Para quem esperava um mês de recuperação dos ativos de renda variável, após as desvalorizações de agosto, setembro surpreendeu negativamente. O IFIX e o IMAB-5+ apresentaram o 2º mês consecutivo de desvalorização, com quedas de -1,24% e -1,26%, respectivamente, enquanto o Ibovespa fechou setembro apresentando queda em todos os meses do trimestre. O dólar, por sua vez, teve um mês de forte valorização frente ao real e a divulgação do IPCA referente ao mês anterior, índice de inflação oficial considerado para as metas de inflação do Banco Central, seguiu surpreendendo para cima.
Enquanto as principais economias do mundo seguem flexibilizando as medidas restritivas que foram tomadas para tentar combater a pandemia do Covid-19, a paralização parece cobrar o seu preço, fazendo com que a retomada não aconteça de forma funcional, com notícias vindas de todas as partes do mundo sobre falta de insumos, inflação maior do que a meta e risco de racionamento de produtos e energia. Dados econômicos dos EUA, Europa e China divulgados ao longo do mês seguiram essa tendência de altos e baixos, enquanto uma das maiores empresas imobiliárias da China, a Evergrande (OTC:EGRNY), trouxe um tempero adicional de negatividade, com o risco de calote e reestruturação de sua dívida, além de um possível contágio para todo o setor imobiliário, que representa cerca de 30% da economia chinesa, segundo alguns analistas. Diante desse cenário, os governos e bancos centrais dessas economias seguiram tomando decisões de manutenção de medidas expansionistas, com taxas de juros em patamares históricos baixos e injeção de estímulos adicionais.
No Brasil, o PIB do 2º trimestre e o IPCA de agosto divulgados pelo IBGE no começo do mês surpreenderam negativamente. Os efeitos da 2ª onda da pandemia por aqui estão fortemente ligados ao resultado negativo da economia, que apresentou variação de -0,1%, contra o trimestre anterior. Já o IPCA maior do que o esperado parece estar mais ligado a falta de insumos na indústria, desvalorização do real, alta dos combustíveis e ao risco de racionamento de energia, causado pela falta de chuvas, além da retomada da economia que é amplamente esperada para o 2º semestre de 2021 e já percebida no índice IBC-br de julho divulgado pelo Banco Central, que apresentou alta de +0,6%, acima do que o esperado. Ainda, em reunião realizada ao longo do mês, o COPOM decidiu elevar a SELIC em +1,00%, para 6,25%, e já sinalizou nova alta de mesma magnitude para a próxima reunião que deve acontecer entre os dias 26 e 27 de outubro. Com essa sinalização e a divulgação dos indicadores econômicos ao longo de setembro, as expectativas dos analistas para a SELIC e para a inflação no final de 2021 e 2022 subiram, enquanto as expectativas do PIB se retraíram.
Embora todo esse cenário macro não favoreça o investimento em ativos de renda variável no curto prazo, fazendo com que os investidores demandem um maior prêmio de risco, entendemos que os FIIs, além de sua proteção natural contra a inflação ao longo do tempo, seguem apresentando oportunidades com destaques para o Dividend Yield anualizado do IFIX, que superou a casa dos 9% a.a. no mês de setembro, Fundos com desconto no valor de mercado em relação ao valor patrimonial e até mesmo apresentando valores por m² dos seus imóveis mais baixos do que seu custo de reposição.
*Gabriel Barbosa é responsável pela Estruturação, Distribuição e Relação com Investidores dos fundos da TRX