O mercado de câmbio tende a ficar praticamente refém da intervenção cotidiana do BC, e mesmo esta tende a deixar evidente gradualmente que a demanda está em transição do segmento de “hedge” para efetiva no segmento à vista, onde a requisição é por moeda “spot”.
Os fluxos de capitais estrangeiros especulativos que aliviaram a situação do fluxo cambial no 1º quadrimestre deste ano, até certo ponto absolutamente descolados do cenário adverso da economia brasileira e suas perspectivas, mas valendo-se da oportunidade de ganhos fáceis e rápidos na BOVESPA, que revelava baixos preços das ações e que ainda teve o incremento do crescimento das pesquisas desfavoráveis ao governo, e, em operações de arbitragens favorecidas pelo expressivo juro pago pelo país, sinaliza que já pode estar em movimento de reversão.
A BOVESPA BVSP já não mostrou sensibilidade em relação à mais recente pesquisa eleitoral, parece que esta repercussão está fragilizada ante o movimento reversivo dos capitais especulativos, que estão deixando o país com expressivos ganhos e já não encontram nas ações brasileiras motivos para retornar.
Os ingressos para renda fixa já não se fazem suficientes para cobrir o fluxo de saída financeira que já revelou no fechamento de abril saldo negativo.
O BC, ao que tudo indica, reduziu à metade a pretensão de rolagem do lote de contratos de “swaps cambiais” vincendo em 2 de junho de US$ 9,6 Bi, e ainda assim tudo indica que precisará reduzir ainda mais ou simplesmente não rolar o que falta pois está motivando a apreciação do real totalmente afastada dos fundamentos.
Este movimento do BC agrada aos bancos que estão vendidos no mercado à vista e futuro, mas se torna uma das tantas incertezas que já são evidentes no país e que afasta até mesmo o capital especulativo do país.
No nosso entender a tendência neste mês de maio é de ajuste no mercado de câmbio, que deverá alinhar-se mais com a realidade do país presente e em perspectiva do setor externo.
O preço atual pode colaborar com o governo para a contenção da inflação e até satisfazer os bancos que tem se prestado a serem os agentes da liquidez substituindo a autoridade monetária, da qual recebe linhas de financiamento em moeda estrangeiro para ancoragem, mas deixa o país sujeito à mudança abrupta do preço da moeda americana, que poderia determinar relevante impacto na economia pelo efeito inflacionário que causaria, afetando os preços relativos de forma intensa, a ponto de anular os eventuais ganhos frente a inflação ao longo do seu represamento.
Por isso, consideramos que a oferta de rolagem e até o programa de oferta fixa diária precisam ser readequados pelo BC. Há excessos no presente que recomendam a redução ainda maior da rolagem, e sugerem que o governo a partir do meio do ano reavalie o programa de oferta diária de 4.000 contratos.
A previsibilidade nunca é recomendável no mercado de câmbio. Assim sendo, a ação da autoridade monetária deverá ser sempre compatível com o cenário presente, o que nos parece mais técnico e estratégico.
Parece-nos distante a possibilidade do governo conseguir grande sucesso contra a inflação, sendo mais provável que persista no entorno do piso superior.
As perspectivas até o final deste ano sugerem eventos e momentos desfavoráveis ao país no setor externo, com clara tendência sempre de saída forte de capitais do país e volume de ingressos abaixo das projeções.
O déficit em transações correntes versus IED´s deve ter uma resultante liquida pior do que em 2013, e é bastante provável que o país registre saldo pífio ou negativo na balança comercial.
As projeções para o dólar ao final do persistem entre R$ 2,45 a R$ 2,60, ou seja uma variação entre 10% a pouco mais de 15% em relação ao preço atual, e precisa ser diluída em praticamente 7 meses.
Como temos destacado, entendemos que maio seja o mês da transição para a reversão dos fluxos no mercado de câmbio.
É necessário ficar atento.