ARÁBICA
O mês de maio foi marcado pela forte variação dos preços do café arábica. Após o expressivo recuo no início do mês, com as cotações operando nos menores patamares reais desde novembro de 2013 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abril/19), houve forte recuperação nos preços domésticos no final do período. Essa elevação foi reflexo da alta expressiva dos futuros da variedade, sobretudo na última semana do mês: em apenas cinco dias (de 27 a 31 de maio), o contrato Julho/19 ganhou 855 pontos, finalizando a sexta-feira, 31, a 104,60 dólar por libra-peso, o maior nível desde fevereiro/19. Vale ressaltar que a partir do dia 28 de maio, as cotações domésticas do arábica voltaram a fechar acima dos R$ 400/sc, retornando aos patamares de fevereiro deste ano. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica, tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 389,03/saca de 60 kg em maio, alta de 1,2% em relação à de abril. Porém, em comparação ao mesmo período de 2018, caiu expressivos 19%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abri/19).
No cenário externo, o ganho externo no final de maio, por sua vez, esteve ligado a movimentos técnicos, à desvalorização do dólar frente ao Real e a preocupações com o clima mais frio e úmido e com a consequente qualidade dos novos cafés no Brasil. Além das diversas floradas em 2018, que resultaram em maturação desuniforme nos cafezais, as recentes chuvas nas regiões cafeeiras de arábica levaram à queda de grãos e atingiram os cafés nos terreiros, contexto que pode reduzir a qualidade de bebida e o aspecto da temporada 2019/20.
A liquidez também melhorou em maio. Negócios pontuais ocorreram durante todo o mês, mas, após as altas das cotações na última semana, houve grande reação por parte de agentes. Um volume considerável de negócios foi fechado nos últimos dias do mês, tanto no mercado físico quanto no futuro (para os anos de 2020 e 2021, especialmente). Diante desse quadro, agentes indicam redução do volume remanescente de café da safra 2018/19. Segundo levantamento do Cepea, em maio, a comercialização da safra 2018/19 foi de 80 a 95% do valor total produzido.
Dentre as regiões, o Noroeste do Paraná segue com o maior percentual comercializado da safra 2018/19, com cerca de 90 a 95% do total produzido, de acordo com dados do Cepea. Na Mogiana (SP), esse volume é de 80 a 95% e na Zona da Mata (MG), de 80 a 90%. Em Garça (SP), no Cerrado e Sul Mineiro, colaboradores apontam que o volume vendido corresponde de 80 a 85% da safra.
SAFRA 2019/20 – As menores temperaturas, que atrasaram o amadurecimento dos grãos ainda verdes, e as precipitações, que dificultaram a entrada de trabalhadores e maquinários no campo, atrapalharam o andamento da colheita da safra 2019/20 em maio. Apenas nas últimas semanas do mês, os trabalhos ganharam ritmo – a região mais adiantada foi Garça (SP), onde a colheita variou de 20 a 30% do total. No Noroeste do Paraná, os trabalhos estiveram próximos dos 25%, segundo agentes consultados pelo Cepea. Na Zona da Mata (MG), o volume foi de 20%. Na Mogiana (SP), Sul e Cerrado Mineiro, de forma geral, agentes consultados pelo Cepea indicam que os trabalhos se aproximaram dos 10%.
ROBUSTA
Os preços do café robusta oscilaram no correr de maio. No início do mês, os valores caíram, voltando aos patamares reais de novembro/13 (foram deflacionados pelo IGP-DI abr/19), pressionados pela queda externa e pela maior presença de vendedores no spot, que retornaram ao mercado a fim de se capitalizarem para a colheita. No final de maio, por outro lado, as cotações subiram, por causa da recuperação externa, mas não o suficiente para que a média mensal ficasse superior à do mês anterior. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, registrou queda de 3,1% frente a abril, a R$ 279,44. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 269,83/sc, baixa de 3,1% no mesmo comparativo. Ambas as médias são, respectivamente, 21,3% e 22% inferiores às médias de maio do ano passado (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI abr/19).
No cenário externo, as cotações finalizaram maio em alta, influenciadas pela desvalorização do dólar e por preocupações quanto ao clima no Brasil e à saída de cafeicultores vietnamitas do setor. Segundo portais internacionais de notícias, os menores preços do robusta nos últimos meses levaram à mudança de produtores de café para culturas como abacate e durião.
O contrato Julho/19 do robusta, negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), fechou a US$ 1.478,00/tonelada no dia 31 de maio, avanço de 5% na comparação com o último dia útil de abril.
SAFRA 2019/20 - A colheita da safra 2019/20 segue sem grandes problemas para o robusta. Segundo agentes consultados pelo Cepea, os trabalhos no Espírito Santo avançavam para os 35 a 50% do volume total até a última semana de maio. Já em Rondônia, variaram conforme as regiões, sendo que as mais “atrasadas” estavam com cerca de 30 a 40% do volume colhido, enquanto nas outras, esse percentual já atinge os 70 a 75%. Poucas chuvas foram registradas nas regiões de robusta, sendo que a qualidade dos primeiros lotes a chegarem no mercado tem sido satisfatória, diferente do café arábica.
Com a intensificação da colheita, a liquidez do mercado interno de robusta melhorou em maio. Negócios foram fechados durante todo o mês, especialmente nas últimas semanas, devido à maior demanda e à elevação das cotações. Enquanto em Rondônia colaboradores apontam que não há quantidade significativa de café remanescente, no Espírito Santo, o volume está próximo de 80 a 95% da safra.