- As ações da FDX afundaram na semana passada, depois que a companhia rebaixou suas projeções para o terceiro trimestre fiscal.
- O corte nos resultados coloca o valor em questão, mas esse não é o maior risco.
- A reversão no sentimento em questão de semanas é fonte de preocupação.
Inicialmente, eu me equivoquei com a FedEx Corporation (NYSE:FDX) (BVMF:FDXB34). No começo do mês de julho, pensava que as ações da FDX ofereciam uma proposta interessante.
Em minha defesa, ressaltei que era uma jogada arriscada. E, nesse quesito, estava correto. A FDX afundou na última semana. O declínio de 21% na sexta-feira foi o maior movimento de queda do papel em sua história. O Deutsche Bank qualificou o balanço como “o conjunto de resultados mais fraco que já vimos em relação às expectativas em nossos quase 20 anos de análise de empresas”.
Do ponto de vista dos fundamentos, o declínio não parece ser uma reação exagerada. A estimativa de resultados da FedEx para o primeiro trimestre de US$ 3,44 ficou um terço abaixo do consenso dos analistas de US$ 5,14. A FedEx também reduziu suas projeções para todo o ano fiscal.
Nesse contexto, um declínio de 21% parece razoável. Os resultados neste ano podem muito bem ficar 20% ou mais abaixo das expectativas, gerando uma nova base mais baixa para o crescimento.
Fonte: Investing.com
Mas os problemas não estão apenas nos fundamentos aqui. A FedEx já vem sofrendo há bastante tempo com a gerência e a execução. No início de julho, a FDX acumulava uma valorização de 3% ao longo de cinco anos. No mesmo período, as ações da United Parcel Service (NYSE:UPS) subiram mais de 67%.
A aquisição da TNT Express na Europa pela FedEx gerou problemas, e a decisão de não firmar parceria com a Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (BVMF:AMZO34) na América do Norte a levou a perder participação de mercado.
Os investidores que estavam otimistas com a FDX neste verão nos EUA, entre os quais eu me incluo, acreditavam que a execução da companhia iria melhorar. A chegada do investidor-ativista D.E. Shaw aumentou as esperanças.
Mas os números ruins do 1º tri sugerem que se tratava da mesma FedEx de sempre. Se esse for o caso, a FDX não está nada barata.
Junho vs. setembro
Há uma veemente razão para se preocupar com os números do 1º tri. No fim de junho, a FedEx realizou sua Reunião com Investidores. Na semana anterior, a companhia havia fornecido sólidas projeções para o ano fiscal de 2023 (a mesma projeção que foi retirada na semana passada). E, na reunião, a gerência da FedEx demonstrou um enorme otimismo.
A FedEx projetou um crescimento no lucro por ação (LPA) ajustado de 14-19% até o ano fiscal de 2025. E apesar do ceticismo dos analistas com tais metas, pairava a sensação de que, se a FedEx conseguisse pelo menos atingir seus objetivos, a ação tinha um enorme potencial de alta. De fato, naquele momento, o preço-alvo médio em Wall Street era de cerca de US$ 300.
O que aconteceu no 1º tri?
O mais incrível e preocupante em relação ao 1º tri é que, quando a gerência da FedEx forneceu uma projeção bastante otimista para os próximos três anos, a companhia já enfrentava quatro semanas de um trimestre desastroso.
O desempenho do 1º tri, como um todo, ficou bem abaixo das expectativas tanto para a companhia quanto para os analistas. Mas a grande decepção, que os analistas, novamente, qualificaram como a pior do mercado em duas décadas, aparentemente foi motivada pelo desempenho nas última nove semanas do trimestre.
A única explicação além dessa é que a gerência da FedEx, no momento da reunião com investidores, não compreendia o que estava acontecendo com a empresa. Pode ser que isso não seja inteiramente verdadeiro; uma empresa como a FedEx sabe qual é a sua receita todo santo dia, mas os executivos certamente não estavam a par da situação.
O fato é que sabemos que os negócios da FDX sofreram um absoluto colapso nos últimos dois meses do trimestre. E sabemos que uma empresa, com preocupações de longa data com a gerência, não conseguiu prever esse colapso.
Em 29 de junho, os executivos forneceram uma perspectiva para vários anos que muito bem poderia fazer a ação dobrar de valor. Desde então, o papel acumula uma perda de 32%. Nos últimos cinco anos, a desvalorização é de 25%; a UPS saltou 54%.
As ações da FDX estão baratas?
Nesse contexto, é difícil ficar muito animado com a FDX. Se o LPA para o 1º tri fosse mantido para o resto do ano, a métrica ajustada ficaria abaixo de US$ 14. Isso sugere um múltiplo de 12x os resultados mais ou menos, dificilmente em dissonância com a faixa plurianual da ação.
A FedEx terá cortes de custos pela frente, o que pode ajudar seu lucro no ano civil de 2023. Mesmo assim, a ação parece estar barata, com base nos fundamentos, mas dificilmente são uma barganha.
De fato, o perfil fundamentalista aqui é basicamente o mesmo de há vários anos. A FedEx é uma aposta na melhora da execução, expansão de margens de lucro e estabilização do crescimento da receita.
Era isso o que a FedEx prometia no fim de junho. Mas como ocorreu nos últimos anos, a promessa não foi cumprida.
Aviso: No momento em que escrevia este artigo, Vince Martin não tinha posições em quaisquer dos ativos mencionados.