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Como as locadoras se comportaram na pior crise do Brasil?

Publicado 22.11.2022, 14:13
Atualizado 09.07.2023, 07:32

O Brasil não é para amadores.

Qualquer um que mora no Brasil ou acompanha o país de perto sabe disso.

Ele é aquele aluno nota 5 na escola, que está correndo risco de reprovar de ano e até hoje passou raspando.

Com crises fiscais, pandemia, gastos estratosféricos, já ganhamos a péssima fama de carregar juros a dois dígitos.

E do jeito que estamos indo, devemos voltar a esse patamar.

Com a PEC da Transição sendo apresentada ao Congresso, prometendo o que melhor sabemos prometer no país – gastos –, os juros longos dispararam.

Gráfico apresenta precificação do mercado para a Selic até dezembro/2023 — antes da PEC (linha laranja) e depois da PEC (linha azul).
Precificação do mercado para a Selic até dezembro/2023 — antes da PEC (linha laranja) e depois da PEC (linha azul). Fonte: Bloomberg e Nord Research.

Se antes estávamos esperando uma queda dos juros em meados de 2023 (linha laranja) e a Bolsa estava em festa, essa proposta de rombo no teto veio como um balde de água fria (linha azul).

A consequência dos juros

Com a proposta de gastos exorbitantes, a nossa Bolsa caiu e levou com ela ações maravilhosas.

Entre elas, estavam as locadoras de veículos leves (carros).

Gráfico apresenta variação da cotação de RENT e MOVI.
Variação da cotação de RENT e MOVI. Fonte: Bloomberg.

Movida (BVMF:MOVI3) e Localiza (BVMF:RENT3) são as duas gigantes do setor de locação de carros, que dominam o mercado.

Como são empresas de capital intensivo, para continuar crescendo, comprando carros e fazendo o giro da sua frota, elas tomam dívidas.

É aí que as locadoras se conectam com o nosso governo.

Com maiores gastos do governo, o risco Brasil fica cada vez maior. O mercado prevê uma inflação mais alta e, para controlá-la, o Banco Central faz o que já está acostumado: subir os juros.

Com a alta dos juros, empresas alavancadas, como as nossas queridas locadoras, passam a ter um aumento com as suas despesas financeiras, como já estamos vendo desde os 12 aumentos consecutivos da taxa Selic.

Gráfico apresenta variação da taxa básica de juros – Selic.
Variação da taxa básica de juros – Selic. Fonte: Bloomberg

Você deve estar se perguntando: mas como isso funciona?

Pense assim: se você, querido leitor, toma uma dívida no banco hoje, você possui um custo com essa dívida até o momento em que ela estiver 100% paga – gerando uma despesa financeira.

Se a sua dívida for atrelada à Selic, cada vez que a nossa taxa básica de juros aumentar, seu custo mensal também aumentará. É isso o que acontece com empresas alavancadas.

Charge sobre crédito consignado.
Charge sobre crédito consignado. Fonte: Leovillanova.net

Devemos nos preocupar?

Toda atenção é essencial quando se analisa uma empresa, seja por conta de um aspecto macroeconômico que pode afetar a companhia, seja do próprio negócio.

No sentido macro, as locadoras possuem a grande pedra no sapato com as despesas financeiras aumentando, causada pelo aumento dos juros.

Mas isso está longe de ser uma novidade no país dos juros. Já vimos essa mesma história no passado, na crise Dilma.

Gráfico apresenta variação dos Juros e do Dólar.
Variação dos Juros e do Dólar. Fonte: Bloomberg.

Na época, das locadoras de veículos leves, apenas LCAM e RENT possuíam capital aberto (hoje LCAM foi comprada por RENT), e ambas mostraram resiliência frente à alta dos juros.

LCAM foi um pouco mais impactada no lucro do que RENT, mas isso não impediu a companhia de continuar crescendo, passando bem em relação à crise.

Gráfico apresenta variação do Ebitda e Lucro de LCAM e RENT.
Variação do Ebitda e Lucro de LCAM e RENT. Fonte: Bloomberg.

Hoje, vemos o mesmo impacto nos resultados de Movida (abriu o capital em 2017) e Localiza, ambas com queda do lucro no 3T22.

Seus lucros estão menores, impactados pelo aumento das despesas financeiras, mas ambas continuam focadas no futuro.

Isso é o que importa para nós.

Gráfico apresenta variação do lucro trimestral de RENT3 e MOVI3.
Variação do lucro trimestral de RENT3 e MOVI3. Fonte: Bloomberg.

Movida (MOVI3)

Nada a impede de crescer.

Como uma máquina, a companhia segue com o foco no aumento da sua frota para continuar com o crescimento de suas operações no RAC (aluguel de carros) e GTF (gestão e terceirização de frotas e leasing).

No 3T22, vimos um crescimento de +66% na Receita e +51% no Ebitda, graças ao aumento de +26% na frota total (213 mil carros) e maior eficiência, levando a maiores margens.

