Mais uma semana tensa, com os “vendidos” perdendo a batalha. O grande volume das opções de venda “put*” em aberto com vencimento na última sexta-feira deixou o mercado preocupado. Com quase +25.000 lotes em aberto entre os “strikes*” +220 / + 190 centavos de dólar por libra-peso o estrago poderia ter sido enorme. Nos 2 primeiros pregões da semana os “vendidos” tentaram jogar os preços para baixo. Os dias começavam caindo -200/-300 pontos e terminavam subindo +500/+800 pontos respectivamente entre os “lows” e “highs” do dia. Os fundos + especuladores “comprados” voltaram às compras salvando o mercado. Segundo a última posição do CFTC*, aumentaram a posição “comprada” em +2.639 lotes para +16.993 lotes.
As opções de venda “put*” nos strikes +210 / +205 centavos de dólar por libra-peso (nas 2 primeiras sessões da semana) chegaram a valorizar +200%/+300% com “alguns vendidos” nas opções procurando zerar suas posições a qualquer preço com medo do mercado derreter. Da mesma forma, os que estavam vendidos nas opções de compra “call*” nos strikes +210/+215/+220/+225 centavos de dólar por libra-peso foram surpreendidos já a partir da quarta-feira e pegos no “contra-pé” nos últimos 3 pregões da semana! Essas opções de compra “call*” que estavam “baratas” na semana passada chegaram a triplicar/quintuplicar de valor!
Os “comprados” e o mercado foram salvos com a sinalização da inflação americana vindo mais baixo do que o esperado pelo mercado (“A inflação para o consumidor ainda sobe 8,5% no acumulado em 12 meses, uma desaceleração em relação a junho (+9,1%). Os dados vieram melhor do que o esperado pelo mercado, pois o consenso era de uma alta de 0,2% na base mensal e 8,7% na anua”).
Os dados americanos publicados na quarta-feira pela manhã foram o estopim que o mercado estava esperando. O R$ chegou a valorizar +2,13% (chegou a negociar @ 5,04 R$/US$) e o reflexo no café foi imediato! Já na quarta-feira o Set-22 chegou a subir +900 pontos e terminou a semana com praticamente +2.000 pontos! Após atingir a máxima da semana @ 227,70 centavos de dólar por libra-peso o Set-22 terminou a primeira quinzena do mês de agosto @ 226,60 centavos de dólar por libra-peso.
E agora?
Com a inflação mundial “sob controle” a expectativa é para os bancos centrais começarem a reduzir a intensidade do aumento dos juros nas suas políticas monetária e fiscal e dar um “refresco” para as principais economias mundiais. O banco central brasileiro já sinalizou que a Selic* deverá terminar o ano nos +13,75% ao ano e o mercado já aposta que em 2023 deverá estar abaixo dos +10,00% ao ano. O petróleo voltou a terminar a semana abaixo dos +100 US$/barril. A gasolina americana já voltou a ser vendida abaixo dos +4,50 US$/galão (após chegar a negociar acima dos +5,50 US$/galão em alguns estados americanos). No Brasil a Petrobras (BVMF:PETR4) voltou a reduzir o preço da gasolina e diesel. No mês de julho o Brasil já teve uma deflação de -0,68% (reflexo das excelentes medidas fiscal/monetária que vem sendo implementadas pelo Ministro da Economia Paulo Guedes – claro que sempre tem os “negativos de plantão” e os que “odeiam” o ministro e suas ações. Mas ainda somos livres para expor nossas opiniões).
Com combustível mais barato (não só no Brasil mas também em outros países) o mercado agora espera ansioso a volta dos consumidores às compras. O consumo mundial para o café continua com estimativa de crescimento ao redor dos +2,00% ao ano.
A safra brasileira 22/23 continua uma incógnita. Na quinta-feira o IBGE publicou nova atualização da sua expectativa de safra, com um “aumento” estimado em +0,80% para +53,20 milhões de sacas (sendo +35,10 milhões de sacas para o café tipo arábica e +18,10 milhões de sacas para o café tipo robusta). Conab* continua com +53,40 milhões de sacas (deverá publicar nova atualização em breve). Nessa semana o superintendente da Cooperativa Cooxupé (sr. Lucio Dias) gravou uma entrevista confirmando “excesso de otimismo” na safra 22/23 e que o mercado em breve ainda vai “chegar a conclusão dos fatos reais”!
A safra do café tipo robusta já terminou e a safra do café tipo arábica já está praticamente finalizada (+90%). As notícias vindas do campo para o café tipo arábica continuam indicando quebra na colheita acima das estimativas e rendimentos abaixo do esperado. Apesar da qualidade estar vindo acima do esperado o mercado mundial necessita de quantidade para abastecer seus mercados! Se a qualidade está melhor do que o esperado, então as cooperativas e tradings já deveriam já estar pagando um prêmio para esses lotes/produtores – pagando um prêmio e não esmola!
Algumas lavouras do café tipo arábica já apresentaram desenvolvimento do botão floral antes da época e estão sendo colhidas junto com o saldo do café da safra 22/23. Será que a safra 23/24 vai ser “cheia” como o mercado já está antecipando?
Em julho-22, segundo a Cecafé, o Brasil exportou +2.476.437 sacas: -21,24% comparado com junho-22 e -14,88% comparando com julho-21! Para agosto-22 a expectativa está entre +2,80/+3,00 milhões de sacas. Considerando um estoque de passagem em +4,00 milhões de sacas, uma safra brasileira 22/23 entre +50,00/+55,00 milhões de sacas, e um consumo interno em +22,00 milhões de sacas, então o Brasil poderá exportar entre +30,00/+33,00 milhões de sacas X +45,60 milhões de sacas na safra +20/21 e +39,20 na safra 21/22!
Colômbia segue reportando problemas na sua safra; idem no Vietnam. USDA* já revisando a safra do Vietnam para +31,50 milhões de sacas. Estoques certificados terminaram a semana em +570.000 sacas (na sexta feira “apareceram” +230.000 sacas pendentes aguardando nova certificação).
Ao nosso ver, o mercado interno brasileiro está nas “mãos dos produtores” brasileiros! Se tiverem calma e venderem “da mão para a boca” e em “escala de alta”, em breve veremos o café arábica negociando acima dos +1.600 R$/saca e o café tipo robusta acima dos +1.000 R$/saca.
No curto prazo tanto o Set-22 quanto o Dez-22 fecharam acima da média móvel dos 200 dias. O indicador “estocástico’ terminou a semana na posição “sobre comprado”. Próxima semana será importante o Set-22 “segurar” nos +221 / +216 centavos de dólar por libra-peso. Se conseguir ficar acima da média-móvel dos 200 dias @ 225 centavos de dólar por libra-peso poderemos ver novas compras dos fundos + especuladores e indústria levando o Set-22 para buscar os +240 / +256 centavos de dólar por libra-peso.
As eleições estão chegando. Se o R$ ajudar (valorizando) poderemos ver NY negociando nos +250/+280 centavos de dólar por libra-peso em breve. Em uma simulação “básica”, com o R$ valorizando para 4,70 R$/US$ (e considerando uma correlação em 1×1) então NY já iria para +245 centavos de dólar por libra-peso.
Sugestão para a safra 23/24: aguardar para realizar vendas futuras / travas acima dos R$ 1.500 / saca (sempre com proteção/seguro contra eventual quebra na produção). Acompanhar o mercado de perto e se o Set-22 e/ou Dez-22 buscar os +250/+300 centavos de dólar por libra-peso aproveitar a oportunidade para realizar a compra de proteção contra a safra 23/24 e 24/25 contra o vencimento Set-23 comprando opções de venda “put*” e/ou estruturas via opções “put-spreads* vendendo call* e ou call-spreads*”.
A safra 23/24 ainda está muito longe e ainda teremos muita volatilidade até a próxima safra (as chuvas precisam voltar, a florada para a próxima safra 23/24 vingar, e novamente “não gear” durante próximo inverno junho-agosto-23).
Acredito que os fundamentos seguem positivos para o médio prazo (agosto-22 – maio-23).
Ótima semana a todos!