O Fiagro (Fundo de Investimento na Cadeia Agroindustrial) está se tornando um dos fundos mais procurados pelos investidores brasileiros. Boa rentabilidade, isenção de imposto de renda para pessoas físicas e o fato de ser atrelado ao agronegócio, setor que mais cresce na economia, são as principais razões para o interesse em um dos mais novos produtos financeiros do mercado.
Acontece que nesse grupo de interessados há muita gente nova, pessoas leigas que são convencidas a aplicar o dinheiro, mas que não têm muita noção de como essa roda gira. Grosso modo, quem investe está emprestando dinheiro a produtores rurais, pecuaristas e a qualquer empresa relacionada ao setor como uma fabricante de fertilizantes, de maquinário, uma construtora de galpões e silos de armazenagem de grãos, entre outros.
É um dinheiro emprestado para que esses produtores possam expandir seus negócios, melhorar a infraestrutura ou simplesmente pagar dívidas. E o risco desse empréstimo é dividido entre os vários cotistas, também chamados de investidores, que recebem o dinheiro de volta acrescido de juros. Há diversas razões para um produtor adquirir os recursos que precisa por meio de Fiagros. Juros bancários altos, dificuldade de acesso ao financiamento pelos meios tradicionais, quantidade de dinheiro disponibilizado pelo governo inferior ao necessário para atender a todos, só para citar alguns motivos.
Como se vê, há duas pontas nesse processo: o produtor e o investidor. Sendo assim, o investidor tem de ter em mente que, se existe alguém que pegou dinheiro emprestado prometendo devolver com juros em determinado espaço de tempo, então a operação tem risco. Quem pegou o dinheiro pode não conseguir pagar da forma como foi combinado. E as razões também podem ser diversas. Houve seca ou chuva em demasia, alguma praga que resistiu aos defensivos agrícolas, uma crise interna ou externa que derrubou o preço da commodity, um plano de negócio mal sucedido.
Para evitar que o risco seja muito alto, os fundos são montados por especialistas que avaliam criteriosamente cada ativo que vai compor o portfólio. Mas, vale ressaltar que a diversificação não é uma regra para todos os Fiagros. Existem gestores que concentram os investimentos em poucos ativos, o que gera um risco adicional. Então, é importante que a escolha do Fiagro seja antecedida de uma leitura criteriosa do regulamento do fundo. No caso da MAV, achamos que um limite de 10% por devedor atinge um bom nível de diversificação.
A diversificação de ativos e regiões é de alta importância para a gestão dos riscos. Por exemplo, sabe-se que o Sul do país é o maior produtor de uvas, mas essa região sofre muito com variações do clima. Então, a produção de uva e vinho vai compor uma pequena parte da carteira. Soja de alguma fazenda do Centro-oeste, laranja e café do Sudeste, gado leiteiro de Minas e de corte do Mato Grosso. Enfim, é preciso ter uma mescla que serve de proteção ao fundo. Mas mesmo essa mescla depende muito da capacidade e da experiência de cada gestor na hora de originar o fundo. A ideia é que o investidor não precise avaliar, ele próprio, o risco de cada ativo, pois o gestor já fez isso.
Isso não torna o investidor isento de responsabilidade. Se não é preciso verificar os ativos, é sim necessário avaliar o gestor. Começa-se avaliando a rentabilidade do fundo, mas sem a precipitação de achar que o fundo que oferece a maior rentabilidade é o melhor. Rentabilidade alta pode estar relacionado com risco alto. E se o risco se faz realidade, o retorno tende a ser muito menor do que o prometido.
Gestores experientes sabem escolher os melhores ativos. Não que os menos experientes não possam ser criteriosos, mas é preciso tomar cuidado com aqueles que entram no mercado sem a base necessária. Além disso, é importante ressaltar que quando falamos de experiência, estamos falando de vivência no agronegócio, já que a forma de conceder crédito e as garantias das operações são diferentes dos outros setores.
Em outras palavras, investir em Fiagro é um bom negócio, não só como fonte de acúmulo de capital como também de diversificação da carteira. Porém, como em qualquer outro tipo de fundo, é importante que o investidor conheça o gestor tanto quanto conhece a si próprio. Sim, porque todo mundo precisa se conhecer, ter consciência do próprio perfil (conservador, moderado ou agressivo) antes de colocar o capital em qualquer tipo de produto financeiro, sob o risco de se arrepender depois.