Tabela apresenta resultado 3T22.
Resultado 3T22. Fonte: Movida.

Apesar do robusto crescimento nos segmentos de locação, uma maior depreciação (maior valor da frota e acelerado ritmo de normalização dos preços nos seminovos) e maior despesa financeira com a sua alavancagem impactaram o lucro da companhia.

Porém, esse movimento não visualiza alguns pontos importantes.

(1) O cenário de normalização das margens nos Seminovos já era esperado, visto que estava muito acima do normal devido à falta de carros na pandemia, elevando o preço desses veículos.

(2) Movida possui caixa para cobrir suas dívidas até 2025, sendo as demais de longo prazo, o que a deixa em uma situação bem confortável, mesmo negociando a 3,1x Ebitda.

Gráfico apresenta cronograma de endividamento.
Cronograma de endividamento. Fonte: Movida.

Além disso, MOVI se alavanca para fazer o giro da frota e crescer, ou seja, comprar mais carros – ativos tangíveis que podem ser vendidos em caso de necessidade.

(3) Grande parte da elevação na depreciação é atribuída ao fato de a companhia ter comprado veículos mais caros, como SUV, e sem descontos na pandemia, devido à falta de disponibilidade nas montadoras.

Isso faz da depreciação um efeito transitório, visto que em 2023 já é esperada uma compra de veículos em preços mais baixos e com maiores descontos.

Assim, a companhia muda o seu mix de carros e favorece o ciclo de caixa, uma vez que o preço médio do carro vendido continua elevado nos próximos trimestres, enquanto o preço de compra está caindo.

Localiza (RENT3)

Localiza é a maior locadora de carros do país. A companhia fez a fusão com a Unidas (segunda maior) em julho/2022, sendo o 3T22 o primeiro trimestre com resultados consolidados da nova empresa.

No 3T22, vimos um crescimento de +40% na Receita, +31% no Ebitda e queda de -28% no lucro líquido em comparação com o ano anterior — tirando os custos ligados à combinação de negócios com Unidas.

Tabela apresenta resultado trimestral (resultado consolidado Localiza).
Resultado trimestral. Fonte: Localiza e Nord Research.

O crescimento no RAC de +31% e no GTF de +53%, devido ao aumento no volume de diárias de aluguel e do ticket médio, possibilitou esse bom crescimento na Receita e no Ebitda da companhia.

Ainda impulsionada pelos Seminovos (diferente de MOVI), com a retomada do giro da frota após a pandemia, esse setor apresentou crescimento de +42% na receita.

Mesmo com os Seminovos ainda com margens mais elevadas, com a alavancagem operacional que é comum no setor, maiores despesas financeiras também impactaram o lucro da companhia.

Gráfico apresenta cronograma de endividamento.
Cronograma de endividamento. Fonte: Localiza.

De qualquer forma, a companhia possui caixa para cobrir suas dívidas até 2024 e, possuindo uma alavancagem de 2,8x Ebitda, abaixo do que é comum para o setor de locação (3x Ebitda), RENT possui flexibilidade na gestão de sua dívida.

A fusão

Apesar disso, frente à fusão com Unidas, o mercado parece não se importar tanto com essa queda do lucro de Localiza e tem puxado bem a ação ao longo de 2022.

Já do lado da Movida, a companhia seguiu apanhando, com receio do mercado, em vista da nova competição e da alavancagem um pouco mais alta, tornando-a uma das ações mais vendidas a descoberto (short) da bolsa.

Gráfico apresenta variação da cotação de Localiza e Movida.
Variação da cotação de Localiza e Movida. Fonte: Bloomberg.

As companhias que sempre seguiram a mesma direção nas cotações e entregando bons resultados ficaram descorrelacionadas.

Não olhe no retrovisor

Não podemos olhar para o passado achando que o futuro será igual.

Sabendo do fluxo inflacionário que maiores gastos do governo podem trazer, e a necessidade das locadoras de financiar um giro das frotas, esse segmento está exposto a variações dos juros.

Devemos ficar atentos a essas mudanças daqui para frente.

Porém, com excelentes gestões que já passaram por momentos de juros elevados e com a economia do compartilhamento de carros crescendo cada vez mais, continuamos confiantes na entrega de crescimento das locadoras.

Gráfico apresenta variação do EV/EBITDA de RENT e MOVI.
Variação do EV/EBITDA de RENT e MOVI. Fonte: Bloomberg.

Por isso, negociando a míseros 4x Ebitda, seguimos com Movida.

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Últimos comentários

O Bruce  Errou no portfolio deixando a MOVI3 e vendendo a RENT3. * Não adianta, teremos uma vantagem comparativa de escala muito grande. * A RENT vai comprar em um mundo um pouco mais barato.  * A movida vai precisar dar uma respirada antes de ir às compras forte novamente. *Em momentos de crise, como a que já previamos, a liquidez do estrangeiro vai para RENT e não MOVI
e a jumentada faz o L
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