O Orçamento será sancionado neste dia 22, com o déficit primário mantido em R$ 247 bilhões, e vários malabarismos, como esta retirada das despesas emergenciais do teto. São R$ 20 bilhões na Saúde, R$ 10 bilhões em programas de emprego (BEm) e R$ 10 bilhões com o Pronampe. O governo também já havia liberado R$ 44 bilhões para o auxílio emergencial, o que deve elevar a R$ 125 bilhões os recursos de combate à pandemia. Ainda temos também R$ 34 bilhões em “restos a pagar”, herdados de 2020, sendo R$ 7,8 bilhões já usados.
Tudo bem. Vivemos uma crise de difícil e imprevisível desfecho e era razoável esta retirada das despesas emergenciais do teto, mas será sempre assim? Sempre teremos uma “válvula de escape” para momentos de crise como o atual? Isso não tende a abalar a credibilidade desta regra?
O problema não seria, também, questionar as várias emendas dos deputados? Para que servem? Apenas para obras paroquiais, como praças ou quadros de esporte? Eu acho que já seria um avanço se pudéssemos saber para “onde vão estas emendas” (no total de R$ 16 bilhões). Tenho a desconfiança, ou quase certeza, de que só servem para encher os “caixas de campanha” dos deputados e seus partidos.
Sobre a pandemia. O Instituto Butantan voltou à produção da Coronavac, e deve entregar um lote de 5 milhões de doses até a primeira semana de maio. Já a Fiocruz deve entregar mais 5 milhões de doses da Oxford/AstraZeneca. Ontem, dia 21, os óbitos diários chegaram a 3.472, no total de 381 mil, novos casos chegando a 79.719.
Primeiro dia de Cúpula do Clima. Tem início e toda a expectativa se dá sobre o que será dito pelo presidente Bolsonaro. Ao que parece, deve repetir o que disse numa carta ao presidente dos EUA, Joe Biden, pedindo apoio financeiro de R$ 1 bilhão no combate à devastação da Amazônia. Os líderes mundiais não parecem interessados em ajudar, enquanto o presidente não enviar resultados concretos. Pelo que o INPE divulgou, parece que o desmatamento ainda é um problema.
Em março, contra o mesmo mês do ano passado, cresceu 12,6%. Um delegado da PF da Amazônia acabou afastado, aliás, depois de denunciar o ministro Ricardo Salles, a favor dos madeireiros da região Norte. Em complemento, o presidente excluiu o vice Mourão da Cúpula, mesmo ele sendo presidente do Conselho da Amazônia. Mourão era contrário ao Brasil pedir apoio financeiro. Segundo ele, “o Brasil não é mendigo”.
Uma singela torcida e homenagem. Acompanho aflito a “via crúcis” do prefeito de São Paulo Bruno Covas e logo me vem a lembrança do seu avô, Mario Covas. Fui seu eleitor, mesmo vivendo no RJ. Em 1989 votei na boa, com o maior prazer no santista Covas e seu choque de gestão. Por sinal, sua agenda continua atual. Continuamos um país desigual e ineficiente nas suas várias esferas. Somos uma baleia encalhada e sem solução à vista.
Agenda semanal. Dia de reunião do BCE, com a entrevista depois de Christine Lagarde, dirigente CEO da instituição, com muitos achando ser agora o timing para o debate sobre a viabilidade do início de um aperto monetário. Teremos também o primeiro dia da Cúpula do Clima, com o desafio do presidente Bolsonaro de melhorar a imagem do Brasil na política ambiental. Bolsonaro falará por três minutos e, ao que se sabe, seu discurso deve refletir o que pensa Ricardo Salles.
Mercados. Acordamos com as bolsas da Europa em alta, e os futuros de NY testando recordes, mesmo com a devida cautela pelo avanço da Covid 19 na Índia. Ontem, esta alta das bolsas de Wall Street não conseguiu contagiar o EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil, negociado em NY, que subiu muito de leve (+0,23%). Já no mercado de petróleo, o Brent para junho recuou 1,88%, a US$ 65,32, e o WTI do mesmo prazo fechou em baixa de 2,11%, a US$ 62,35.