O investimento em ações de grandes empresas de tecnologia continua sendo uma aposta vencedora durante a pandemia de covid-19, que parece não dar trégua. Os papéis do chamado grupo “FANG+", que inclui gigantes como Amazon (NASDAQ:AMZN) e Netflix (NASDAQ:NFLX), estão apresentando um desempenho muito melhor neste ano do que o índice mais amplo S&P 500.
O índice NYSE FANG+TM (NYFANG) disparou mais de 71% desde a queda de março, ao mesmo tempo em que o SPX se valorizou cerca de 24%. Nos últimos 12 meses, essas ações de tecnologia entregaram retornos de 80%.
A grande questão daqui para frente é saber se esse forte movimento terá continuidade e se a próxima temporada de resultados trará evidências suficientes para dar suporte a todo esse otimismo.
O impulso das ações veio da esperança de uma rápida recuperação econômica após os confinamentos provocados pelo coronavírus, em conjunto com medidas de estímulo históricas dos bancos centrais mundiais. Mas diversos investidores citam muitas razões para manter a cautela.
Entre elas estão projeções de uma recuperação econômica tortuosa, reveses no desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus e a incerteza em relação à eleição presidencial e parlamentar em novembro nos EUA.
Quando o assunto são as Big Techs, os céticos apontam que essas queridinhas do mercado já subiram demais e muito rápido. Alguns analistas técnicos indicam que uma correção ocorrerá em breve no setor. O Nasdaq 100 está agora 19% acima da sua média móvel de 150 dias, um nível extremo que geralmente é seguido de uma correção.
Apesar desses alertas, a maioria dos investidores continua favorecendo as ações “large cap” de tecnologia no atual período de incerteza. Coincidentemente, os produtos e serviços que essas gigantes oferecem, desde computação na nuvem até redes sociais e compras online, ganharam destaque depois que eclodiu a crise sanitária mundial. Essa vantagem não deve diminuir no futuro próximo.
Mudança de negócios e necessidades do consumidor
Essas empresas se beneficiarão das mudanças nos negócios e na preferência dos consumidores no mundo pós-coronavírus. As transições abrangem, entre outros aspectos, a mudança da publicidade local para o ambiente online, maior volume de compras de itens de supermercado e luxo no comércio eletrônico, maior porcentagem de colaboradores em teletrabalho e um declínio nas viagens a negócios.
A Wedbush Securities, que elevou o preço-alvo de Microsoft (NASDAQ:MSFT) de US$ 220 para US$ 260, afirmou, em uma nota recente, que o trabalho remoto deve continuar impulsionando os serviços de nuvem das empresas.
“Em muitos casos estamos vendo as empresas acelerando sua transformação digital e sua estratégia de nuvem com a Microsoft por 6 a 12 meses, à medida que a perspectiva de aumento do trabalho remoto no futuro próximo parece ser uma realidade no contexto da covid-19”, constatou a nota.
A preferência dos gestores de fundos por mega-ações de tecnologia se tornou um lugar comum a tal ponto que a Apple (NASDAQ:AAPL) representa agora 43% do portfólio de ações de Warren Buffett. Sua empresa de investimentos Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa) detém 250 milhões de ações da companhia. Desde março, sua participação na AAPL aumentou em US$ 37 bilhões, justamente quando o investidor de valor mais bem-sucedido do mundo perdeu bilhões em suas apostas em linhas aéreas.
Outro argumento em favor das ações de Big Tech é o surgimento de novas tendências, como a inteligência artificial, a tecnologia 5G sem fio e a análise de big data, que continuarão dando suporte a essas ações nos próximos anos, mesmo com a contenção da pandemia.
Para impulsionar ainda mais esses ganhos, pequenos investidores de varejo se tornaram operadores ativos durante a pandemia. Muitas ações que são populares entre os investidores comuns também são sustentadas por bilhões de dólares de hedge funds, como Amazon, Microsoft e Facebook (NASDAQ:FB), de acordo com uma recente análise do Goldman Sachs.
Resumo
As empresas de tecnologia estão dando segurança aos investidores, no momento em que outros setores cíclicos estão lutando para sobreviver. Graças à estabilidade dos seus resultados e ao seu potencial crescimento futuro, é difícil considerar que as mega-ações de tecnologia possam perder seu charme no curto prazo.