- As ações da Exxon Mobil registraram um dos melhores resultados durante a recuperação econômica pós-pandemia.
- Apesar da disparada do petróleo, analistas mostram receio em recomendar compra na XOM diante do seu elevado nível de preço.
- Energia é um setor cíclico, em que cada pico é seguido de profundas correções.
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As ações da gigante americana do setor de energia, Exxon Mobil (NYSE:XOM) (SA:EXXO34), registraram uma forte corrida de alta nos últimos dois anos. Depois de disparar 67% em 2021, a empresa sediada em Irving, Texas, valorizou-se mais 61,2% neste ano, fazendo com que a ação ficasse entre as melhores no ambiente pós-pandemia. Os papéis da XOM fecharam o pregão de segunda-feira a US$ 98,84.
O que contribuiu para esse rali foi a escassez de oferta nos mercados petrolíferos. Neste ano, o contrato futuro do barril de Brent saltou mais de 50%, para cerca de US$ 120, principalmente devido a uma combinação de disparada da demanda de energia com a restrição de oferta de petróleo no mundo, uma tendência que se intensificou após a Rússia invadir a Ucrânia.
Mas, apesar do rali atual, analistas demonstram cada vez mais receio em recomendar compra na XOM nos níveis atuais, sugerindo que há pouco espaço para a ação subir.
Em uma pesquisa realizada pelo Investing.com com 29 analistas, 18 classificaram a XOM como neutra; um recomendou venda e apenas 10 recomendaram compra.
Fonte: Investing.com
O preço-alvo consensual em 12 meses implica uma queda de mais de 2%, uma forte reversão em relação ao consenso anterior, quando os analistas previam mais ganhos.
Uma das razões para essa mudança parece ser a preocupação cada vez maior com a desaceleração da economia mundial, que pode entrar em recessão devido à disparada da inflação e dos movimentos agressivos dos bancos centrais no sentido de apertar as condições monetárias.
Os mercados acionários dos EUA e da Europa estão precificando uma chance de 70% de que a economia entrará em recessão no curto prazo, de acordo com estimativas do J.P. Morgan. Os alertas de recessão vêm sendo emitidos há meses, em meio à guerra no Leste Europeu, bloqueios sanitários na China e um Federal Reserve mais rígido.
Essas expectativas impactam diretamente o setor de energia, que é altamente cíclico, já que todo pico é seguido de fortes correções. Os períodos de preços elevados incentivam mais produção ou diminuição de demanda, até que o preço da commodity caia.
Reclassificação
Já faz um pouco mais de dois anos desde o fundo mais recente, quando o petróleo futuro brevemente ficou em território negativo, no auge da destruição de demanda provocada pela pandemia, durante o outono americano de 2020. O preço da XOM praticamente triplicou desde essa queda.
Embora seja quase impossível prever quando os mercados de energia terão uma virada, há fortes sinais de que a Exxon se tornou uma escolha muito melhor no longo prazo e uma empresa que recompensa os investidores, após uma significativa reestruturação.
A Exxon continua cortando custos e criando um colchão maior para cobrir sua distribuição de dividendos. A ação rende atualmente 4,06%, e os acionistas recebem US$ 3,56 por ação ao ano. Esse é o terceiro maior rendimento entre as ações listadas no índice S&P 500.
A gigante petrolífera planeja economizar mais US$ 3 bilhões em custos até o fim do próximo ano para impulsionar os retornos aos acionistas e tirar vantagem dos preços elevados do petróleo.
As novas medidas de economia provavelmente cortarão os custos em US$ 10 por barril. Isso seria suficiente para pagar 60% do dividendo da empresa. De acordo com a Exxon, as economias ajudarão a dobrar o lucro e o fluxo de caixa “potencial” até 2027, além de impulsionar os retornos.
Em nota emitida na semana passada, o J.P. Morgan reiterou a Exxon como “acima da média”, dizendo que a empresa ainda tinha espaço para subir. A nota disse o seguinte:
“Acreditamos que a XOM ainda tem espaço para se valorizar mais, após a queda de 2020, provocada por um alto comprometimento de investimento de capital e preocupações com o balanço naquele momento”.
Além disso, as operações de refino da Exxon e sua presença na bacia do Permiano podem turbinar os lucros no futuro.
De acordo com Devin McDermott, analista de ações do Morgan Stanley (NYSE:MS), as margens de refino estão disparando, devido aos baixos níveis de estoques de produtos refinados em todo o mundo, no momento em que a demanda por produtos, como combustível de aviação e gasolina, está se recuperando. As margens devem continuar se fortalecendo daqui para frente, principalmente se o mundo continuar recusando as importações de produtos refinados da Rússia.
Conclusão
As ações da XOM podem parecer caras, após o poderoso rali dos últimos dois anos. Mas, se o seu objetivo de investimento é para o longo prazo, não faltam razões para acreditar que esse rali ainda pode avançar mais.
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