As economias dos países considerados desenvolvidos e, também, da grande maioria de emergentes sinalizam recuperação lenta, o que pode levar os Bancos Centrais a rever a dinâmica de suas estratégias adotadas até o presente.
Os preços dos ativos no ambiente global parecem conter excessos e este cenário menos animador pode determinar um movimento de ajustes e vendas, com forte direcionamento para os títulos do Tesouro americano, em especial os de 10 anos, que já registraram na semana passada juros “yeld” abaixo de 2,50%, o que não acontecia a muito tempo.
Sinais, portanto, de aversão ao risco e procura de segurança em tempos de incertezas.
O IBC-Br de março do Banco Central do Brasil ao apontar queda de 0,11% frente ao de fevereiro causou desapontamento e evidencia que o país tende a crescer menos ainda do que vem projetado.
Na semana finda a Bovespa ainda apresentou comportamento positivo de 1,65% e o dólar foi depreciado em 0,09%, mas tudo leva a crer que possa ocorrer um movimento de realização de lucros no mercado acionário, e, consequentemente, saída de recursos, em especial especulativos, do país, o que representará pressão altista sobre o preço da moeda americana.
À margem disto devemos considerar que os fluxos líquidos de recursos externos já vêm sinalizando tendência ao negativo, o que pode ser intensificado com eventual movimento mais intenso de realização na Bovespa e concomitante saída de recursos.
Tudo leva a crer que o período de transição da recuperação da economia global será mais lenta e assimétrica, porém com os investidores mais cautelosos, o que não sugere que os fluxos para os países emergentes sejam retomados, sendo a tendência mais crível a que ocorra, isto sim, maior seletividade de risco por parte dos investidores.
Nesta semana serão divulgados inúmeros indicadores relevantes e que poderão ter impactos adicionais no comportamento dos ativos.
No Brasil, o IBC-Br de março e o contexto geral interno e externo poderão interromper a elevação da SELIC.
Há efeitos mensuráveis nos preços dos efeitos do real apreciado, porém bem aquém das expectativas.
O Boletim FOCUS, divulgado hoje fechado em 16 passado, aponta elevação na projeção do IPCA-2014 de 6,39% para 6,43%; reduz um pouco mais a projeção de crescimento do PIB-2014 de 1,69% para 1,62%; melhora a projeção da produção industrial de 1,24% para 1,40% e reduz a projeção para o déficit em transações correntes de US$ 80,0 Bi para US$ 79,30 Bi. Manteve inalterada a projeção para o US$-2014 em R$ 2,45; SELIC em 11,25%; para a Divida do Setor Publico em 34,80% do PIB; saldo positivo da balança comercial em US$ 3,0 Bi e IED´s em US$ 60,0 Bi.
O comportamento das projeções do Boletim FOCUS transparece bem a convivência com as incertezas que neutralizam projeções mais bem fundamentadas, por isso registram discretas mutações semana a semana para mais ou para menos nos mesmos itens refletindo a insegurança das projeções.
Esta será uma semana importante para observação, pois pode mostrar impactos mais relevantes nos preços dos ativos.
Será relevante observar-se os dados do fluxo cambial divulgados pelo BC às quartas feiras, visto que de forma contumaz a apreciação da apreciação do real tem sido atribuída ao ingresso de recursos no país, o que liquidamente não tem se confirmado.