Banco do Brasil vê 3º tri ainda "estressado" por agro, mas melhora no 4º com margem financeira
Por mais devastador que 2020 tenha sido para os maiores produtores mundiais de petróleo, é provável que o pior já tenha ficado para trás.
Em um documento regulatório emitido na semana passada, a ExxonMobil (NYSE:XOM) (SA:EXXO34) afirmou que pode registrar o quarto prejuízo trimestral consecutivo quando divulgar seus resultados no início do mês que vem.
A maior exploradora americana de petróleo e gás enfrentou dificuldades para gerar fluxos de caixa no ano passado, em meio ao colapso dos preços de energia, forçando a companhia a iniciar um drástico programa de cortes de custos.
Em seu último comunicado, a empresa texana afirmou que planeja estabelecer o teto de US$ 25 bilhões por ano para dispêndio de capital até 2025 e irá depreciar o equivalente a US$ 20 bilhões em ativos de gás natural na América do Norte e do Sul.
O mais intrigante de tudo é que a Exxon está entre as poucas gigantes de energia que continuaram distribuindo dividendos, mesmo com sua situação financeira bastante deteriorada pela crise sanitária mundial. Mas o prolongamento da pandemia está fazendo com que os investidores da Exxon se preocupem com a sustentabilidade da sua sólida política de proventos.
A Exxon tem se endividado muito para sustentar seus dividendos e cobrir suas despesas de capital. A última vez em que a Exxon gerou caixa livre para cobrir seus proventos foi no terceiro trimestre de 2018. Essas dificuldades e incertezas sobre seus dividendos mantiveram suas ações sob extrema pressão em 2020.
Seus papéis afundaram 42% nos últimos 12 meses, fazendo com que seu dividend yield ultrapassasse 8%. Nesse período, a Exxon registrou seu primeiro prejuízo trimestral em décadas, sendo retirada do índice Dow Jones Industrial e acossada por investidores ativistas em busca de melhores retornos e maior responsabilidade climática.
Baixo desempenho persistente
De acordo com uma recente reportagem da Bloomberg, a D.E. Shaw & Co. montou uma grande posição acionária na Exxon e está exigindo que a empresa corte despesas para melhorar seu desempenho e manter seus dividendos.
Em uma carta endereçada à Exxon, a D.E. Shaw afirmou que a gigante petrolífera tem apresentado um desempenho consistentemente abaixo da sua rival Chevron (NYSE:CVX) e que sua atual trajetória é insustentável, colocando em risco seus dividendos, segundo fontes ouvidas pela reportagem.
D.E. Shaw acredita que a insistência da Exxon em não fazer ajustes tenha reduzido seu valor ao acionista em mais de US$ 100 bilhões nos últimos cinco anos. A empresa solicitou que a Exxon cortasse seu dispêndio de capital ao nível de manutenção de cerca de US$ 13 bilhões em relação aos US$ 23 bilhões previstos para este ano, bem como cortasse suas despesas operacionais em US$ 5 bilhões.
A Exxon paga US$ 0,87 por ação em dividendos trimestrais, que cresceram 5% nos últimos cinco anos. A empresa gasta cerca de US$ 15 bilhões ao ano para pagar esses dividendos, o que faz com que a Exxon seja uma das ações mais mantidas em carteiras focadas em geração de renda.
O principal risco para investidores de longo prazo da Exxon é se a empresa será capaz de continuar gastando essa enorme quantidade de recursos em proventos com base em dívidas. A gerência da empresa sinalizou que essa será uma tarefa difícil caso os mercados petrolíferos não se recuperem forte.
Os preços do barril de petróleo se estabilizaram acima US$ 50 nas últimas semanas, graças às campanhas de vacinação para combater a Covid-19 e o grande consumo de combustível na Ásia. A oferta e a demanda devem continuar em equilíbrio no primeiro semestre deste ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Essa incipiente recuperação dos mercados petrolíferos, entretanto, talvez não seja suficiente para que a Exxon preserve sua “confiável política de distribuição crescente de dividendos”. Em um comunicado de 30 de novembro, quando anunciou os cortes de custos e a revisão de ativos, a empresa só mencionou seu compromisso com seus proventos “confiáveis”, sugerindo que não faria qualquer elevação dos pagamentos neste ano.
Segundo Darren Woods, presidente e CEO da empresa:
“O recente sucesso exploratório e reduções de custos de desenvolvimento de investimentos estratégicos aumentaram ainda mais o valor do nosso portfólio de investimentos líder na indústria”.
“O foco contínuo na elevação da qualidade da base de ativos – através de exploração, desinvestimentos e priorização de boas oportunidades de desenvolvimento – melhorará a geração de caixa e os resultados, além de reconstituir a capacidade do balanço de gerenciar os ciclos futuros da commodity, sem descuidar da política de dividendos confiáveis”.
Resumo
A Exxon, em nossa visão, é uma aposta arriscada entre as grandes produtoras de petróleo, principalmente devido à sua política insustentável de dividendos. O atual dividend yield elevado da ação reflete esse risco. Os investidores devem evitar comprar o papel, principalmente em vista da fragilidade da recuperação econômica e do excesso de oferta existente.