Nos últimos anos, a relação entre o euro e o dólar (EUR/USD) tem sido fortemente influenciada pelas decisões dos bancos centrais. Enquanto o Banco Central Europeu (BCE) iniciou o ano reduzindo sua taxa de juros de 3,15% para 2,90%, o Federal Reserve (FED) manteve os juros estáveis entre 4,25% e 4,5%. Essa diferença pode aumentar a pressão sobre o euro, levando a uma nova desvalorização da moeda europeia. Além disso, a economia da Zona do Euro dá sinais de enfraquecimento, com a taxa de desemprego projetada para subir de 6,3% para 6,7% até o final de 2025.
A inflação projetada para a Zona do Euro em 2,2%, levemente acima da meta de 2% do BCE, sugere que a política monetária europeia pode ter espaço para flexibilização adicional. No entanto, cortes mais agressivos nos juros podem acentuar ainda mais a depreciação do euro frente ao dólar. Isso ocorre porque taxas de juros mais baixas na Europa reduzem a atratividade dos ativos denominados em euro (principalmente a renda fixa) para investidores globais, levando a uma saída de capital em direção a mercados com retornos mais elevados, como os EUA.
Além da política monetária, fatores geopolíticos e comerciais também desempenham um papel fundamental. A possibilidade do governo Trump impor novas tarifas sobre produtos europeus representa um novo risco para a economia da região. A aplicação dessas barreiras comerciais poderia impactar negativamente o crescimento econômico da União Europeia, forçando o BCE a adotar uma postura ainda mais expansionista. Como resultado, o euro poderia sofrer novas quedas, potencialmente levando a cotação do EUR/USD abaixo da paridade (1,00).
Curiosamente, a desvalorização do euro pode atuar como um amortecedor para as tarifas, tornando os produtos europeus mais baratos e, assim, compensando parte do impacto das barreiras comerciais impostas pelos EUA. No entanto, uma depreciação excessiva também traz desafios, como o aumento do custo de importação de matérias-primas e o risco de inflação importada, o que pode limitar a capacidade do BCE de continuar reduzindo os juros.
Diante desse cenário, a evolução da política monetária e fiscal nos EUA e na Europa será determinante para o comportamento do euro nos próximos meses. Se o diferencial de juros continuar se ampliando e as tensões comerciais se intensificarem, a moeda europeia poderá enfrentar uma trajetória de desvalorização significativa, o que redefinirá as dinâmicas econômicas e comerciais globais.