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É possível dizer que as condições monetárias permitem que ocorra um cenário de “pouso suave” na economia dos EUA? Embora persista o debate em torno da possibilidade de uma recessão ou não, há um precedente para o cenário de pouso suave, em que a economia tem uma forte desaceleração, mas sem registrar uma contração profunda. O único problema é que isso torna mais difícil a missão do Fed de fazer a inflação convergir para a meta.
Em 2011, o mundo enfrentou uma paralisação na indústria manufatureira, devido a um terremoto submarino seguido de tsunami no Japão, além de um desastre nuclear resultante das inundações. Ao mesmo tempo, os EUA estavam imersos em um debate sobre o teto da dívida, rebaixamento de rating e ameaças de moratória. Esses eventos levaram à contração do setor industrial, suscitando preocupações de uma iminente recessão.
No entanto, como mostramos a seguir, isso nunca aconteceu.
Isso aconteceu porque o setor de serviços da economia dos EUA manteve-se resiliente. Ao contrário do passado, quando a indústria era um componente significativo da atividade econômica, atualmente os serviços representam quase 80% de cada dólar gasto no país.
Já vimos uma contração da manufatura antes, mas os serviços permaneceram fortes o suficiente para evitar uma recessão em geral. A economia também evitou uma "recessão" em 1998, 2011 e 2015.
Outro ponto a ser considerado é que a economia já passou por uma contração acentuada. Uma recessão seria inevitável se a economia americana estivesse operando no seu ritmo anterior de crescimento de 2%. No entanto, a contração ocorreu quando a economia estava em declínio de quase 12% devido a um estímulo de 5 trilhões de dólares em liquidez. Essa contração é tão significativa quanto a recessão causada pela pandemia e a crise financeira.
O Fed enfrenta outro desafio relacionado às condições monetárias. Em um artigo anterior, foi apresentado um índice composto que monitora as mudanças nas condições monetárias. Em 2022, houve um aperto significativo nas condições monetárias, com o Fed aumentando as taxas de juros e a inflação subindo, devido a grandes injeções de estímulo financeiro.
O índice de condições de política monetária mede a taxa de juros dos títulos do Tesouro dos EUA de 2 anos, que afeta os empréstimos de curto prazo; a taxa das treasuries de 10 anos, que afeta os empréstimos de longo prazo; a inflação, que afeta o consumidor; e o valor do dólar, que impacta o consumo estrangeiro.
Historicamente, quando esse índice atinge níveis mais elevados, geralmente precede recessões, quedas na atividade econômica e correções no mercado financeiro. Para visualizar essa correlação, o índice de condições monetárias foi invertido, de forma que condições monetárias "mais fáceis" correspondem a um crescimento econômico em alta.
Vale a pena notar que o índice de condições monetárias geralmente precede cortes de juros do Federal Reserve.
É importante notar que, se o índice de condições monetárias sugere que o crescimento econômico acelerará posteriormente no ano, isso não explica o rali do mercado acionário desde outubro do ano passado. Como mostramos, existe uma correlação estreita entre o índice de condições monetárias e a variação anual no S&P 500.
A razão para o otimismo no mercado acionário é a expectativa de que os resultados vão aumentar daqui para frente. Se as condições monetárias apontarem para um forte crescimento econômico, a consequência é uma alta dos resultados. Os analistas de Wall Street já estão elevando suas estimativas de resultados para 2023 e 2024.
O problema para o Fed é que a valorização dos ativos flexibiliza as condições monetárias, o que manterá a inflação elevada. Isso dificulta a tarefa do Fed de desacelerar o crescimento econômico, aumentar o desemprego e reduzir a demanda agregada.
Na próxima reunião do Fed, a grande expectativa é que o banco central faça uma pausa nos aumentos de juros. Isso foi sugerido na última reunião do Fomc, comitê de política monetária dos EUA, em que as autoridades do Fed indicaram que os padrões mais rígidos de crédito estão tendo o mesmo efeito da alta de juros na desaceleração da economia. O gráfico abaixo, que inverte o índice de padrões de empréstimos bancários, mostra que o maior rigor nas concessões precede uma atividade econômica mais lenta.
Como mencionamos anteriormente, o índice de condições monetárias sugere que as condições financeiras estão de fato se tornando mais favoráveis na economia. Isso é um problema para o Fed, que necessita do contrário, isto é, condições mais restritivas, para fazer a inflação convergir para a sua meta.
O mercado vem subindo desde outubro, na expectativa de que o Fed interrompa os aumentos de juros e comece a cortá-los no segundo semestre deste ano. No entanto, o cenário otimista depende dos seguintes fatores:
Até o momento, esses fatores têm permitido que os investidores aumentem os preços das ações neste ano, apesar do aumento de juros pelo Fed. No entanto, há também um problema com esses fatores.
Se a economia evitar uma recessão e o emprego se mantiver forte, o Fed não tem motivo para cortar os juros. Isso mesmo, o Fed pode parar de subir as taxas, mas, se a economia estiver funcionando normalmente e a inflação cair, repito: não há qualquer justificativa para haver cortes de juros.
No entanto, um crescimento econômico sustentado e um baixo desemprego manterão a inflação elevada, o que deixa ao Fed pouca escolha a não ser se tornar mais agressivo em apertar ainda mais a acomodação monetária.
Não sei quem irá vender essa queda de braço, mas o índice de condições monetárias sugere que a batalha do Fed está longe de terminar.
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