Câmbio: enfim, a percepção de que os fluxos não serão tão benignos!

Publicado 04.04.2014, 07:01

Os ruídos intensos ocasionados pelo ingresso de recursos especulativos no país, atraídos, evidentemente, não pelas virtudes atuais do Brasil no campo da economia, mas simplesmente pela rentabilidade de ações com preços debilitados e pelo juro alto a que o país está submetido a utilizar em consequência das pressões inflacionárias, provocaram um forte equivoco confundindo euforia pontual nestes segmentos de renda fixa e ações com otimismo em torno do Brasil.

Já passaram a considerar que a credibilidade no país estava sendo recomposta a partir dos comprometimentos programáticos apresentados pelo governo de melhor ordenamento do superávit primário e de cortes orçamentários.

Afinal vai ficando bem evidente que o entusiasmo é com o Brasil que está voltando a ser o “oásis mundial do ganho fácil” e não com a recuperação conceitual do Brasil, a partir de simples comprometimentos de melhor conduta, que não corresponde à realidade.

O Brasil que vinha sofrendo críticas de inúmeros setores externos, com peso maior do Federal Reserve, e que culminou com o rebaixamento da nota de crédito soberana por parte da agência de rating “S&P”, sempre alegou em defesa própria o fato de deter reservas cambiais para sustentar que era diferente dos outros emergentes e, portanto, menos vulnerável.

Ficou claro que o governo, aparentemente, não entendeu o recado advindo do exterior, pois o foco das criticas é o “conjunto da obra” que envolve todos os vetores envolvidos na deterioração da economia brasileira e não a nossa solvência respaldada pelas reservas cambiais.

A análise com maior acurácia dos números líquidos do fluxo cambial acabou por contrariar a visão entusiástica de que o país estava numa fase de intensa melhora do fluxo cambial, pois na realidade ocorre concomitantemente ao ingresso dos recursos especulativos um intenso movimento de saída de recursos do país. Como temos salientado, entra o dólar especulativo e sai o dólar de qualidade, aquele que veio ao país com objetivos produtivos na forma de empréstimos de longo e curto prazos e empréstimos “intercompanies”.

E o saldo líquido que sobra não é de entusiasmar e nem sugere que se criem perspectivas melhores, havendo grande propensão a que o fluxo cambial este ano se repita negativo, tal qual o ano passado.

Em nosso comentário de ontem, disponível no nosso site www.ngo.com.br/cambionews, quantificamos valores que podem fomentar a demanda de divisas a vista neste ano, afora riscos existentes á margem de intensifica-los.

Ontem, em duas matérias o jornal Valor destacou:
-IIF ( Instituto de Finanças Internacionais) diz: “Brasil tem reservas elevadas, mas posição macro complicada”.

-FMI: Emergentes devem enfrentar cenário menos favorável ao crescimento, e mais uma vez enfatiza a dependência brasileira da China para o crescimento.

O ponto destacado pelo IIF tem grande identificação com as criticas que foram realizadas pelos jornais de grande reputação internacional, pelo FED e pela própria S&P como fundamento para o rebaixamento.

Seria o caso de figurativa e grosseiramente se afirmar como síntese: “Paciente rico morre se não cuidar da saúde mesmo tendo dinheiro”. E o Brasil está precisando cuidar da sua economia como um todo, indo além dos discursos e comprometimentos de boas intenções.

O Banco Central do Brasil elevou na quarta-feira a taxa SELIC de 10,75% para 11,00% e ocorreu, como de costume, inúmeras conclusões e ilações sobre a continuidade ou não do aperto na politica monetária.

No nosso entender, o BC irá observar o comportamento dos preços dos alimentos, uma incógnita neste momento, buscando a convicção sobre se a alta dos mesmos é temporária ou perdurará por um período mais longo.

Acreditamos que o BC terá que continuar elevando a taxa SELIC por entendermos que as pressões inflacionárias ainda não foram totalmente repassadas para os preços de varejo, e por acreditar ser insustentável a apreciação atual do real que poderia compensar em parte a alta dos preços dos alimentos. Assim, o dólar deve buscar a sua realidade no contexto atual e apreciar-se frente ao real colocando mais pressão inflacionária.

O BC tem mantido o discurso que foca a convergência da inflação para a meta, mas todos sabem que esta é uma postura institucional, já que no curto prazo é absolutamente inviável que isto se torne possível, visto que há um enorme contingente de preços represados que, por inevitável, precisarão ser ajustados pelo governo antes que se alcance o indicador de 4,5%.

Este ano a inflação tende a fechar no entorno do piso alto da meta, e para que isto aconteça será necessário ir além com a elevação da SELIC.

No nosso entendimento o comportamento do mercado de câmbio deverá sair do contraditório e gradualmente alinhar-se com a sua tendência de apreciação do preço da moeda americana como tendência natural e sustentável.

Afinal, os números do nosso setor externo não sugerem direção diferente!

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