Você sabe qual é o melhor título de renda fixa para se ter para sempre?
A resposta é nenhum!
Seria a mesma coisa do que perguntar para um piloto da Fórmula 1 qual o melhor pneu para ele correr toda a temporada.
Ele vai dizer que depende das condições. Se estiver chovendo, os pneus de chuva irão aumentar muito a sua performance. Se não estiver, eles irão te prejudicar. Para ter a melhor performance, você tem que olhar o cenário, e escolher o melhor pneu para aquelas condições específicas.
Com os ativos funciona da mesma forma.
Não há um título, assim como qualquer ativo, que irá se beneficiar de TODOS os cenários econômicos possíveis.
Antes do impeachment, ainda no governo Dilma, o intervencionismo do estado e aumento do déficit fizeram com que o mercado entrasse em crise. O real desvalorizou fortemente, os juros futuros subiram rápido, a bolsa caiu, e a inflação subia acima de 10 por cento.
Neste cenário, os melhores investimentos foram dólar, Tesouro Selic e ações de empresas exportadoras.
Depois do Impeachment, tudo mudou.
A equipe super qualificada no Banco Central e a aprovação de algumas reformas como Teto de Gastos e Reforma Trabalhista trouxeram novamente a esperança em um futuro mais promissor.
Os melhores investimentos passaram a ser títulos indexados à inflação longos, ações de consumo interno e estatais.
Se você tivesse mantido o Tesouro Selic que comprou para se proteger do governo Dilma, teria deixado de ganhar um retorno de 40 por cento em 1 ano. Impressionante a diferença de performance, não é mesmo?
Cada um dos títulos públicos, assim como cada uma das ações da Bolsa, se comportam de uma maneira diferente, dado um cenário econômico diferente.
Estar no melhor ativo para aquela época específica pode ser exatamente a diferença entre você se aposentar em 10 ou em 30 anos. Ganhar 40 por cento a mais por ano certamente te leva mais perto da aposentadoria rápida.
Você está com os melhores ativos para o momento econômico atual?
É uma pergunta importante, que você tem que se fazer.
No cenário atual, estamos nos recuperando de uma crise que durou cerca de 4 anos. O desemprego subiu para mais de 12 por cento, pois as empresas tiveram que reduzir suas folhas de pagamento frente a queda na demanda.
Se o desemprego está alto, o consumo está baixo, pois falta renda. O crédito também cresce mais devagar, pois que banco iria emprestar dinheiro para um desempregado?
Por outro lado, a inflação está muito bem controlada, e rodando a níveis baixíssimos, abaixo de 4 por cento e, com isso, nosso Banco Central não tem motivos para subir a taxa Selic.
No front político, tivemos a eleição de uma plataforma completamente liberal, que fala em privatizações e redução do tamanho do estado. O lado bom é que finalmente teremos chances de abandonar o posto de país com a mais baixa produtividade do grupo de emergentes. O lado ruim é que a redução de gastos do governo necessária para equilibrar nossas contas significará décadas de economia, e portanto impulso negativo para o nosso crescimento.
Além disso, os jornais falam constantemente sobre o apoio do novo governo à reeleição de Rodrigo Maia como presidente da Câmara dos Deputados. Isso tudo mostra a dificuldade que a nova política irá enfrentar para aprovar as reformas necessárias.
A aprovação da reforma deverá levar tempo, e pode também atrasar a retomada econômica.
Nos EUA, estamos vendo uma geração de emprego forte, como o anúncio da criação de 300 mil vagas de emprego, que juntamente com a fala otimista de Powell fez a bolsa americana subir 3 por cento nesta sexta-feira. O medo do mercado é que esse crescimento peça um juro mais alto, que assombra a bolsa. Ficaremos nesse dilema durante o ano de 2019.
Então o cenário é de potencial enorme de crescimento no futuro, mas no curto prazo ainda moderado e demorado. A inflação seguirá baixa, e a Selic também não tem por que subir.
Sua carteira está preparada para isso?
Suas ações se beneficiam de retomada de crescimento vagarosa?
Seus títulos performam bem com inflação baixa?
Não adianta cobrar mais performance dos títulos que voaram quando os juros de mercado eram 12 por cento. Agora o cenário é outro. Os prêmios já estão bem comprimidos. Os juros para 2025 ficaram abaixo de 9 semana passada.
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