A valorização mundial dos mercados acionários está se aproximando de US$ 70 trilhões, com destaque dos ganhos recentes das bolsas asiáticas e europeias, e relativamente mais brandas dos índices americanos.
O dinheiro que tem sido injetado nas economias, ou as promessas de novos estímulos na China, estimulam a tomada de risco haja vista o histórico recente da performance das bolsas. Ao mesmo tempo não se vê uma resposta similar das commodities, que sofrem por não haver uma perspectiva inflacionária, com demanda retraída e ofertas que ainda não diminuíram suficientemente para baixar os estoques de diversas matérias-primas.
O petróleo é um bom exemplo, pois embora os preços tenham caído 45% em seis meses os estoques atingem o maior nível desde 1930 nos Estados Unidos.
O mercado de café começou a semana reagindo bem ao quebrar o novo recorde de contratos em aberto em Nova Iorque e negociar a US$ 147.30 centavos por libra. Entretanto a euforia durou pouco, pois na terça-feira foram divulgadas a queda de quase 8 mil contratos em aberto, apontando uma falta de força para novas subidas.
O potencial de uma manutenção dos ganhos e uma puxada maior das cotações diminuiu com a liquidação tão grande comparada com o movimento de pouco mais de US$ 5 centavos na segunda-feira. Para corroborar com a leitura o COT na sexta-feira confirmou que os fundos diminuíram suas posições vendidas em 5,836 lotes em uma semana.
As origens, ou o short dos comerciais, aumentaram o equivalente a 1.5 milhões de sacas, demonstrando que o interesse de venda do pessoal do ramo está abaixo de US$ 150 centavos, talvez pela proximidade do início da colheita da safra brasileira. Novas tentativas de alta podem baixar ainda mais o teto do mercado, pois quem eventualmente não aproveitou para vender vai ajustar seus níveis de oferta.
Para o deleite dos baixistas as exportações do Brasil em março registraram um novo recorde para o mês e no acumulado do atual ciclo (julho a março), se situando inclusive acima das exportações da safra 10/11 quando então o Brasil colheu a maior safra de sua história, embarcando um total de 35.27 milhões de sacas de julho a junho.
Os embarques volumosos da principal origem deixa um ponto de interrogação naqueles que acreditavam em um estoque de passagem baixo e/ou uma produção da safra 14/15 menor, o que inevitavelmente forçará alguns agentes a atualizarem suas planilhas estatísticas.
O efeito prático é o aumento dos estoques nos países consumidores, dado que o crescimento do consumo é estimado por alguns estar em torno de 1.5%, sendo que outros crêem ser nulo nos Estados Unidos e levemente mais baixo na Europa.
Neste contexto a divulgação da safra do IBGE para a safra 15/16 em 42.5 milhões de sacas não surtiu nenhum efeito para as cotações do mercado futuro.
Os preços do terminal se mantido dentro do intervalo desde 25 de fevereiro ultimo, variando entre 128 e 150 centavos. Novas quedas encontrarão compra de comerciais, mas com os fundos estando mais “leves” uma nova rodada de vendas destes pode acabar afundando mais os preços.
O grande perigo é também o contrato de robusta, que tem muita fixação represada por parte dos intermediários e produtores, justamente quando a Indonésia inicia sua colheita e em menos de um mês o Brasil já terá conilon de safra nova para negociar.
Aos altistas resta torcer para que a firmeza do Real ajude a bolsa a não quebrar a parte de baixo do intervalo mencionado acima, já que por pelo menos algumas semanas não haverá café arábica novo brasileiro entrando no mercado, travando por ora o físico.
O fator surpresa será o clima, que caso traga chuvas durante a colheita pode prejudicar a qualidade e então puxar Nova Iorque para cima.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa