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Copom, Inflação e Atividade

Publicado 11.03.2013, 12:06
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Mais uma semana intensa em que o tema inflação (e seu controle pelo BACEN) dominou os debates, com algumas mudanças de rumo que merecem ser explicitadas no Panorama desta semana.

A decisão do COPOM de retirar do comunicado a frase que manteria o juro estável por um “período suficientemente prolongado, em substituição a de que “irá acompanhar o cenário até sua próxima reunião” foi a senha que precisava para recuperar a credibilidade e retomar o controle sobre as estimativas dos indicadores de inflação, passando aos agentes maior previsibilidade às suas ações. Com este comunicado (aguardemos a ata da semana para confirmar isto), o BACEN tenta passar ao mercado a impressão de que detém o controle sobre a política de combate à inflação, não se furtando de elevar o juro quando necessário for.

O problema é que ao atrelar sua decisão de política monetária ao comportamento das variáveis econômicas, no chamado data dependent (modo de atuação que depende da divulgação destas variáveis), o BACEN pode acabar por gerar mais ruídos no mercado. A cada indicador divulgado os agentes terão uma reação exacerbada, dado o comunicado do COPOM, volatilizando ainda mais o comportamento da bolsa de valores, mercado cambial e de juro futuro.

Mesmo assim, é importante observar uma postura mais ativa da autoridade monetária no controle da inflação, visando ancorar as expectativas dos agentes. Continua sustentando a tese de que a inflação em 12 meses fica acima de 6,0% até o final do semestre para depois começa a ceder, até fechar o ano próxima a 5,5%. A justificar isto, uma safra agrícola melhor neste ano, a retomada da economia global ainda que num ritmo mais modesto, reduzindo pressões sobre as commodities e a política de desoneração, agora focada na cesta básica, em gestação no governo. Neste caso, a perda fiscal prevista seria de R$ 3,6 bilhões em um ano e a redução nos preços dos alimentos de 6,5%.

Pelos indicadores divulgados na semana passada, depois da decisão do COPOM, uma boa notícia veio da produção industrial de janeiro, mostrando bom dinamismo, embora sustentada pela performance da indústria automobilística. A produção geral avançou 2,5% contra dezembro, impulsionada pelo setor de bens de capital, avançando 8,2%, puxada por setores ligados à indústria de caminhões e ônibus. Neste, a produção de bens de capital para equipamentos de transportes avançou 61% em janeiro contra o mesmo mês do ano passado e a de caminhões 204%, já que houve um ajuste produtivo no mesmo mês de 2012 (troca por motores menos poluentes). Em síntese, a indústria automobilística, com grande peso no índice geral, acabou sustentando a alta de janeiro, principalmente, devido ao segmento de caminhões pesados. Tivemos, em adição, promoções nas concessionárias de veículos, num movimento antecipatório diante da proximidade do fim da isenção de IPI para automóveis. Estes dados, também, mostraram alguma desconcentração, com o “índice de difusão”, que mede o conjunto dos setores, avançando 63,3% em janeiro sobre dezembro, a maior alta no período em toda série histórica.

Em suma, mesmo com destaque para a indústria de caminhões, o avanço da indústria foi generalizado, mesmo num patamar mais fraco. Contribuiu para esta expansão de janeiro, o fim das férias coletivas, o movimento de antecipação com o fim da isenção do IPI, a redução do juro para bens de capital e a baixa base de comparação.

Em fevereiro, pelo menor número de dias úteis (17), o desempenho da indústria acabou pior se comparado a janeiro. Por outro lado, foi melhor do que o registrado no mesmo mês de 2012. Isto pode ser visto pelo uso da capacidade instalada, tendo passado de 83,4% em janeiro de 2012 para 84,4% no mês passado. Mesmo assim, ainda continuamos cercados de incertezas sobre o desempenho da indústria em 2013. Alguns meses deverão ser de alta, outros de queda, mas, mesmo assim, pela base de comparação favorável, já que a indústria recuou 2,7% em 2012, estimamos um avanço entre 3,0% e 3,5% no ano.
Figura 1
Analisando a inflação, observamos um forte recuo em fevereiro, decorrente da redução da energia elétrica. No IPCA, estas contas ficaram 15,17% mais baratas, com peso de 3,18% no recuo do índice oficial do governo. Lembremos que no mês este fechou a 0,6%, acumulando em 12 meses 6,31%, acima do mês anterior (6,15%).

