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Brasil Gastou US$ 236 bi a Mais que a Rússia para Controlar inflação

Publicado 15.11.2016, 13:27

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou, em um ano, recuo expressivo nos últimos meses, mesmo com a alta de 0,26% no mês de outubro. O resultado trás tranquilidade para o consumidor e, em certa medida, até para os investidores, que conseguem traçar cenários de médio e longo prazo mais assertivos.

A convergência da inflação brasileira para patamares mais baixos é indiscutivelmente melhor para grande parte dos agentes da economia, segundo a Análise Econômica Consultoria.

O que se deve medir, no entanto, é a Taxa de Sacrifício (TS) para que tal resultado tenha sido obtido ou, no caso do Brasil, esteja em vias de se concretizar.

A Rússia passou por um momento bastante delicado a partir de 2015. O envolvimento direto da potência na guerra da Criméia acabou resultando em sanções por parte dos países de alta renda, entre os quais, parceiros comerciais importantes da Europa e, inclusive, os Estados Unidos.

As sanções, associadas à abrupta queda do preço do petróleo – produto responsável por aproximadamente 40% das receitas totais do governo russo – trouxeram profundas incertezas com relação ao desempenho da economia do país, o que ocasionou uma forte desvalorização cambial.

De janeiro de 2014 a janeiro de 2015, o rublo russo desvalorizou-se mais de 86% frente ao dólar. A desvalorização da moeda russa alcançou mais 20% no ano de 2015.

O resultado dessa desvalorização cambial foi uma forte inflação que passou de uma média anual de 6,5%-7,5% entre 2012 e 2014 para mais de 16% em 2015.

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E, como mandam os manuais de macroeconomia, o governo russo empreendeu uma política monetária contracionista a fim de debelar a inflação no prazo mais curto possível. A taxa básica de juros saiu de um patamar de 5,5% no início de 2014 para mais de 17% no final do mesmo ano. Com o abrandamento da inflação, o governo russo já começou a diminuí-la a partir de fevereiro de 2015.

Postos os dados, há condições de mensurar os gastos que foram empreendidos na tentativa de controlar a inflação por meio da aplicação de políticas monetárias restritivas.

Os gastos totais com serviços da dívida pública russa, que em 2013 somaram aproximadamente ₽ 360,3 bilhões, subiram para ₽ 415,6 bilhões em 2014 e ₽ 518,7 bilhões ao final de 2015, um acréscimo de aproximadamente 44% no montante total gasto com serviços da dívida em apenas dois anos.

A dívida pública russa saiu de aproximadamente ₽ 5 trilhões em janeiro de 2013 para ₽ 7,2 trilhões em dezembro de 2015. Adotando o câmbio atual de ₽ 63 por dólar, US$ 79 bilhões e US$ 113,6 bilhões, incremento de 43,8% no estoque da dívida pública no período. Olhando apenas para o período entre o início da política monetária contracionista e o início dos cortes da taxa básica de juros, o incremento da dívida foi da ordem de US$ 23 bilhões.

Dívida Pública Russa
Serviços com dívida pública federal

A inflação brasileira em 2014 ficou em 5,91%, dentro da banda estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A partir de então, a desestruturação política também trouxe ao Brasil um cenário cheio de incertezas, rebaixamento da nota soberana de crédito e, por conseguinte, uma elevação substancial no nível de preços.

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Em dezembro de 2015, a inflação anual ficou em 10,67%, mais de 6% acima da meta do Banco Central do Brasil, que é de 4,5%, e mais de 4% acima do limite máximo permitido, 6,5%.
Para controlar o nível de preços, o Brasil empreendeu política monetária semelhante à vista na Rússia, tal como já foi visto em diversos momentos por aqui.

A taxa básica de juros, que era de 9% em agosto de 2013, subiu para 14,25% até julho de 2015. Neste caso, em especial, cabe um apontamento: a subida da taxa de juros foi acompanhada pela subida da inflação.

Selic e IPCA acumulado

Neste interregno (2014-2016) o Brasil gastou mais de R$ 1,1 trilhão em juros nominais apropriados, sendo R$ 311,4 bilhões em 2014, R$ 501,8 bilhões em 2015 e R$ 295 bilhões até setembro de 2016. Nos mesmos termos da comparação dos gastos com serviços da dívida da Rússia, que aumentaram 44% entre dezembro de 2013 e dezembro de 2015, no Brasil a variação foi superior a 134,6% no mesmo período.

Para efeito de comparação, os pagamentos de juros no Brasil em 2012 e 2013, somados, chegam a R$ 462,7 bilhões, número inferior ao gasto em 2015. O gráfico abaixo mostra a evolução dos juros nominais acumulados em 12 meses entre 2012 e 2016.

Juros Nominais

A dívida pública brasileira saiu de aproximadamente R$ 1,93 bilhão em janeiro de 2013 para R$ 2,79 bilhões em dezembro de 2015. Adotando o câmbio atual, de aproximadamente R$ 3,20 por dólar, a dívida saiu de US$ 602 bilhões para US$ 873 bilhões, um aumento de mais de 45% no estoque da dívida pública bruta. Olhando apenas para o período entre o início da política monetária contracionista e o início dos cortes da taxa básica de juros, o incremento da dívida foi da ordem de US$ 278,6 bilhões.

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Estoque da dívida pública brasileira

Nem todos os incrementos da dívida pública estão ligados diretamente aos gastos direcionados para a política monetária contracionista. Mudanças cambiais, uso de instrumentos de controle da cotação do câmbio por parte do Bacen e problemas no orçamento primário também são importantes elementos que fazem a dívida pública aumentar ou diminuir.

Como ambos os países passaram por maxidesvalorizações cambiais e apresentaram déficits primários relevantes no período em questão, não se faz necessária a pontuação do impacto destes elementos no aumento da dívida pública de ambos os países.

Em suma, o resultado mostra o quão indexada a economia brasileira ainda é e o quão dispendioso pode ser optar por uma política monetária restritiva para controle do nível de preços por aqui. Comparações carregam sempre consigo alguns vícios, valores e medidas incompatíveis, no entanto, é inegável que a política monetária aplicada no Brasil, além de muito mais dispendiosa que a aplicada na Rússia, ainda é altamente questionável. A variação do nível de preços no Brasil, que não superou os 11%, atualmente está em 8,48%. Já a inflação na Rússia, que superou os 16% ao ano, atualmente está em 6,1%.

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