O “mercado” recebeu as duas principais notícias da semana como “baixistas”. O Dez-24 chegou a cair -2.000 pontos e encerrou a semana @ 257,25 centavos de dólar por libra-peso (máxima / mínima / fechamento respectivamente @ 272,15 / 251,40 / 257,35 centavos de dólar por libra-peso). o R$ voltou a desvalorizar -2,20% e encerrou @ 5,45 R$/US$ (mínima / máxima / fechamento respectivamente 5,40 / 5,5190 / 5,45 R$/US$).
A principal notícia da semana foi a “decisão unilateral” da Comissão Europeia informando que irá propor ao parlamento o adiamento por pelo menos 12 meses para implementar as novas regras da “Lei Antidesmatamento”, que proíbe a comercialização de produtos de áreas desmatadas após 2020.
As pressões dos principais países produtores e dos profissionais que conhecem as características individuais de cada país funcionaram. Como mencionado aqui, essa nova “Lei Antidesmatamento” não respeita as leis individuais de cada país, principalmente do Brasil.
Essa notícia, junto com novas projeções climáticas indicando chuvas entre os dias 03-20 de outubro iniciaram a correção do mercado.
Aparentemente essa prorrogação da implementação da “lei antidesmatamento” criou uma expectativa onde os importadores agora não serão obrigados a “correr” pra acelerar seus embarques para os produtos chegarem em território europeu até no máximo o dia 31 de dezembro-24 Porém, no caso do café (e provavelmente outros produtos) os compromissos logísticos e as compras já estão compromissados e não se pode simplesmente “cancelar” esses compromissos já assumidos.
Segundo os dados da Cecafé, o Brasil deverá exportar em setembro entre 4,20-4,50 milhões de sacas (o fechamento do mês de setembro-24 deverá ser divulgado até o próximo dia 11 de outubro). Para o mês de outubro-24, para os primeiros 4 dias do mês, a projeção supera os 5 milhões de sacas (até o dia 04 de outubro já foram emitidas licenças para exportar 716.162 sacas)! Será que iremos ter logística suficiente para tanto volume? Será que algumas tradings/importadores contrataram novos navios para realizar o embarque em “break bulk”?
O fato é que em algum momento o Brasil irá reduzir drasticamente seu volume mensal exportado. Para a safra 24/25, dependendo da produção estimada para a produção final, o Brasil deverá exportar entre 34 – 42 milhões de sacas! Considerando o consumo interno ainda em 21,50 milhões de sacas x os dados oficiais da Conab* (com uma produção total em 54,79 milhões de sacas) x o “mercado” (projetando 63 milhões de sacas).
Considerando a produção total em 58 milhões de sacas, então o Brasil poderá exportar ao redor dos 37 milhões de sacas!
As chuvas deverão voltar em breve, porém, os estragos já são irreversíveis em muitas lavouras. Quanto será a próxima safra 25/26 voltou a ser a pergunta do “1 milhão de dólares”. Ninguém sabe e qualquer “chute” precisa ser analisado com muito cuidado!
O Dez-24 conseguiu se segurar acima do suporte da média móvel dos 50 dias (247,40 centavos de dólar por libra-peso). Próximas resistências @ 264 e 274 centavos de dólar por libra-peso.
Continuo positivo para o mercado para o médio/longo prazo. Pelas minhas analises / projeções o déficit global para a safra atual 24/25 deverá ficar entre -24/-13 milhões de sacas (como já compartilhado nos “comentários” anteriores.
Porém, muito cuidado com o “cisne negro”!
Como sempre, proteja-se!
Boa semana a todos!