Chama a atenção, no entanto, o avanço dos núcleos deste índice. A maioria deles, em 12 meses, registrou aceleração, como observamos no gráfico abaixo. O IPCA-MS, núcleo das médias aparadas com suavização, registrou 6,0%, acima do registrado em janeiro (5,9%). Na média, os núcleos passaram de 5,58% em novembro passado, para 5,82% agora em fevereiro. Por outro lado, o IPCA-EX, que exclui do cálculo geral preços de alimentos com comportamentos mais voláteis e combustíveis, recuou, passando de 5,9% para 5,6%. Lembremos que os núcleos do IPCA são monitorados de perto pelo BACEN, por depurarem o índice de influências sazonais, como quebras de safras, dando um importante indicativo de trajetória para os próximos meses.
Figura 2
No que se refere aos índices livres e os administrados, observamos pelo gráfico a seguir desempenhos distintos. Os preços livres, em 12 meses, avançaram, registrando 7,8% contra os 7,2% em janeiro. Já os administrados registraram apenas 1,5% em fevereiro, abaixo de janeiro (3,0%). Este desempenho mais comportado pode ser explicado pelo recuo da tarifa de energia e pelo adiamento no reajuste dos transportes públicos no RJ e em SP.
Figura 3
Por fim, analisando o gráfico ao fim, nos seus vários grupos observamos o forte recuo de Habitação, decorrente do barateamento da conta de energia elétrica; Alimentação e Bebidas se manteve num patamar preocupante, variando 1,45%, mesmo desacelerando contra janeiro (1,99%), com impacto de 0,35 ponto percentual sobre o índice. Já o maior impacto individual acabou ocorrendo na gasolina, com 0,16 ponto percentual. Combustível avançou 3,64%, o que, somado às tarifas de ônibus urbano (0,62%), elevou o grupo Transportes de 0,75% para 0,88%.

Comentários Finais


Preocupa o índice de difusão do IPCA, já próximo a 76%, num claro sinal de espalhamento do índice, o que coloca em dúvida a tese de que a inflação brasileira esteja ocorrendo por fatores pontuais ou isolados. Em março, pelo acompanhamento diário do IPCA, em pesquisa da FGV, observamos alguns dados preocupantes, como a alta do item Alimentação e o impacto do reajuste de diesel (5%) no encarecimento dos fretes rodoviários, também impulsionados pela boa safra agrícola deste ano. Por outro lado, o item Serviços perde força, pelo menor reajuste do salário mínimo, neste caso, importante fator detonador de inflação. Atualmente, este item se encontra em torno de 8,5%, menor do que os 9% de 2102. Outra boa notícia vem do adiamento de reajuste de transporte público em SP e no RJ, muito provavelmente, devendo ser sancionado ao fim do semestre.

Neste cenário de atividade econômica retomando de forma errática, mas acima de 2012, e inflação repicando em março, ainda é cedo afirmarmos como será o COPOM de abril (dias 16 e 17). Crescem as apostas de uma elevação do juro em 0,5 p. p.. Se mantido nos 7,25% anuais, acreditamos que, em algum momento, o BACEN terá que agir, dado que a inflação em 12 meses se mantém num desconfortante patamar entre 6% e 6,5%, ou seja, no teto do sistema de metas. Neste caso, talvez tenhamos mais duas elevações do juro, de 0,25 p. p., ou uma de 0,5 p. p., fechando o ano a 7,75%. Aguardemos os próximos indicadores.
Figura 4

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