Com a bolsa de valores brasileira batendo recorde atrás de recorde e a constante redução da taxa de juros oficial do Brasil, a Selic, ambos os fatores combinados estão fazendo com que o investidor busque cada vez mais investir em ações. Até poucos anos atrás era pouco mais de 500 mil e agora já estamos alcançando a marca de quase 1,3 milhões de CPFs ativos e esse número continua crescendo. Porém, o brasileiro, diferente do americano, não tem a cultura de investimento em ações e nem se quer sabe que para começar é preciso abrir uma conta em uma corretora de valores, que funciona como uma prestadora de serviço que faz a intermediação para quem quer comprar e vender ativos financeiros. Neste momento começa o primeiro questionamento: Como escolher uma corretora de valores?
O Financista Fabrizio Gueratto do Canal 1Bilhão Educação Financeira preparou um guia prático com 12 passos para que o investidor escolha aquelas que ofereçam as melhores vantagens e confiabilidade.
Como Escolher uma Corretora de Valores?
1 - B3:
O primeiro passo é entrar no site oficial da bolsa de valores brasileiro a B3 e na home clicar na opção busca de corretoras. No mesmo instante aparecerá todas as instituições financeiras que estão autorizadas a negociarem ativos de renda fixa e variável. Atualmente no país nós temos 87 Instituições. Esse número diminuiu nos últimos anos e pode continuar nesta trajetória, em razão dos altos custos regulatórios e de infraestrutura de tecnologia que são exigidos das corretoras.
2 - Reclame Aqui:
Muitas vezes só é possível conhecer verdadeiramente uma empresa quando algum problema ocorre. É neste momento que é possível identificar qual o tratamento dado ao cliente depois que o produto ou serviço foi vendido. O maior site de reclamações da América Latina, o Reclame Aqui, hoje possui praticamente todas as instituições financeiras cadastradas. Através do site www.reclameaqui.com.br é possível checar qual a nota dada pelos usuários para determinada corretora de valores, que varia de 0 a 10 e qual o percentual dos problemas foram resolvidos, que pode variar entre 0 e 100%. Além disso, é possível saber também qual é a média de tempo de resposta para cada reclamação.
3 – Taxas:
Uma corretora de valores na verdade é uma intermediadora entre quem está vendendo e quem está comprando, seja um CDB, ações ou tesouro direto. Para manter seus custos e ser lucrativa é permitido que ela cobre algumas taxas. Estas são as 3 principais que o investidor precisa ficar atento.
Corretagem – É o valor cobrado pela corretora para a compra e venda de ações na B3. Esse valor pode variar de instituição para instituição. Algumas não cobram absolutamente nada e outras chegam a cobrar até R$ 20,00 por operação. Esse valor pode impactar na vida do investidor que negocia muito através do home broker ou investe um valor muito baixo de dinheiro.
Custódia – Como próprio nome diz é a taxa cobrada pela corretora por custodiar (guardar) um determinado ativo financeiro. Algumas corretoras não cobram absolutamente nada e outras chegam a cobrar até R$ 21,60 por mês.
Tesouro direto – A B3 cobra 0,25% ao ano sobre o valor aplicado em qualquer título do tesouro direto. Esta taxa é impossível do investidor ficar isento. Entretanto, existe a taxa de administração que ainda algumas corretoras cobram. Porém, ainda existem aquelas que cobram até 2% ao ano, um verdadeiro absurdo se comprado a taxa Selic, que está em 5,5%.
4 - Oferta de produtos:
Uma boa corretora precisa ter em sua plataforma os principais produtos de renda fixa disponíveis no mercado, como LCI, LCA, CDB assim como fundos multimercados (FIM), Fundos de Investimentos em Ações (FIA) e Debêntures. Comece analisando se a corretora oferece os fundos mais famosos, como: Dynamo, Alaska Black, Butiá e Verde.
