Bitcoin deve superar Nasdaq e ouro quando o apetite por risco se recuperar

Publicado 02.12.2025, 14:35

A correção acentuada do bitcoin nas últimas semanas abalou o sentimento dos investidores, mas pode estar preparando o terreno para uma recuperação mais ampla do mercado. Com os ativos de risco sob pressão em diversos segmentos, a magnitude da queda do bitcoin parece cada vez menos um sinal de alerta, e mais um possível indicador antecipado do que pode vir a seguir.

O início da semana foi marcado por forte realização nas criptomoedas. O bitcoin chegou a cair 6% em uma única sessão, enquanto o Ethereum recuou mais de 7%. Esses movimentos ampliaram a tendência de baixa iniciada em outubro, quando cerca de US$ 19 bilhões em posições alavancadas foram liquidados à força, em meio a um pico de volatilidade nos mercados de derivativos.

Desde a máxima registrada no início de outubro, próxima de US$ 124.000, o bitcoin acumula queda de aproximadamente 30%, sendo negociado recentemente próximo a US$ 87.000. Nenhum outro ativo tradicional passou por um ajuste de magnitude comparável: no mesmo período, o Nasdaq 100 recuou cerca de 4% em relação à máxima histórica, enquanto o ouro cedeu proporção semelhante desde o pico de meados de outubro.

Essa divergência é relevante. O bitcoin concentrou em poucas semanas um processo de ajuste que costuma levar meses, enquanto ações e ouro corrigiram de forma muito mais moderada. Em movimentos de reprecificação dessa natureza, a assimetria de retorno tende a mudar, e isso pode redefinir o potencial de alta relativa entre os ativos.

O bitcoin tem se comportado como um ativo de alta beta frente ao apetite global por risco, especialmente em relação às ações de tecnologia nos EUA. Sua movimentação acompanha de perto o desempenho do Nasdaq, porém com amplitude muito maior. Quando as big techs subiram no início do ano, o bitcoin disparou; quando perderam fôlego, o criptoativo corrigiu com ainda mais força.

Essa resposta amplificada revela um ponto importante: o bitcoin tem atuado como indicador antecedente, não apenas como reflexo do mercado. Ele costuma se mover antes e de forma mais rápida, captando mudanças nas condições de liquidez e no comportamento dos investidores antes que esses ajustes sejam percebidos nos mercados tradicionais.

A recente queda também tem um componente mecânico evidente. O nível de alavancagem aumentou de forma agressiva no fim do verão do Hemisfério Norte, à medida que o preço rompia novas máximas. Quando o impulso se reverteu, as chamadas de margem aceleraram o movimento de baixa. Dados de derivativos mostram uma forte queda no open interest ao longo de outubro, indicando que boa parte do excesso especulativo já foi eliminada.

Esse processo, embora doloroso, costuma ser necessário. Mercados alavancados tendem a se tornar frágeis. Quando o excesso é eliminado, a formação de preços melhora e os investidores remanescentes tendem a ser mais convictos. Historicamente, períodos posteriores a grandes liquidações têm se mostrado mais estáveis do que os momentos de euforia que os precederam.

No cenário macro, as condições também estão menos desfavoráveis. Os rendimentos dos títulos soberanos, que vinham subindo e apertando as condições financeiras, estabilizaram. Os indicadores de atividade mostram desaceleração, mas sem colapso, o que reduz o temor de um “pouso forçado”. A volatilidade cambial também diminuiu. Embora persistam incertezas, a sensação de aperto monetário constante perdeu força.

O bitcoin tende a reagir rapidamente a essas mudanças sutis. Ele não depende de um sinal claro de “risk-on” para retomar demanda; uma simples redução do estresse macro já pode ser suficiente para atrair compradores, especialmente após a limpeza nas posições especulativas.

O ouro, por outro lado, oferece um contraste interessante. Ele se beneficia de fluxos defensivos em períodos de correção, mas cumpre um papel diferente: preserva valor em meio à incerteza, sem liderar recuperações. Quando o mercado global volta a buscar ativos ligados ao crescimento, o capital costuma sair primeiro de posições defensivas em direção a ativos com maior convexidade de retorno, e é justamente aí que o bitcoin se destaca.

O criptoativo se posiciona mais próximo dos ativos de crescimento, mas mantém a narrativa de escassez que o diferencia das ações. Ele permite capturar o movimento de retomada do apetite por risco sem estar vinculado a lucros corporativos, margens ou balanços. Essa combinação cria uma assimetria única quando o sentimento de mercado começa a se inverter.

Os fundamentos internos do mercado de bitcoin também continuam sólidos. O volume de moedas disponíveis em exchanges está próximo das mínimas de vários anos, reduzindo a pressão vendedora de curto prazo. Os holders de longo prazo mantiveram suas posições durante a volatilidade recente, sinalizando confiança. Além disso, a participação institucional segue crescente, via produtos regulados, consolidando o papel do bitcoin dentro de portfólios diversificados e afastando sua imagem de ativo puramente especulativo.

Os níveis técnicos também estão moldando a percepção dos traders. As zonas de suporte e resistência são acompanhadas de perto não apenas por convenção gráfica, mas porque influenciam diretamente a confiança. Manter-se acima de médias móveis de longo prazo após uma forte correção pode mudar rapidamente a narrativa do mercado.

O bitcoin já absorveu uma correção muito mais profunda do que o Nasdaq ou o ouro. Isso, por si só, redefine o potencial de reação. Em um cenário em que os ativos de risco se estabilizam e voltam a subir, o bitcoin não precisa retomar suas máximas históricas para superar o desempenho de outras classes de ativos, mesmo uma recuperação moderada pode gerar ganhos relativos maiores do que os observados em ações ou metais.

A queda recente foi dura, mas também decisiva. O excesso especulativo foi eliminado, a volatilidade cumpriu seu papel e o mercado parece mais saudável. Se o apetite por risco se reconstruir, o bitcoin não apenas deve acompanhar o movimento, tem tudo para liderar a próxima fase de alta.

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