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Câmbio: Aparências Encobrem Uma Realidade Desfavorável e Preocupante

Publicado 30.06.2014, 07:01
DX
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O final do mês e a confluência de fatores indutores a apreciação induzida do real frente ao dólar, permitem que, sem grande esforço, os “players” posicionados “vendidos” no mercado à vista e futuro imponham forte apreciação do preço da moeda americana, ainda mais se considerando que é o final do semestre e haverá a apuração dos balanços de resultados consolidados pelas instituições financeiras, detentores mais expressivos de posições vendidas.

Este é um momento pontual, na 3ª feira estará superado, para renovar-se somente às vésperas da nova e próxima virada de mês.

Porém, ao que tudo indica o BC persistirá com o seu objetivo claro e intervenções no mercado de câmbio objetivando continuar utilizando o preço da moeda americana depreciada à margem dos fundamentos que sugerem o contrário, visando evitar que a sua tendência natural de alta possa impactar como pressão inflacionária nos indicadores já em patamares pouco confortáveis.

A sua (BC) projeção renovada para o IPCA ao final do ano está em 6,4%, porém com uma taxa cambial de R$ 2,25, portanto numa tênue linha tendente a romper o teto da meta de 6,5%.

O cenário prospectivo para os fluxos de recursos para o país se configura insuficiente, portanto, deve ocorrer ampliação do montante de fluxo negativo ainda pendente advindo do ano passado e ainda não expressivamente coberto neste ano, já que dos US$ 18,0 Bi da virada do ano US$ 14,0 Bi continuar “em ser” nas posições vendidas dos bancos, que representam 3,75% das reservas cambiais brasileiras.

Temos em perspectiva as férias no hemisfério norte que sugerem zeragem de posicionamentos especulativos por parte dos investidores e crescentes incertezas no quadro eleitoral brasileiro que também afetam os investidores especuladores. Estes são fatores que podem determinar o incremento de saídas de recursos especulativos do país.

Os investimentos não especulativos poderão deixar parcialmente o país caso os Estados Unidos sinalizem mudança na sua política monetária, mas esta seria um movimento mais para o final do ano.

Há também incerteza a respeito do comportamento dos investidores estrangeiros nos meses de agosto e setembro, antecedentes às eleições.

Por outro lado, não há expectativa de que os IED´s venham a se intensificar nesse 2º semestre, até porque o país tem a cada revisão, até por parte do governo, revelado tendência de crescimento cada vez menor.

O movimento de captações externas que se verifica por parte das empresas brasileiras parece deter a característica de antecipação, portanto sugerindo que ocorram reflexos cadentes no 2º semestre.

Como já temos salientado, poderá ocorrer um movimento de transição acentuada de demanda do mercado futuro (hedge) para o mercado à vista (moeda efetiva) e este fato exercer pressão impondo apreciação do preço da moeda estrangeira, já que os “swaps cambiais” perderão o poder de monitoramento da taxa cambial que detém no momento.

É notório que o BC tem a percepção desta perspectiva no seu radar, razão pela qual antecipando-se às pressões mais consistentes no mercado à vista retoma a oferta de linhas de financiamentos em moeda americana para os bancos realizando nesta segunda feira leilão de US$ 3,5 Bi, que visam gerar liquidez em poder dos bancos que assim poderão aumentar suas posições vendidas protegendo-as com “hedge”, já que prorrogou o programa de oferta de contratos de “swaps cambiais” novos.

Importante lembrar que o BC após ter financiado a quase totalidade das posições vendidas dos bancos para que o mercado a vista tivesse liquidez face à insuficiência de fluxos, passou a reduzir este financiamento na medida em que o mercado internacional passou a financiar uma parte destas posições vendidas e o fluxo cambial apresentou uma discreta melhora.

Os bancos detinham na virada do ano posições vendidas no montante de US$ 18,0 Bi por insuficiência de fluxos de recursos externos para país. No momento detêm US$ 14,0 Bi, dos quais US$ 7,0 Bi com lastro de financiamentos do BC.

Certamente o BC que poderia ter a expectativa de que os fluxos melhorassem está percebendo que esta hipótese não deve se viabilizar e assim os atuais US$ 14,0 Bi de posições vendidas dos bancos voltarão a ser expandidos, e assim sendo, voltará a elevar os níveis de financiamentos concedidos.

Esta é uma estratégia que atenua e pode postergar as repercussões da insuficiência de fluxos para o país, permitindo ao BC preservar a reserva cambial intacta de uma forma escamoteada pois, na realidade fica claro que está “tapando um buraco” com as posições vendidas dos bancos por falta de ingressos suficientes, que, a rigor, deveria ser reposto no mercado a vista na forma de liquidez direta pela autoridade monetária na forma de leilão de divisas das reservas cambiais.

A percepção de camuflagem do uso das reservas cambiais para suprir insuficiência de fluxos de recursos positivos para o país poderá ter um efeito preocupante para os investidores externos mais rigorosos em suas observações, até porque não há perspectivas de recuperação de fluxos externos favoráveis no médio prazo.

Por isso, quanto maior o tempo que o BC atuar para represar o ajuste no câmbio maior será o risco de ter uma mudança abrupta no preço da moeda americana em curto espaço de tempo. As projeções prevalecentes no momento indicam tendência de elevação do preço de até 13% neste ano, o que não é pouco considerando que o próprio governo está prevendo inflação de 6,4% para este ano, com base em taxa de dólar de R$ 2,25, enquanto as projeções estão em torno de R$ 2,40/2,50.

Ademais, devemos considerar que o dólar excessivamente depreciado e, portanto, afastado de sua realidade contribui de forma incisiva para o aumento do déficit de transações correntes, que já tem projeções bastante preocupantes. O governo prevê US$ 80,0 Bi e as projeções de mercado chegam a US$ 90,0 Bi.

É de toda conveniência que o mercado passe a ter uma leitura com absoluta acurácia dos dados de fluxos cambiais líquidos divulgadas pelo BC às quartas feiras, do que deixar o imaginário ser influenciado pelos ruídos em torno de ingressos etc.

Os números que o BC divulga proporcionam uma visão mais clara e sensata à respeito do quadro do setor externo e dão transparência do que afinal ocorre, permitindo formular-se tendências agregando-se aos mesmos as perspectivas efetivas para o segmento.

Enfim, há com que se preocupar com o câmbio este ano e o “status quo” está muito distante de ser considerado sustentável e tranquilamente administrável pelo BC, visto que há presente uma efetiva insuficiência de ingressos externos que tende a se acentuar sem perspectiva de que venha a ser sanada este ano.

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