O mercado acionário americano está se aproveitando de um grande rali desde o começo do ano com a posse de Trump. De lá para cá, o índice Dow Jones subiu mais de 6%, passando a marca dos 20.000 pontos em janeiro e 21.000 nos primeiros dias de março, e o S&P 500 também subiu mais de 6% nesse rali. Além disso, alguns setores específicos como os de Healthcare, Technology e Banks subiram substancialmente desde a posse de Trump, assim como o Ouro também sofreu uma grande valorização.
Alguns indicadores desde 03/01/2017:
- Dow Jones Industrial Average +6.28%
- S&P 500 +6.39%
- NASDAQ Composite +8.86%
- NASDAQ Health Care +12.06%
- Dow Jones Banks +6.76%
- SPDR Gold Shares +7.27%
Para onde vai esse dinheiro?
O retorno atrativo do mercado, combinado com o baixo desempenho do dólar fez com que muitos investidores tanto varejo quanto institucionais voltassem a bolsa americana. Observando o destino desses investidores, percebemos uma grande injeção de capital especialmente em produtos low-cost (geralmente ETFs passivos ou indexados). Para se ter uma ideia, os ETFs americanos captaram cerca de US$ 41,9B no mês de janeiro e US$ 46B em fevereiro, somando US$ 87,9B, e quebrando o recorde histórico de captação para os meses de janeiro e fevereiro na indústria de ETFs americana - a média de captação mensal de ETFs no ano passado foi de US$ 14B.
Os ETFs que tiveram maior captação foram os focados em renda variável americana, que aumentaram em US$ 20,4B e tiveram cerca do dobro da captação de ETFs com foco em renda fixa e renda variável internacional. Os únicos ETFs que viram captação negativa foram os que tem como benchmark a moeda americana:
Captação de ETFs americanos (Janeiro/17):
Captação de ETFs americanos (YTD):
Também é notável uma grande captação relativa nos ETFs inversos (aqueles que tentam obter retornos contrários a um índice), que pode servir como um indicador que há investidores com sentimentos bearish, apostando contra o dólar através de produtos como o "PowerShares DB US Dollar Bearish" (UDN), ETF que cresceu mais de 50% nesse início de ano.
Por que ETFs?
Nos últimos anos a exposição a ETFs vem crescendo mundialmente, uma vez que investidores passaram a se posicionar e apostar em tendências dos mercados. Os ETFs não só têm mais liquidez, por serem negociados intradia, mas geralmente também possuem taxas mais baixas que fundos de investimentos tradicionais, dando mais flexibilidade aos investidores, tanto para aproveitar o mercado tanto para fazer hedging. Além disso, muitos investidores institucionais como fundos de pensão e seguradoras tem trocado a gestão ativa pela gestão passiva para obter retornos consistentes, aumentando ainda mais a captação dos ETFs.
"Os ETFs estão sendo usados por uma gama mais diversificada de investidores do que nunca. As instituições estão ajustando sua abordagem de investimento em resposta à dinâmica do mercado cambial, incluindo as atividades dos bancos centrais, a maior volatilidade do mercado em torno de eventos como o Brexit e a eleição nos EUA e os atuais desafios de liquidez", disse Fergus Slinger, co-head de iShares Sales EMEA na BlackRock.
O foco mais amplo dos ETFs faz com que eles sejam atraentes a investidores que querem exposição a determinadas classes de ativos, regiões ou setores, sem ter que assumir o risco específico das empresas. De acordo com dados da corretora americana Charles Schwab, os investidores têm uma probabilidade de 40,1% de perder dinheiro se tiverem cinco ações na carteira, mas esse risco cai para 25,5% se eles possuirem 20 ações, e para 12,9% se aumentarem 40, exemplificando o conceito da diversificação trazida pelos ETFs.
FONTES: etf.com, morningstar.com, cnbc.com, marketwatch.com, investing.com