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Acertar o melhor momento de entrar em um mercado nunca é tarefa fácil, seja na compra, durante correções, ou na venda, após disparadas.
O que ocorre geralmente é que muitos investidores chegam tarde à festa, abrindo compra quando o potencial de queda ainda é grande ou vendendo quando o pico ainda não foi tocado.
Isso nos leva à seguinte questão em relação ao café arábica: depois das máximas de sete anos desta semana, ainda vale a pena comprá-lo?
Assim como em qualquer mercado, os fundamentos e aspectos técnicos do arábica apresentam fortes argumentos em ambas as pontas. Mas, de maneira geral, a narrativa é positiva, indicando que ainda pode haver pernadas de alta capazes de gerar mais ganhos para quem avalia uma compra neste momento.
Gráficos: cortesia de skcharting.com
Como sugerem diversas reportagens, o Brasil, maior produtor do arábica, e o Vietnã, principal fornecedor do robusta, outra importante variante do café, estão enfrentando diversos problemas para abastecer o mercado atualmente.
Greve de caminhoneiros e outros gargalos logísticos, além de condições climáticas ruins e da disparada dos custos dos fertilizantes estão atrasando as entregas mundiais dos grãos de café nesses dois países.
“Caminhoneiros estão cruzando os braços no Brasil, intensificando os problemas logísticos para exportação enfrentados pelo país”, afirmou Jack Scoville, analista-chefe do Price Futures Group. de Chicago, ao Investing.com.
Scoville disse ainda:
“A falta de café disponível para entrega nos contratos futuros de robusta continua sendo um fator crítico, principalmente para Nova York. Não há contêineres disponíveis no Vietnã para exportar café. Além disso, a Covid também voltou a assombrar o país asiático e pode prejudicar as remessas ao exterior. A produção no Vietnã é estimada em 29 milhões de toneladas neste momento, contra a expectativa anterior de 31 milhões”.
Ele explicou que a safra brasileira seria menor neste ano, em razão de uma geada no início do ano e do clima seco no momento da floração um ano atrás.
Com isso, o arábica acumula alta de 77% no ano, disparando praticamente sem parar desde a cotação de US$1,59 por libra-peso no fim de junho e alcançando US$2,22 neste momento. Já o robusta teve valorização de 65% até agora em 2021, subindo de US$1,34 no fim de março para os atuais US$2,27.
O rali aumenta os custos operacionais de algumas das principais redes mundiais de cafeterias, como Starbucks (NASDAQ:SBUX), Costa Coffee, pertencente à Coca (NYSE:KO), Restaurant Brands International (NYSE:QSR), de propriedade da Tim Hortons, e Peet’s Coffee & Tea (AS:JDEP), as quais dependem desses grãos para oferecer seus produtos. Essas grandes franquias de cafeterias vêm resistindo a repassar essas maiores despesas aos consumidores.
Mesmo assim, a disparada do mercado futuro do café pode gerar custos maiores para donos de pequenos estabelecimentos e mercearias de bairro, intensificando a inflação dos alimentos, no momento em que os preços ao consumidor nos EUA crescem no ritmo mais rápido em 30 anos. O café robusta, em especial, é amplamente usado em bebidas instantâneas, como o Nescafé, da Nestlé (OTC:NSRGY).
Os preços deve continuar em alta, na medida em que os maiores custos logísticos diminuem o lucro dos produtores, exportadores, importadores, torrefadores e varejistas, afirmou Christian Wolthers, presidente da Wolthers Douque, importadora da Flórida cuja família atua no mercado de café brasileiro há décadas.
“Os mercados globais de café continuam em déficit, e consideramos que o setor aproveitará qualquer correção para comprar, diante da perspectiva de maior restrição”, disse Kona Haque, que lidera o departamento de pesquisa da operadora de commodities ED&F Man, em Londres, em entrevista à Bloomberg.
O rali desta semana fez o arábica atingir os picos de 2014 de US$2,2590 por libra-peso, em meio à queda dos estoques certificados e à valorização da moeda brasileira, acabando com os incentivos para vender commodities precificadas em dólar.
Além disso, de acordo com a Bloomberg, projeções iniciais de cultivo no Brasil indicavam que a safra de 2022 ficaria abaixo do último ciclo de alta produtividade em 2020-21. Isso poderia limitar a recomposição de estoques necessários para enfrentar a queda típica na colheita seguinte.
A produção de 2021 do arábica no Brasil sofreu um forte revés após os cafezais serem danificados por uma seca e uma geada. Para que haja recuperação em 2022, as chuvas serão cruciais. O segundo maior fornecedor de arábica, a Colômbia está registrando excesso de chuvas, que está prejudicando a produtividade e elevando o risco de doenças nas plantas. Os dois países respondem por quase três quartos da produção mundial do arábica.
A disparada dos preços dos fertilizantes também reduziu as margens dos produtores, assim como os elevados custos de frete e falta de contêineres para exportação. Isso prejudicou as remessas de milhões de sacas de café do Brasil. O Vietnã também vem enfrentando dificuldades com o aumento das taxas de frete para a oferta do robusta.
Os custos de fertilizantes estão em alta no Brasil, em meio a restrições globais de exportação e demanda aquecida, de acordo com a Bloomberg Intelligence. Países cujas moedas se depreciaram frente ao dólar estão sentindo ainda mais o impacto, como a Costa Rica. Isso tem obrigado os compradores a buscar alternativas, como a África, que vem tentando solucionar parte do problema.
O gráfico técnico sugere que, se o arábica romper US$2,25, pode disparar até o próximo alvo de US$3 por libra-peso, de acordo com Hernando de la Roche, vice-presidente sênior da StoneX Financial Inc., em Miami, em entrevista à Bloomberg no início desta semana. O executivo esclareceu que estão ocorrendo compras relacionadas à expiração de opções e cobertura de posições vendidas.
O analista técnico Sunil Kumar Dixit, contribuidor regular do Investing.com, afirma que o arábica “tem muito espaço para subir” e defende alvos graduais na compra, em vez de uma disparada logo de cara para US$3.
“Tenho ouvido muitos participantes pregando um rompimento sem levar em consideração possíveis consolidações”, disse Dixit.
“A maioria dos rompimentos são seguidos de correções mais profundas. Os mercados tendem a seguir uma lógica contrária à da maioria, e isso pode muito bem acontecer com o duradouro rali do café”.
Dito isso, o estrategista-chefe do site skcharting.com continua bastante otimista com o arábica no curto e médio prazo.
“Em vista do momentum altista, ainda espero um leve relaxamento e suavização do rali, que pode corrigir os preços e retestar a zona de rompimento a US$2,15-2,10 em algum momento. Assim, eu diria que não é tarde demais para entrar no mercado”.
Ele afirmou que um rompimento altista da zona de resistência horizontal estática de US$2,10-2,15 abriria espaço para alvos em US$2,32-2.37.
“A tendência nos gráficos diários e semanais é altista, desde que os preços se firmem acima de US$2,19 e do suporte em US$2,15-2,10.”
“Um estudo cuidadoso dos padrões de preço de longo prazo reflete a força da onda altista, sugerindo zonas de preço maiores em um período mais estendido".
Segundo o analista, é possível que o mercado se estabilize acima de US$2,25-2,35.
“O mercado precisa se consolidar acima dessa região para conseguir alcançar a próxima zona de preços de US$2,64-2,87. Não considero que a marca de US$3 será alcançada no curto prazo".
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.
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