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Commodities nesta Semana: Petróleo Recua com Lockdown na China; Juros Afetam Ouro

Publicado 25.04.2022, 11:09
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A China deve mostrar mais do seu poderio econômico e da sua disposição em combater a Covid nesta semana, aumentando a pressão baixista sobre as commodities, em especial, sobre os preços do petróleo, para a ira da Opep+.

Petróleo diário

O bloqueio de Xangai entra oficialmente em sua quarta semana, sem qualquer sinal de que o centro financeiro e sua cansada população de 28 milhões de habitantes sairão em breve das restrições governamentais. Com isso, os analistas esperam mais uma queda de demanda de energia, devido à mobilidade restrita na cidade.

Com o início de mais uma semana de negociações na Ásia, o barril de West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova York, estava abaixo de US$100, mostrando sinais de que poderia recuar mais em vista das sérias preocupações com a demanda. O prolongado bloqueio da segunda maior cidade da segunda maior economia do planeta, que também é a maior importadora de petróleo, sem dúvida inspira maiores preocupações com o consumo.

Durante a janela de negociações em Cingapura, o barril de WTI em Nova York registrava queda de US$3,17, ou 3,1%, a US$98,90. Essa desvalorização se soma ao recuo de 4,5% da semana passada no petróleo norte-americano.

Já o Brent, que é negociado em Londres e serve de referência mundial, permanecia acima de US$100, mas não em nível suficientemente confortável. O Brent registrava queda de US$3,29, 3,1%, a US$102,86, após o tombo de 4,5% da semana passada, tal como o WTI.

Brent diário

A última derrapada do petróleo ocorreu depois que a Bloomberg informou, na semana passada, que a expectativa era que a demanda de gasolina, diesel e combustível de aviação na China caísse 20% em relação a um ano atrás.

Isso equivaleria a uma queda de 1,2 milhão de barris por dia no consumo de petróleo, afirmou a empresa, o que seria o maior impacto na demanda desde os bloqueios de 2020 em Wuhan, cidade chinesa onde a Covid-19 foi registrada pela primeira vez.

Além disso, o FMI e diversos bancos, como UBS, Bank of America (NYSE:BAC), Barclays (LON:BARC) e Nomura, rebaixaram, na semana passada, suas previsões de crescimento para a China em 2022. A projeção do Nomura foi especialmente pessimista, de apenas 3,9%, o que marcaria o ritmo de crescimento mais lento do país desde 1990, sem contar 2020, ano em que a pandemia descarrilou a economia global.

Apesar do crescimento ano a ano de 4,8% no primeiro trimestre, economistas afirmam que era possível ver nuvens de tempestade formando-se no horizonte, com as vendas de varejo, indicador-chave de saúde econômica, caindo 3,5% em março, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Mas muitos em Xangai também estavam se opondo à notória reputação de Pequim de espalhar desinformação durante os dois danos de pandemia, bem como à sua obsessão por sigilo e ao seu desejo de controlar a narrativa a qualquer custo.

Desde que as restrições em Xangai tiveram início, em 28 de março, as lembranças da China envolta na catástrofe de 2020 pesaram em vários aspectos sobre o sentimento em torno dos preços do petróleo, mesmo com a disputa entre UE e Rússia por causa da Ucrânia deixando pouco espaço para o petróleo se movimentar, a não ser para cima.

O que também gerava consternação em muitos era a determinação do presidente Xi Jinping de aplicar medidas de controle ao vírus muito tempo depois de o resto do mundo já ter deixado a pandemia para trás.

Os números de mortes por Covid no país – abaixo de 40 no fim de semana – não ajudaram a corroborar os argumentos do governo.

Para fins de comparação, a Coreia do Sul, que tem uma taxa de vacinação muito maior, registrou uma taxa de mortalidade de cerca de 0,12% durante a onda mais recente. Aplicando a mesma taxa de fatalidade à China, o número de fatalidades seria algo perto de 660.

Alguns especialistas em saúde citados pela mídia internacional apontaram uma prática antiga das autoridades chinesas de focar nas causas subjacentes das mortes, como câncer e doenças cardíacas. Outros questionam se Pequim estaria intencionalmente distorcendo o cenário, a fim de livrar a cara depois de ter gastado tanto capital político defendendo que sua resposta à pandemia havia sido melhor que a do Ocidente.

Sem dar conta das críticas, a China seguia em frente com sua narrativa no início de uma nova semana.

“O risco de transmissão oculta continua elevado, e a situação é desalentadora”, declarou à imprensa Tian Wei, representante do Comitê do Partido Municipal de Pequim.

Já surgem reportagens mostrando prateleiras vazias nas lojas em Xangai e no seu entorno, com as pessoas começando a estocar itens essenciais, uma prática similar à vista no auge da crise de Covid em 2020.

