Correção do petróleo pode se aprofundar com mercado ignorando ameaças tarifárias

Publicado 16.07.2025, 10:42
  • O barril do WTI rompeu suportes importantes, indicando uma configuração técnica com viés de baixa.
  • Investidores minimizaram as ameaças tarifárias de Trump, apostando em adiamentos ou recuo nas tensões.
  • A elevação da oferta pela Opep+ e a expectativa de enfraquecimento da demanda após a temporada de verão devem limitar qualquer movimento de alta nos preços do petróleo.
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Os preços do petróleo mantiveram viés negativo no início da sessão desta quarta-feira. A reversão teve início na segunda-feira, após uma alta inicial que rapidamente perdeu força, dando lugar a novas perdas que se estenderam na terça-feira.

Inicialmente, investidores reagiram com cautela às ameaças de tarifas “muito severas” contra a Rússia, mas ao perceberem que tais medidas não eram iminentes, passaram a vender petróleo. O WTI ainda se mantinha acima dos US$ 65 por barril, o que limitava o pessimismo. Apesar disso, o cenário para o petróleo bruto segue pressionado, com tendência mais lateralizada e viés de baixa nas próximas semanas, sem sinais consistentes de um movimento de recuperação sustentada.

Mais adiante trataremos dos fatores macroeconômicos. Antes disso, é importante observar que a análise técnica também aponta para um quadro desfavorável.

WTI rompe linha de tendência de alta

WTI futuro - análise técnica
Segundo o gráfico diário dos contratos futuros de WTI, os preços romperam uma linha de tendência de alta de curto prazo, após não conseguirem superar de forma consistente a média móvel de 200 dias nas últimas sessões. A faixa entre US$ 65,50 e US$ 70 permanece como zona de resistência crítica.

Nesta quarta-feira, o WTI está pressionando o suporte imediato em US$ 66,50. Um fechamento abaixo desse nível configuraria mais um sinal técnico de enfraquecimento, reforçando o viés negativo. A próxima faixa de suporte relevante, destacada em cinza no gráfico, fica entre US$ 64 e US$ 65, região onde os preços encontraram fundo nos últimos anos. Abaixo disso, o alvo seguinte seria US$ 60.

Mercado ignora ameaças tarifárias de Trump, entenda por quê

O presidente Donald Trump afirmou estar “muito, muito insatisfeito” com a Rússia e anunciou planos de enviar armamentos avançados à Ucrânia, além de prever tarifas secundárias de 100% caso não haja acordo de cessar-fogo em 50 dias.

O receio inicial era de que Trump mirasse países que compram petróleo russo, como Índia e China. Apesar de esse tipo de sanção, em tese, restringir a oferta, a queda nos preços sugere que os investidores interpretaram o anúncio como uma ameaça pouco concreta, e não como algo de execução imediata.

Além disso, o mercado já está habituado ao padrão de Trump: ameaças iniciais seguidas de recuos ou adiamentos. Em outras palavras, as declarações não foram levadas a sério. Também existe a expectativa de que Trump possa negociar um cessar-fogo entre Putin e Zelensky, o que acalmaria os temores de escalada no conflito.

Vale lembrar que os agentes de mercado ainda estão processando o impacto da decisão da Opep de elevar a produção acima do esperado, o que amplia a lista de fatores em jogo, não se trata apenas da Rússia.

O que sustentou os preços do petróleo nos últimos meses?

Após a descompressão abrupta do conflito entre Israel e Irã semanas atrás, os preços do petróleo recuaram com força, como era esperado. Em seguida, houve uma retomada parcial, e embora o WTI tenha perdido parte desses ganhos, ainda acumula alta no mês, em linha com os fortes avanços observados em maio e junho.

Resta saber se essa valorização se sustentará. O que explica o suporte recente dos preços?

A resposta passa por uma combinação de alívio nas tensões e padrões sazonais de demanda. No início, o mercado temia que novas disputas comerciais prejudicassem o crescimento global, e, por consequência, a demanda por energia. Esse receio, contudo, arrefeceu, refletido na forte recuperação das bolsas: índices como o S&P 500 superaram as mínimas de abril e renovaram máximas históricas.

A inflação, que poderia ter sido pressionada pelas tarifas, manteve-se contida, como demonstrou a leitura do núcleo do IPC divulgada na terça-feira nos EUA. Ao mesmo tempo, a maior parte dos bancos centrais vem cortando os juros de maneira gradual, oferecendo algum suporte adicional. Em paralelo, o governo norte-americano aprovou um pacote fiscal robusto, que embora eleve o endividamento, tende a estimular o crescimento no curto prazo.

Do lado da demanda, os EUA entraram na temporada de pico do consumo de gasolina, período em que o uso de combustíveis normalmente se intensifica. Ou seja, o panorama para o petróleo não é completamente negativo, mas tampouco sugere espaço amplo para altas.

E quanto ao aumento de produção pela Opep+?

O grupo anunciou um acréscimo de 548 mil barris por dia para agosto, número acima dos incrementos de 411 mil bpd observados nos três meses anteriores. Com isso, a Opep+ já reverte cerca de metade dos 2,2 milhões de bpd de cortes voluntários acordados por oito países membros no início do ano. Para setembro, o Goldman Sachs (NYSE:GS) projeta nova elevação de 550 mil bpd.

Resta saber se essa estratégia é prudente. A Opep+ parece determinada a preservar sua fatia de mercado, especialmente agora que a produção dos EUA perdeu força. Segundo a EIA, a produção americana deve atingir média de 13,37 milhões de bpd este ano, revisão para baixo em relação à estimativa anterior de 13,42 milhões, reflexo da redução nas atividades de perfuração diante da queda nos preços.

Esse contexto abre uma janela estratégica: com o xisto dos EUA operando em ritmo mais contido, a Opep+ pode estar aproveitando o momento para recuperar espaço. Em teoria, essa é uma boa oportunidade para agir. Ainda assim, ao colocar mais barris no mercado, o grupo também contribui para limitar o potencial de alta nos preços, especialmente considerando a provável desaceleração da demanda após o fim da temporada de verão.

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