Kathy Lien, diretora executiva de estratégia de câmbio da BK Asset Management
Novembro foi um mês excelente para o dólar. A moeda americana se valorizou contra todas as principais divisas, com destaque para o USD/JPY e o USD/CHF, que atingiram seus patamares mais altos desde junho. Depois de reduzir as taxas de juros no fim de outubro, os formuladores da política monetária nos EUA deixaram claro que, apesar da persistente incerteza comercial e de um crescimento mundial mais fraco, não era necessário realizar uma flexibilização maior. Isso explica, em grande parte, a contínua alta no mercado acionário norte-americano, que registrou novas máximas históricas em novembro. Não esperamos muitas surpresas no último mês do ano, mas o presidente dos EUA, Donald Trump, tem uma decisão muito importante a tomar sobre as tarifas de 15 de dezembro. Apesar de ter assinado um decreto a favor dos manifestantes em Hong Kong, não acreditamos que Trump, entre as opções disponíveis, decida dar início à próxima rodada de tarifas em dezembro. Seu histórico de bater e soprar, bem como seus comentários mais recentes de que um acordo comercial estaria próximo, sugere que as tarifas serão postergadas neste mês. Os últimos ganhos no USD/JPY é um sinal de que muitos investidores compartilham da nossa visão.
A semana passada foi relativamente tranquila, marcada pelo feriado de Ação de Graças nos EUA. Em outubro, os dados econômicos foram mistos, com o PIB americano do 3º tri revisado para cima, a confiança aumentando em uma medida e caindo em outra, além da estagnação da renda pessoal. No entanto, o fato de as ações estarem em níveis recordes e o mercado de trabalho americano continuar saudável mostra que os investidores esperam que a temporada de compras de fim de ano, iniciada com a Black Friday, vai trazer bons resultados. Nesta segunda-feira teremos uma ideia do apetite dos consumidores neste fim de ano.
De fato, a primeira semana de dezembro será bastante agitada. Teremos dois anúncios de política monetária, PIB na Austrália, dados comerciais de diversos países, bem como os relatórios de emprego nos EUA e no Canadá. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, também prestará depoimento ao Parlamento Europeu nesta segunda-feita; porém, o mais importante é que o prazo das tarifas de 15 de dezembro está acabando, o que deve fazer com que os mercados fiquem mais sensíveis às manchetes comerciais. Com base nas últimas informações do banco central australiano, é possível que ainda haja espaço para uma queda nas taxas de juros. Não se espera qualquer mudança na reunião desta semana, mas os investidores ficarão atentos para saber se sua posição continua a mesma e se será validada pelos dados, pois, além da decisão sobre os juros, serão divulgados o PIB do 3º tri, os PMIs, as vendas no varejo e os números comerciais.
O Banco do Canadá também deixará as taxas inalteradas, mas, ao contrário do banco central australiano, a instituição não acredita que seja necessário realizar cortes de juros, o que é relevante, uma vez que o banco central canadense mostrou relutância em reduzir as taxas ao longo de 2019. O mais interessante é que essa posição, juntamente com dados acima das expectativas, não ajudou a moeda do Canadá. O USD/CAD continua forte, apesar dos números do PIB um pouco melhores na sexta-feira. Esta semana será importante, pois os investidores ficarão de olho no IVEY PMI e nos relatórios do mercado de trabalho para validar as visões do banco central.
Os dados de empregos não agrícolas nos EUA também estarão no foco das atenções, mas, como o Federal Reserve colocou sua política monetária em compasso de espera até o fim do ano, os dados podem ter um impacto menor do que o de costume no dólar. Por outro lado, a moeda americana deve se mostrar mais sensível às manchetes sobre o acordo comercial EUA-China. Por fim, a presidente do BCE, Christine Lagarde, prestará depoimento ao Parlamento Europeu nesta segunda. Até agora, ela não compartilhou muito sobre sua visão de política monetária, por isso os investidores ficarão atentos a esse depoimento. O EUR/USD finalizou o mês passado nas mínimas de 7 semanas e pode derrapar ainda mais se Lagarde se mostrar aberta a uma flexibilização maior.