Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Início ruim em 2022
- Volatilidade é a característica mais marcante da classe de ativos
- A inflação não vai desaparecer no futuro próximo e continuará deteriorando os valores das moedas fiduciárias
- Fintech e inflação – Criptos são uma alternativa
- Bitcoin e Ethereum encontrarão fundos – O bull market não acabou
O Federal Reserve abandonou a caracterização da alta da inflação como “transitória” na reunião de dezembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, autoridade monetária dos EUA). Depois que o presidente Biden indicou Powell para seu segundo mandato à frente do banco central americano, o Fed acelerou a redução dos estímulos em vista dos últimos dados do índice de preços ao consumidor, abrindo o caminho para uma elevação das taxas de juros na reunião de março deste ano do Fomc.
Nos primeiros dias de 2022, o banco central dos EUA mostrou-se reticente em reduzir seu balanço. No entanto, a ata de dezembro do Fomc mostra que é possível haver uma mudança do afrouxamento para o aperto da política monetária dos EUA nos próximos meses.
A inflação afeta os valores das moedas fiduciárias, na medida em que deteriora seu poder de compra. O declínio do dólar, euro, libra esterlina, iene e outras moedas fiduciárias que derivam seu valor da fé e do crédito dos governos que as emitem não é imediatamente apreensível ao se medir uma divisa contra a outra. A “fiats”, no entanto, perderam valor quando as medimos contra as ações, commodities, imóveis e criptomoedas em 2021.
As criptomoedas são uma alternativa a outros meios de troca e adotam uma ideologia econômica libertária. Enquanto os bancos centrais, tesouros nacionais, autoridades monetárias e governos podem expandir ou contrair a política monetária de forma a impactar a oferta de dinheiro, com as criptomoedas é diferente. Seu valor depende da oferta e demanda estabelecidas pelos participantes do mercado, sem qualquer interferência governamental. Por isso, as pressões inflacionárias provavelmente provocaram o aumento de mais de 180% na capitalização da classe de ativos em 2021.
Bull markets raramente se movem em linha reta, e suas correções podem ser brutais. Em um mercado volátil, como o das criptos, a ação dos preços não foi nada menos que alucinante, e o criptomercado iniciou 2022 em tom baixista.
Início ruim em 2022
As principais criptomoedas e sua capitalização de mercado começaram a cair em 10 de novembro e continuaram em baixa até agora em 2022.
Fonte: CQG
Como ilustra o gráfico, o Bitcoin futuro registrou a formação de um padrão de reversão baixista em 10 de novembro, quando seu preço tocou a máxima de US$69.820 e fechou abaixo da mínima do dia anterior. Em 31 de dezembro de 2021, o mercado futuro fechou a US$46.275 e, no fim da semana passada, a criptomoeda líder estava a US$43.330, 37,9% abaixo da máxima de 10 de novembro.
O Ethereum futuro alcançou a máxima de US$4.972,75 em 10 de novembro e registrou o mesmo padrão baixista, fechando 2021 a US$3.685. A US$3.340 em 14 de janeiro, o Ethereum estava 32,8% abaixo do pico recorde de meados de novembro.
Já a capitalização das criptomoedas era de US$2,166 trilhões em 31 de dezembro e estava a US$2,091 trilhões em 17 de janeiro, um declínio de 3,5% até agora em 2022. O Bitcoin e o Ethereum acumulavam queda de 6,4% e 9,4%, respectivamente em 2022. As criptos líderes tiveram desempenho aquém da classe de ativos até agora no ano, enquanto outros tokens se saíram melhor do que as duas criptomoedas dominantes.
Volatilidade é a característica mais marcante da classe de ativos
Os participantes do mercado estão acostumados com as fortes oscilações de preços das criptomoedas, cujo valor pode dobrar, triplicar e também cair pela metade.
Fonte: CQG
O gráfico semanal do Bitcoin futuro mostra que sua volatilidade histórica ficou entre 42,57% e 128,50% em 2021. Ao nível de 50,9% em 14 de janeiro, a variação de preços ficou mais perto da mínima do que da máxima desde o início de 2021.
Fonte: CQG
Em fevereiro de 2021, os contratos futuros de Ethereum começaram a ser negociados na CME. Sua volatilidade histórica semanal desde a mínima de 38,92% até a máxima de 149,95% de fevereiro a dezembro de 2021. Ao nível de 49,7% em 14 de janeiro, a volatilidade semanal do Ethereum também estava perto da mínima.
