🐂 Nem todas as ações ganham no rali. Lista do ProPicks deste mês tem 5 ações subindo +20% Saiba mais

Cabo de Guerra

Publicado 22.04.2015, 15:07
SB
-

O mercado de açúcar em NY encerrou o pregão de sexta-feira com alta expressiva na semana de 41 pontos no vencimento maio/2015 e 40 pontos no vencimento julho/2015, cotados respectivamente a 13.24 e 13.18 centavos de dólar por libra-peso. A inversão de maio/2015 em relação ao julho/2015 no início da moagem no Centro-Sul quando, em tese, mais açúcar estaria disponível para o mercado, demonstra a percepção de que a história não é bem essa. Os detentores de posições vendidas a descoberto tiveram que recomprá-las fortalecendo o spread maio/julho. A maior demanda por etanol nesse primeiro trimestre do ano faz com que as usinas priorizem a produção de etanol e diminuam a disponibilidade de açúcar, cujo retorno é menor. O mercado internacional reage com o fortalecimento do spread. Vai persistir? Depende. Muito se fala sobre uma volumosa entrega de açúcar em NY contra o vencimento maio/2015 que ocorre dia 30 de abril. Vamos ver como se comporta o mercado até lá.

Os fundos cobriram aproximadamente 26.000 contratos dos mais de 110.000 que estavam vendidos a descoberto. Devem ter embolsado alguma coisa ao redor de US$ 100 milhões. Volume expressivo de cobertura considerando que o mercado subiu menos de 100 pontos. Para haver um pânico que estimulasse os fundos a liquidar suas posições haveria necessidade do mercado ultrapassar os 14 centavos de dólar por libra-peso base maio/2015, pelo menos. Não há nada no horizonte para isso.

A CONAB divulgou a estimativa de safra de cana no Centro-Sul como sendo de 592.7 milhões de toneladas, com uma produção de 33.7 milhões de toneladas de açúcar e 26.9 bilhões de litros de etanol. Um número extremamente baixista. A estimativa da Archer divulgada em fevereiro é de 573.7 milhões de toneladas de cana, divididas em 32.2 milhões de toneladas de açúcar e 26.3 bilhões de litros de etanol. As notícias vindas da Índia indicam que aquele país deve produzir 27 milhões de toneladas de açúcar na safra 2015/2016 que se inicia em outubro. Nada animador para o mercado.

Em recente documento divulgado pelo Ministério das Minas e Energia (MME), o governo estima que o consumo de combustíveis Ciclo Otto, em 2023 será de 85 bilhões de litros. O número é abaixo do estudo da Archer de 2014, que apontava um consumo estimado de 90 bilhões de litros. Talvez o MME seja mais conservador para não mostrar o tamanho real do buraco que temos nesse setor. Segundo o MME, em 2023 a oferta de etanol será de 30 bilhões de litros, praticamente inalterada levando em consideração os números de hoje, mesmo porque o investimento no setor está próximo de zero. O MME estima também que a oferta de gasolina nacional fique estancada em 29 bilhões de litros. Logo, deduz-se que se a demanda for de 85 bilhões como eles divulgam e a oferta doméstica de etanol e gasolina somadas é de 59 bilhões de litros, temos um déficit de oferta 26 bilhões de litros. De onde virão? Da produção de etanol domesticamente (mais investimentos necessários) ou da importação de etanol de milho e/ou de gasolina?

Para nós da Archer, a demanda potencial interna por gasolina A, em 2023, será de 48.4 bilhões de litros e a de etanol 41.8 bilhões de litros. O tamanho do buraco, usando a oferta publicada pelo MME, é de 31 bilhões de litros que, na nossa conta, representam 19 bilhões de litros de gasolina e 12 bilhões de litros de etanol.

O fechamento do mercado de sexta-feira aponta que o açúcar em NY convertido em reais chegou a pouco mais de 925 reais por tonelada. Os meses seguintes de vencimento, julho e outubro de 2015, fecharam respetivamente a R$ 918 e 942 por tonelada, a valor presente descontado o custo do dinheiro. Pelas movimentações internas de etanol e a percepção de melhora na demanda interna pelo combustível, acreditamos que o açúcar pode negociar próximo dos R$ 970 por tonelada no segundo semestre do ano. Se o dólar voltar a 2,9000 isso representa hoje o outubro/2015 negociando em NY a 14.75 centavos de dólar por libra-peso; se o dólar negociar a 3,2000 significa NY a 13.25 centavos de dólar por libra-peso.

Duas correntes fortes nesse mercado. Gente que acredita que ele vai quebrar os 11 centavos de dólar por libra-peso e que ainda não negociou suas mínimas; que as coisas vão piorar muito antes de melhorar e, aqueles que acreditam que as mínimas já foram vistas e o mercado tem espaço para subir. De um lado, aqueles que acreditam que a Tailândia vai despejar grande quantidade de açúcar no mercado internacional, independentemente do seu custo alto de produção e que também, antecipando a entrada do açúcar europeu no mundo a partir de 2017, tudo será um caos. Do outro, aqueles que olham a falta de investimentos no setor do mais importante produtor de açúcar do mundo, cujo mercado interno de combustível continua demandando uma quantidade de cana que a produção não será capaz de suprir a menos que tire mais açúcar do sistema. É um cabo de guerra.

Boa semana a todos

Arnaldo Luiz Corrêa

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.