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Aos Trancos e Barrancos

Publicado 04.03.2013, 12:24
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Uma semana intensa de indicadores e fatos, tanto aqui no Brasil como no exterior. Lá fora, o PIB do quarto trimestre nos EUA veio fraco, crescendo apenas 0,1%, quando se esperava 0,5%, e foi detonado no dia primeiro de março um ajuste fiscal que pode chegar a US$ 85 bilhões entre cortes de gastos. Na Itália, uma eleição dividida abriu espaço para um novo pleito, caso não seja possível a formação de um governo de coalizão. Chama a atenção, no entanto, a contundente derrota de Mario Monti, então primeiro ministro, nos levando a crer o quanto será difícil manter a governabilidade diante da necessidade de ajustes austeros e recessivos.

Por aqui, a taxa de desemprego de janeiro veio mais forte do que no mês anterior (4,6%), registrando 5,4% da PEA, em decorrência das demissões de temporários do comércio, depois das festas de Natal. A inflação, depois de, na média, registrar algo próximo a 1,0%, recuou em fevereiro, a entre 0,3% e 0,5%, em decorrência da redução da tarifa de energia elétrica. Já o PIB de 2012 acabou em linha com o esperado, crescendo 0,9%, abaixo do registrado no ano anterior (2,7%). Atentemos sobre este tema neste Panorama da semana.