O declínio na variação de preços mostra que as criptos líderes estão se consolidando após os movimentos desde a máxima de 10 de novembro. Embora ambas tenham registrado mínimas inferiores no início de 2022, a ação de preços acalmou-se, com Bitcoin e Ethereum recuperando-se desde os fundos recentes.
A inflação não vai desaparecer no futuro próximo e continuará deteriorando os valores das moedas fiduciárias
Na semana passada, o escritório de estatísticas trabalhistas dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor subiu em dezembro, alcançando 7% em 2021. O núcleo da inflação, que exclui os preços de alimentos e energia, foi de 5,5%. A meta de inflação do Fed é uma média de 2%. O índice de preços ao produtor subiu quase 10% em 2021.
O banco central acelerou a redução da flexibilização quantitativa, que deve se encerrar em março de 2022, abrindo espaço para uma elevação das taxas de juros no país. Além disso, o Fed discutiu reduzir seu balanço através do vencimento dos títulos de dívida em seu portfólio. Essa ação faria com que o banco central passasse a fazer um aperto quantitativo, incentivando taxas de juros mais elevadas ao longo da curva a termo.
A previsão de taxa de juros mais recente do Fomc é de 0,90% em 2022 e 1,60% em 2023. Mesmo que a inflação comece a arrefecer, o que não é certo, os juros reais de curto prazo permanecerão negativos ao longo de 2022 e 2023. A taxa real de juros considera seu patamar atual menos a inflação.
A inflação deteriora o poder aquisitivo do dinheiro. Nas últimas duas décadas, a liquidez dos bancos centrais, os estímulos governamentais e os problemas envolvendo as cadeias de fornecimento provocados pela pandemia acenderam um pavio inflacionário que será difícil apagar. Além disso, a escassez de mão de obra está forçando aumentos salariais nos EUA e estimulando um incêndio inflacionário.
Fintech e inflação – Criptos são uma alternativa
A revolução da fintech aumentou a velocidade e a eficiência do sistema bancário e financeiro. A evolução da fintech inclui os novos meios de troca, as criptomoedas. Os governos são instituições conhecidas por se mover lentamente. A resposta do Fed à inflação é um exemplo perfeito de reação atrasada a um evento econômico. As pessoas tendem a votar com seus bolsos e carteiras. A fé nas instituições governamentais caiu com a alta da inflação nos últimos meses.
A fintech resolve aspectos de velocidade e eficiência. Por isso, não é uma surpresa que as criptomoedas tenham se tornado instrumentos sensíveis à inflação. Desde que os governos não interfiram nos mercados, o valor é uma função da atividade de compra e venda dos seus participantes. Além disso, ao contrário dos governos, que podem emitir moedas fiduciárias a seu bel prazer, a oferta de criptos só aumenta através da mineração.
Com a inflação em seu patamar mais alto em quatro décadas, os calores das criptomoedas provavelmente encontrarão um fundo e retomarão sua trajetória ascendente.
Bitcoin e Ethereum encontrarão fundos – O bull market não acabou
Bull markets raramente se movem em linha reta, e suas correções podem ser brutais. O declínio do Bitcoin desde quase US$70.000 até menos de US$40.000 por token na mínima mais recente é um exemplo de como as correções podem abalar a fé até mesmo dos “touros” mais devotos.
No entanto, as criptos não são o único ativo a passar por profundas correções em um bull market. O petróleo futuro na Nymex caiu da máxima de US$85,41, no fim de outubro, até a mínima de US$62,43, no início de dezembro, uma queda de 26,9% em seis semanas. O cobre futuro na Comex foi negociado na máxima de US$4,8985 por libra-peso em maio de 2021 e caiu até a mínima de US$3,9615 em agosto, um declínio de 19,1% em três meses. A madeira serrada futura saiu de US$1711,20, em maio de 2021, até a mínima de US$488 por 1000 pés-tábua em agosto, uma correção de 71,5%.
Os preços das commodities se recuperaram desde as mínimas e eu suspeito que o Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas seguirão o mesmo caminho. A inflação deteriora o poder de compra do dinheiro, e medimos o valor das criptomoedas e outros ativos em termos de dólares. A inflação elevada e as taxas de juros reais negativas devem levar à continuidade do padrão de mínimas e máximas ascendentes nas criptomoedas e diversas outras classes de ativos.