Ontem, o dólar caiu bastante de manhã atingindo mínima de R$ 5,1164 refletindo em uma Ptax de R$ 5,1427 e no período da tarde recuperou força atingindo máxima de R$ 5,1975 e fechando o mês de agosto em R$ 5,172. Depois de disparar 4,76% em julho, o dólar fechou agosto em queda de 0,73% frente ao real. No ano o dólar acumula queda de 0,32%.
Mercado precificando a alta mais forte da taxa Selic e acalmando um pouco os investidores com relação a uma saída para a questão dos precatórios, além de dados locais sobre trabalho que vieram acima do esperado pelo mercado. A taxa de desemprego no Brasil caiu para 14,1% no trimestre ante 14,6% nos três meses até maio. Acontece que em um cenário macro tem muitos fatores que puxam o câmbio para cima e não deixam o real se valorizar tanto. Principalmente na frente política e considerando inflação e pandemia. Algumas vezes parece que o mercado esquece de olhar alguns fatores para mirar somente no que interessa, e ontem não foi diferente com o movimento de Ptax.
Vamos aos assuntos que impactam no mercado de câmbio, muitos realmente são políticos, e outros dados e notícias daqui, dos EUA e Europa.
Na política a questão da reforma do Imposto de Renda (IR) segue na tentativa de fechar um acordo e com a possibilidade de diminuir a alíquota de impostos sobre dividendos. Como troca de favores, a Câmara se propõe a votar o projeto de Refis. Se cair a alíquota, o relator precisará mexer em outros pontos do projeto para recuperar a arrecadação menor.
Já a bandeira vermelha da conta de luz será debatida em reunião dia 08/09 com efeito retroativo a partir de 01/09. Certamente trará impacto na inflação. Brasil pode ter severa crise energética prejudicando PIB e reeleição.
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Os precatórios não devem mais ser parcelados e sim pagos por ordem cronológica, o que deve arrastar até 2036 um valor de R$ 672,4 bilhões quando acabar a lei do teto. Essa projeção considera que as despesas com precatórios cresçam 3,5% em 2023 e 3,25% nos anos seguintes. Na melhor das hipóteses seriam necessários quatro anos para pagar os precatórios postergados de 2022. R$ 37,8 bilhões seriam pagos em 2022 do total de R$ 89 bilhões. Através disso teríamos uma folga a ser usada para um acerto com os governadores e tiraríamos as dívidas com estados que somam R$ 16,5 bilhões do cálculo dos precatórios e não do teto de gastos.
O Ministério da Economia melhorou expressivamente a meta de resultado primário para o próximo ano a um déficit de 49,6 bilhões de reais, equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ante rombo de 170,5 bilhões de reais fixado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022. O governo Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional nesta terça-feira o Orçamento de 2022, ano de eleições presidenciais. O Orçamento foi enviado sem aumento do Bolsa Família por falta de espaço no teto de gastos. O Orçamento prevê gastos de R$ 89,1 bilhões para precatórios (despesas decorrentes de decisões judiciais), classificados como um "meteoro" pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O valor foi incluído, apesar de o governo negociar uma forma de reduzir esse montante para 2022. O Orçamento será atualizado quando uma solução para os precatórios for encontrada.
Tensões também referentes aos atos pró-governo de 07 de setembro.
Dados de ontem por aqui: a taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,1 por cento nos três meses até junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
O real tem se beneficiado por conta da perspectiva de aumento de Selic mais forte para acomodar as pressões inflacionárias da conta de luz e dos combustíveis.
Vamos de exterior: a desaceleração da economia chinesa sob pressão da última onda de Covid-19 ficou clara nos índices do país para agosto. O PMI da indústria desacelerou para 50,1, pouco acima da linha que separa o crescimento da contração. O índice de serviços, no entanto, mergulhou em território contracionista em 47,5, sua leitura mais baixa desde fevereiro de 2020.
A inflação na zona do euro saltou para uma máxima em dez anos neste mês e deve avançar mais ainda à frente, desafiando a visão benigna do Banco Central Europeu sobre a alta dos preços e sua postura de olhar além do que considera um aumento transitório. A inflação ao consumidor nos 19 países que compartilham o euro acelerou para 3% este mês, de 2,2% em julho, acima das expectativas de alta de 2,7% e ficando bem longe da meta de 2% do BCE. O BCE argumenta que uma série de fatores pontuais, incluindo gargalos de produção relacionados à reabertura da economia após a pandemia de Covid-19, são responsáveis pela maior parte do aumento da inflação, e que o crescimento dos preços irá rapidamente se moderar no início do próximo ano.
O membro do Banco Central Europeu (BCE) Robert Holzmann pediu nesta terça-feira a redução das compras de títulos de emergência do BCE já no próximo trimestre, acrescentando que espera uma discussão sobre o assunto na próxima semana. Ele acrescentou que as autoridades irão "definitivamente" discutir na reunião de 8 a 9 de setembro a redução do Programa de Compras de Emergência da Pandemia (PEPP) do BCE a partir do último trimestre do ano, e que o PEPP não deve ser usado para aumentar a inflação na zona do euro.
Nos EUA a confiança do consumidor norte-americano recuou para uma mínima em seis meses em agosto, com preocupações em relação a um aumento nos novos casos de Covid e a uma inflação mais alta prejudicando as perspectivas para a economia. O índice de confiança do consumidor caiu para 113,8 neste mês, menor patamar desde fevereiro, ante 125,1 em julho.
Para hoje PIB, balança comercial, fluxo cambial e PMI industrial aqui no Brasil, Nos EUA, PMI industrial e discurso de Raphael Bostic, membro do FOMC.