5 - Ranking de melhores ações:
A maioria das corretoras divulga semanalmente ou mensalmente quais são as melhores ações para os investidores comprarem, ou seja, com maior potencial de valorização para aquele período. São as chamadas carteiras recomendadas ou Top Picks. Diversos sites, como Money Times, Investing.com, Valor Econômico e Exame divulgam este ranking. Aquelas corretoras que mais acertam ficam no topo do ranking. Este pode ser um indicativo que aquela corretora possui bons analistas que poderão auxiliar o investidor.
6 – Home Broker:
O home broker é o sistema em que qualquer investidor, de um computador ou smartfone consegue de sua casa negociar ações. Entretanto, nem sempre estes sistemas são estáveis, principalmente quando tem muitos usuários logados ao mesmo. Por exemplo, uma corretora de não cobra nenhum tipo de taxa, nem sempre oferece uma excelente base tecnológica, pois possui poucas fontes de recurso para investir. Imagina que um investidor precisa vender algumas ações de uma empresa cuja a cotação está caindo muito e neste momento o home broker trava. Pode ser um problema, principalmente para o investidor que realiza operações Day Trade. É possível checar se determinada corretora apresenta problemas em sua plataforma através de matérias na imprensa, reclame aqui ou fórum de investidores.
7 – Tempo de existência:
Uma instituição financeira que existe há muitas décadas tende a ser mais sólida que uma recém criada, pois ela já passou por diversas crises e conseguiu se reinventar e se manter no mercado. Este é um ponto que deve ser levado em consideração, mas não é determinante. Corretoras como Gradual Investimentos e Um Investimentos foram fundadas décadas atrás e mesmo assim cometeram graves violações e quebraram.
8 – Balanço:
Através do site Banco Data é possível ver os balanços financeiros de todas as instituições do país. Evite corretoras de valores que estão apresentando prejuízo. Isso significa que as contas não estão fechando e existe um risco maior desta quebrar os seus controladores fazerem algo ilegal para salvar o negócio ou até mesmo para enriquecer de forma ilegal.
9 – Atendimento:
Apesar de muitas corretoras serem isentas de taxas, logicamente isso reflete no atendimento ao cliente. Custa caro manter diversas pessoas esperando o telefone tocar. Antes de abrir o seu cadastro em uma corretora teste o atendimento. Ligue como você fosse um cliente e veja em quanto tempo você é atendido. Mande um e-mail ou uma mensagem em uma das redes sociais e veja quanto tempo demora.
10 – Multas e Punições:
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão oficial do Brasil responsável por regular o mercado de capitais e dentro dele estão as corretoras de valores. Além de fiscalizar a CVM pode aplicar multas. Além da CVM, existe a BSM, que é uma empresa que pertence ao grupo da B3 (Bolsa de Valores), porém, possui autonomia e orçamento próprio. Na prática a BSM fiscaliza todas as atividades envolvendo os negócios entre corretoras, clientes e a B3. Além disso, ela pode aplicar processos disciplinares e multas nas corretoras. O investidor deve ficar atento se a corretora em que está pensando em abrir cadastro já sofreu diversas autuações por parte da BSM e CVM.
11 - Taxa de carregamento previdência privada:
Muitas instituições financeiras cobram um percentual sobre o valor investido em uma previdência privada, e além deste, podem cobrar quando o dinheiro é resgatado ou para manter ele custodiado. Entretanto, algumas corretoras já estão isentando o cliente destas 3 taxas. O investidor deve buscar no site da instituição financeira ou entrar em contato para saber esta cobra ou não.
12 - PQO:
O Programa de Qualificação Operacional (PQO) nada mais é que um selo de qualidade para as corretoras que possuem excelência em diversas áreas de atuação.No total, são 5 selos. O selo que o pequeno investidor mais deve se preocupar se a corretora de valores possui é o Retail Broker. É possível checar quais possuem no site da B3. Este selo qualifica a instituição de que esta possui estrutura organizacional e tecnológica especializada na prestação de serviços de atendimento consultivo e de assessoria financeira.