No distrito de Chaoyang, localizado no leste de Pequim, com uma população de cerca de 3,45 milhões de habitantes, a aplicação de testes foi ampliada. Todos os que moravam ou trabalhavam na região deveriam realizar três testes de Covid-19 esta semana. O distrito também anunciou que havia interrompido aulas presenciais extracurriculares e atividades esportivas.

Tudo isso explica o baque que os preços do petróleo sofriam na segunda-feira.

O fato é que o petróleo não enfrenta apenas o medo de Covid na China. O rebaixamento das previsões de crescimento mundial pelo FMI na semana passada, além da perspectiva de uma elevação agressiva de juros pelo Federal Reserve em 2022, para conter a disparada da inflação nos EUA, também estão pesando sobre o petróleo, bem como sobre outros grandes ativos de risco, como as ações em Wall Street.

Os investidores do petróleo e, particularmente, a Opep+, aliança global de exportadores petrolíferos, aponta a próxima temporada de viagens automotivas de verão nos EUA, a guerra na Ucrânia e a ameaça cada vez maior de o Ocidente banir o petróleo russo em determinado momento como fatores que irão manter a oferta mundial em níveis precariamente baixos.

A Rússia é a maior fornecedora de gás para a Europa e a segunda maior exportadora de petróleo, após a Arábia Saudita.

“A expectativa é que os preços do petróleo não fiquem abaixo de US$90 por barril, devido à perspectiva de a União Europeia banir o petróleo da Rússia”, declarou Hiroyuki Kikukawa, gerente geral de pesquisa da Nissan Securities, em comentários à Reuters.

O Morgan Stanley (NYSE:MS) elevou sua previsão de preços do Brent para o 3º tri em US$10 por barril, para US$130, citando um “déficit cada vez maior” neste ano, devido à baixa oferta da Rússia e do Irã, o que deve compensar os ventos contrários à demanda no curto prazo.

O contrato futuro do ouro para junho na Comex de Nova York caía US$16,35, ou 0,9%, a US$1.917,95 por onça.

Ouro diário

O ouro futuro se desvalorizou 2% na semana passada em um deslize inesperado, após atingir a máxima de US$2003 na segunda-feira.

O metal recuou após o Índice Dólar alcançar uma máxima de mais de dois anos de 101,34 na sexta-feira, enquanto a nota referencial de 10 anos do Tesouro americano se aproximava dos picos registrados em dezembro de 2018.

A liquidação de sexta-feira nas commodities ocorreu por causa do discurso mais duro de autoridades do Fed no início da semana passada, como James Bullard e Mary Daly, que estão à frente das sucursais do Fed em St. Louis e São Francisco, respectivamente. As palavras mais veementes foram ecoadas pelo próprio presidente do banco central americano, Jerome Powell, no fim da semana.

Todos deram indicativos que os juros subiriam 50 pontos-base (pb) na próxima reunião de política monetária do Fed em 4-5 de maio, após uma elevação de apenas 25 pb em março. Bullard chegou inclusive a sugerir uma alta de 75 pb em determinado momento, dizendo que o Fed estava muito atrás da curva no combate à inflação, que não mostrava sinais de arrefecimento em relação às máximas de 40 anos.

“Alguns temem que uma elevação de 50 pb seria a primeira de muitas outras, podendo desacelerar a economia e a demanda petrolífera", ressaltou Phil Flynn, analista de energia do Price Futures Group, em Chicago.

“Não é apenas um ciclo de aperto que está tirando o sono dos operadores, mas também a precificação de uma elevação de 50 pb em setembro pelo Banco Central Europeu”, complementou Flynn.

“O Banco do Japão, por outro lado, deseja manter a flexibilização, mas preocupações com o curso nos EUA e Europa podem forçá-lo a rever sua posição”.

Fawad Razaqzada, analista na City Index, da StoneX, concordou com Fawad. Ele explicou:

“Não ouviremos muitos pronunciamentos das autoridades do Fed nas próximas duas semanas, com a entrada no período de silêncio antes da reunião de 4 de maio do banco central. Mas o dano já foi causado e a mensagem foi transmitida em alto e bom som: a taxa básica de juros nos EUA provavelmente subirá 50 pontos-base nesta reunião”.

Os investidores ficarão de olho nos dados econômicos preliminares do 1º tri nos EUA, na quinta-feira, com o crescimento do Produto Interno Bruto para o período provavelmente ficando em 1,1%, contra 6,9% no 4º tri de 2021, devido aos efeitos da onda de ômicron no início do ano.

Na sexta, será divulgado o índice de despesas com consumo pessoal, indicador de inflação preferencial do Fed. A última leitura desse índice mostrou uma inflação a 6,4% no ano até fevereiro, sua expansão mais rápida em quatro décadas.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

 

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