Se tem um setor da economia que não sente a crise econômica há alguns anos é o do agronegócio. Não sente e não sentirá tão cedo. A previsão é de que o Brasil colha safras recordes de soja, milho e outros grãos em 2023, fortalecendo ainda mais a agricultura nacional. E o melhor de tudo é que investidores de qualquer lugar podem lucrar junto com os empresários do segmento investindo em Fiagros (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais).
Criado em março de 2021, trata-se de um fundo destinado à captação de recursos para o financiamento das atividades agroindustriais. Para ser disponibilizado no mercado, o Fiagro passa por uma oferta pública inicial (IPO) na bolsa de valores brasileira, a B3 (BVMF:B3SA3). O processo permite a compra das cotas do fundo pelos investidores — que depois poderão negociá-las no mercado secundário. Quem as adquire é chamado de cotista e passa a se expor ao portfólio do fundo. Já o capital do Fiagro é investido nas cadeias produtivas do agronegócio.
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Existem, basicamente, três tipos de Fiagros. Um deles é o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (Fiagro-FIDC). No FIDC a maior parte dos recursos é alocada em direitos creditórios de empresas do agronegócio. São alternativas de crédito privado. Há também o Fundo de Investimento Imobiliário (Fiagro-FII), pelo qual o dinheiro dos cotistas é investido em ativos do setor imobiliário como imóveis (galpões, cilos, fábricas etc) ou em títulos de renda fixa.
O terceiro tipo é o Fundo de Investimento em Participação (Fiagro-FIP) cujo foco é a participação em empresas do segmento agroindustrial. O investidor que compra cotas de qualquer um destes tipos de fundo pode lucrar por meio da valorização das cotas, ou seja, vendendo-as por um preço maior do que o da compra ou ter ganhos com dividendos. Eles são partes do lucro do Fiagro distribuídas de maneira proporcional à quantidade de cotas que cada investidor tem, de acordo com a periodicidade definida pelo fundo.
Como qualquer investimento, há riscos que merecem a atenção do investidor. Entre eles existe o risco de crédito, relacionado a uma possível inadimplência do emissor do título no qual o Fiagro investiu. Também existe o risco de mercado que tem a ver com a volatilidade. Neste caso, as cotas tanto podem valorizar, gerando lucro, quanto desvalorizar, levando a prejuízos. Por fim, tem o risco de liquidez. Isso ocorre com a dificuldade de vender as cotas e transformá-las em dinheiro, caso não tenham investidores interessados em comprá-las.
Mas há muitos benefícios também. A simplicidade do investimento, cujos fundos são geridos por profissionais é um deles, pois o que se responsabiliza pelas movimentações é o gestor responsável tirando do investidor a preocupação com a alocação do capital. Além disso, ao alocar recursos em Fiagro, o investidor tem a oportunidade de participar dos ganhos e do desenvolvimento do agronegócio normalmente com a possibilidade de alta liquidez.
É também uma forma de diversificação da carteira porque o fundo pode alocar o capital em participações de empresas, títulos de dívidas e imóveis rurais. Pesa a favor dos Fiagros o fato de eles serem isentos de Imposto de Renda sobre os dividendos para pessoas físicas. Devidamente regulamentados, os Fiagros só fazem crescer desde que foram criados, tanto em número de investidores quanto em volume financeiro.
De qualquer forma, cada fundo tem um desempenho diferente pelas mais diversas razões, como o tipo, os ativos que os compõem e a qualidade da gestão. Por isso é importante saber escolher antes de alocar seu capital. A primeira providência que o interessado deve tomar é observar a experiência da gestão no setor de agronegócio. Veja se a equipe tem expertise e qual é o histórico de resultados. Isso ajuda a diluir os riscos do investimento, pois você pode escolher fundos de gestores mais confiáveis.
Também é importante saber o tipo de Fiagro porque cada classificação envolve ativos diferentes. E, seja qual for o tipo, avalie a composição do portfólio. Por exemplo, Se ele for composto por títulos de dívida, verifique se a carteira é muito concentrada e qual é o perfil de devedores. Já em relação a imóveis físicos, considere a diversificação de cultura da terra e região para melhorar a relação entre risco e retorno.
Finalmente, verifique o potencial de rentabilidade sempre consciente de que retorno muito alto pode ser indicativo de risco maior. Ou não, pode ser apenas resultado de uma boa gestão. Mas nunca deixe de analisar criteriosamente. Conselhos estes que valem não só para Fiagros, mas para qualquer investimento. Em resumo, tomando esses cuidados, que são básicos, a alocação de recursos em Fiagros tende a ser um bom negócio, principalmente porque o agronegócio é hoje o principal pilar da economia brasileira.
Responsável por sucessivos superávits em nossa balança comercial, o agro também é um setor estratégico para o governo brasileiro que trabalha, junto com os produtores, para torná-lo ainda mais relevante na cadeia de alimentos do mundo. Já há planejamento para que o Brasil, maior exportador de soja, também se transforme em maior produtor. A ideia é fazer com que nosso país obtenha a hegemonia mundial na produção de alimentos. A tendência, claro, é que os investidores em Fiagros absorvam parte considerável dos ganhos que a estratégia do setor deve gerar.