A economia chinesa dá sinais de recuperação após os estímulos do governo e alguns indicadores, como a melhora das exportações no país, serviram de pano de fundo para uma semana de alta nas bolsas de ações.
Nos Estados Unidos os três principais índices acionários atingiram uma nova máxima no ano ajudados parcialmente pela inflação mais baixa do que esperado e alimentando a expectativa dos juros não subirem até o fim de 2016.
O dólar americano esboçou uma reação, reflexo de cobertura de posição vendida dos agentes desde o tom do FED mais ameno quanto à normalização dos juros. Ainda assim as commodities conseguiram trabalhar em alta com os investidores animados com as notícias da China e também um eventual acordo da OPEP e Rússia sobre o congelamento da produção de petróleo.
O café teve uma performance positiva com uma leve tomada de lucros dos vendidos que levou Nova Iorque para cima da média-móvel de cem dias e manteve Londres dentro de um canal de alta. A apreciação do Real e do Peso Colombiano contribuiu para distanciar um pouco as vendas das duas principais origens do arábica. No robusta o movimento foi mais errático influenciado por previsões de chuvas esparsas no Vietnã.
É relevante o impacto da moeda brasileira no contrato “C”, pois ao convertermos o preço da bolsa para centavos de real por libra peso tivemos as cotações na segunda-feira e quinta-feira batendo os menores níveis desde agosto de 2015. A confirmação do impeachment da Dilma no domingo pela câmara se levar o Real para os 3.20 / 3.25, previstos por alguns economistas, pode dar folego para o terminal.
No mercado físico o fluxo continua pequeno enquanto os produtores brasileiros se preparam para a colheita. No FOB há algum interesse de compra, mas a diferenciais não encaixam com a reposição. O spot teve alguns negócios pontuais.
As exportações brasileiras de março totalizaram 2,996,549 sacas mantendo o recorde de embarques no atual ano-safra. O Vietnã embarcou no mês 3,019,883 sacas, 52% acima de fevereiro e acumulando no primeiro trimestre deste ano 7,959,667 sacas, volume 30% superior do que o mesmo período anterior.
A mitaca Colombiana tem deixado os negociadores preocupados em função do baixo rendimento e da qualidade inferior, deixando apertado os diferenciais de qualidades mais finas. Parece estar virando consenso que a produção pode sofrer uma perda de 500 mil a 1 milhão de sacas por causa da produtividade e do tamanho dos grãos. Por outro lado as chuvas tranquilizaram as conversas de seca.
Um respeitado banco de commodities atualizou seus números de produção e consumo mundial. Segundo o Rabobank o ciclo 16/17 terá um déficit de 700 mil sacas, estimando a safra brasileira em 52.6 milhões de sacas e uma queda na produção da Indonésia de 10.4 milhões de sacas (2.1 milhões menos do que o ano anterior). A demanda total estimada é de 154.7 milhões de sacas, 1.71% a mais do que em 15/16.
Os estoques de café nos Estados Unidos, divulgados pelo GCA, aumentaram em 159,691 sacas no mês passado totalizando 6,028,979 sacas. Março é o mês que o inventário historicamente mais sobe – em média 140 mil sacas considerando os últimos vinte e seis anos.
O contrato de maio de Nova Iorque entra no período de entrega na quinta-feira dia 21 de abril, o que inflou os volumes diários negociados nas últimas duas semanas por causa da rolagem das posições.
O gráfico tem uma formação técnica neutra, com pontos de compra sendo indicados a partir do rompimento da resistência de US$ 127.00 centavos (do contrato de julho) e ponto de venda a partir da quebra do suporte a US$ 121.80 centavos por libra.
Se a reunião em Doha dos produtores de petróleo descartar o esperado congelamento na produção do produto, o WTI pode sofrer uma queda forte e acabar levando outras commodities para baixo.
Já o impeachment passando e de fato provocando uma valorização do real (se o Banco Central permitir) deve trazer compras para o café ajudando a visita do nível de US$ 130.00 centavos por libra.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,