa equivale a uma variação de cerca de 7 milhões de toneladas de cana no volume total. Em 2023, a área efetivamente colhida foi de 7,977 milhões de hectares — ou seja, praticamente 8 milhões. É comum vermos um crescimento marginal da área ano a ano, algo na casa de 0,5%. Mas, nos últimos dias, surgiram rumores de que essa área teria crescido 2%. Um salto ambicioso — para não dizer otimista demais.
E por que essa hipótese não se sustenta? Para que essa nova área estivesse disponível agora, ela precisaria ter sido incorporada ao sistema há dois anos e plantada no ano passado. O problema é que o ano passado foi marcado por uma seca severa, que restringiu drasticamente as janelas de plantio. Para piorar, os incêndios em diversas regiões comprometeram ainda mais o potencial de expansão. Ou seja, estamos falando de um crescimento de área que teria sido parido por um deserto em chamas — uma narrativa que desafia até o mais criativo dos roteiristas agrícolas.
Outro ponto crítico pouco discutido: no ano passado, cerca de 1,8 milhão de hectares colhidos apresentaram produtividade inferior a 65 toneladas por hectare — muito abaixo da média histórica. Essas áreas exigem renovação urgente. Para isso, o índice de renovação precisaria subir dos atuais 14% para cerca de 16%, o que naturalmente reduz ainda mais a área disponível para colheita neste ano.
Em outras palavras, tudo leva a crer que a área efetivamente disponível em 2025 será menor que a do ano passado. Estimamos que essa redução pode chegar a até 1,5 milhão de hectares, impactando diretamente a produção final. A CONAB reforça essa leitura: sua estimativa, baseada em informações das próprias usinas, aponta para uma área de 7,820 milhões de hectares — abaixo dos 7,977 milhões colhidos em 2023.
Ou seja, todos os sinais disponíveis — dados oficiais, percepção de campo e bom senso estatístico — caminham para números mais compatíveis com nossas projeções. A produtividade pode até surpreender positivamente, mas com uma área menor, o volume total não acompanha. Fica aqui o alerta: o maior risco agora é tratar como certeza um aumento de área que, na prática, só existe na planilha de alguns analistas mais entusiasmados.
Segundo nosso analista Marcelo Moreira, o contrato com vencimento em outubro/25 encerrou a semana cotado a 16.82 centavos de dólar por libra-peso. Nos últimos 15 dias, após atingir a mínima dos últimos três anos em 15.44 centavos, o mercado acumulou uma impressionante alta de quase 9%. Na sexta-feira, o outubro/25 chegou a negociar acima da importante média móvel de 50 dias (16.93), alcançando a máxima de 17.02 centavos de dólar por libra-peso. No curto prazo, o contrato precisa superar novamente a média móvel dos 50 dias para buscar os próximos alvos técnicos em 17.70, 17.86 e, eventualmente, 18.20 centavos. Os suportes mais relevantes se encontram em 16.50, 16.00 e 15.69 centavos de dólar por libra-peso. Outro ponto de atenção é o estocástico de 14 dias, que voltou a apontar condição de “sobrecompra”. Como o movimento recente foi praticamente em linha reta, não se descarta uma realização de lucros nos próximos pregões. Por fim, o spread outubro/25 x março/26, que chegou a negociar na faixa de 79/80 pontos, voltou a se estreitar, encerrando a semana em 60 pontos.