  • O crescimento do PIB em 2012 foi fraco: apenas 0,9%, mas no quarto trimestre houve uma aceleração, com 0,6% contra o trimestre anterior, depois de crescer 0,4%. Isto mostra que as medidas de estímulo adotadas, como isenção de IPI para duráveis, redução de juro e liberação de crédito, tiveram algum efeito sobre o desempenho da economia. Contra o mesmo trimestre de 2011, o crescimento foi de 1,4%, depois de crescer 0,9% no anterior. Isto deverá gerar um carry over em torno de 1,7% a 2,0% para 2013. Ou seja, neste ano parte-se deste desempenho para analisarmos de quanto poderá ser o crescimento do PIB.
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Figura 1
  • No desempenho pelo lado da oferta, o PIB agropecuário acabou levando o maior tombo, recuando 7,5% contra o mesmo trimestre do ano passado, 5,2% contra o trimestre anterior e 2,3% no ano. Explica-se isto pelas quebras de safra no Hemisfério Norte e no Brasil, com fatores climáticos predominando. Neste caso, o desempenho das safras do quarto trimestre que acabaram como as mais impactadas, contra o mesmo trimestre do ano anterior, foram: trigo (-23,3%), fumo (-15,6%), cana (-5,6%) e laranja (-4,3%), só para ficarmos nas principais. Isto caracterizou um clássico caso de choque de oferta, quando os preços sobem e a quantidade se mantém, justificando a estagflação do período. Neste ano de 2013, boa recuperação se avizinha, visto que a safra agrícola prevista é recorde (alta de 11,3%, com 185 milhões de toneladas, segundo a Conab), o que deve derrubar, em parte, a evolução dos preços dos alimentos. Lembremos que estes cresceram 10% em 2012 e devem desacelerar a 6%/7% em 2013, diante da oferta maior de bens agrícolas.
  • Ainda pelo lado da oferta, o setor industrial também acabou impactado pela perda de competitividade frente à China, o nebuloso horizonte dos empresários, o período de transição (produção e investimentos mais fracos) da Petrobras e o freio de arrumação da construção civil, o que se refletiu, num primeiro momento, no desempenho negativo da Indústria extrativa mineral (-1,9%), da Indústria de Transformação (-0,5%) e da Construção Civil (-0,2%). Decorrente disto, a produção industrial, segundo o IBGE, fechou 2012 em queda de 2,7%. Neste início de 2013, no entanto, ventos favoráveis sopraram a fator do setor produtivo. Pelo Indicador do Nível de Atividade, da FIESP, a expansão foi de 2,1% em janeiro contra dezembro, com uma boa janela para os investimentos. Neste, a percepção dos investidores passou de 60, algo que não ocorria desde 2010.
  • O PIB de Serviços acabou se recuperando do fraco desempenho do terceiro trimestre, impactado pela retração do setor financeiro, depois da redução de juros pelo BACEN. Cresceu 1,1% contra o terceiro trimestre, sendo que neste se manteve estável. Entre o terceiro e o quarto trimestre (na base trimestral), Intermediação Financeira saiu de -0,6% para 1,0%. Cabe ressaltar, neste caso, que o setor de Serviços não costuma ser tão impactado por flutuações de demanda, observando-se, inclusive, uma forte migração de mão de obra para este segmento nos últimos trimestres. No ano, este segmento cresceu 1,7%, sendo o principal responsável para o crescimento do PIB geral de 0,9%, dada sua grande participação, em torno de 65/70%. A justificar este desempenho, a expansão da massa salarial, do crédito (passou de 20% em 2102, mas deve recuar a 14%/16% em 2013), sustentando o comércio varejista, em ritmo acima da indústria. De fato, observa-se o que no mercado se conhece como “boca de jacaré”: o varejo crescendo 8,2% e a indústria recuando 2,7%. Para 2013, estamos prevendo um crescimento do PIB de Serviços em torno de 2,5%.
  • Já pelo lado da demanda, observamos um comportamento mais forte, no quarto trimestre contra o anterior, com a economia puxada pelo consumo das famílias e do governo. O consumo das famílias avançou 1,2%, depois de crescer 1,0% no anterior e o consumo do governo, 0,8% e 0,0%, respectivamente. As exportações deram uma reagida no último trimestre (4,5%), talvez pela sinalização de depreciação cambial, e as importações acompanharam (8,1%), o que explica, em parte, o desempenho mais fraco da economia em 2012. Isto porque importação é considerada “vazamento de renda” na economia.
  • Por fim, o grande destaque do PIB no quarto trimestre foi a Formação Bruta de Capital Fixo (a taxa de investimentos), que apresentou recuo de 4% no ano, passando de 19,3% para 18,1% do PIB entre 2011 e 2012, mas ensaiou uma boa recuperação no último trimestre. Contra o mesmo trimestre do ano passado, recuou 4,5%, menos do que no trimestre anterior (-5,6%). Contra o trimestre anterior, depois de recuar 1,9% no terceiro trimestre, avançou 0,5% no seguinte. Isto pode ser um bom indicativo para 2103. Os dados da FIESP, inclusive, mostraram um avanço na produção de máquinas e equipamentos de 3,3% em janeiro contra dezembro. Isto, somado ao aumento das consultas e desembolsos junto ao BNDES, além dos estímulos fiscais, pode ser um sinal relevante para este ano.
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Figura 2
  • Importante observar que boa parte do bom desempenho de alguns países da América Latina para cresceram acima de 3% em 2012 veio do grande aporte de investimentos. O Peru cresceu 6,5% com taxa de investimento de 27% do PIB, o Chile 5,6% com 22%, a Colômbia 3,4% com 27%. Bem, estamos falando de países que vêm adotando saudáveis políticas econômicas, com reformas para obter ganhos de produtividade, e não aqueles apenas preocupados com a manutenção de poder. Para estes, como Argentina e Venezuela, os indicadores são diversos.
  • Sendo assim, neste ano só podemos pensar num ciclo de crescimento sustentável no tempo se vier no bojo de um aumento de investimentos, com especial atenção para infraestrutura. Sem políticas críveis continuaremos presos ao “curto prazismo”. Só lembrando que com este desempenho fraco da economia não acreditamos em elevação do juro nesta reunião do COPOM de março. Para abril, tudo dependerá de como responderá a inflação e o ritmo de retomada da economia, assim como os investimentos. Para este ano de 2013, por ora, estamos mantendo nosso crescimento em 3,2%, contando com o carry over em torno de 1,7% a 2,0%, a retomada da indústria, que deve crescer em torno de 3,5%, e dos investimentos, que devem ficar entre 18,5% a 19,0% do PIB, isto se as concessões em infraestrutura deslancharem.
Figura 3

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Muito bom artigo.
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