Firmeza do real suscita dúvidas. “Pés” estão fincados em areia movediça!

Publicado 25.02.2014, 08:09

Até que ponto a apreciação do real é sustentável, já que os fundamentos apontam direção contrária, não sendo razoável imaginar-se mudança na percepção dos investidores estrangeiros em apenas dois ou três dias de um fato novo proposto para tentativa de ser entregue gradualmente e não de imediato?

Perspectivas favoráveis? Mas há, também, inúmeras desfavoráveis. Há inúmeras incertezas.

Num curto espaço de tempo o real apresentou apreciação de quase 3% num comportamento absolutamente atípico em relação ao dólar e acentuadamente assimétrico se verificarmos o que aconteceu com o rand sul africano, lira turca, peso mexicano, dólar australiano, etc, moedas emergentes.

O mercado financeiro por seu órgão porta-voz de projeções, o Boletim FOCUS, carregou um pouco mais nas tintas pouco otimistas na edição deste final de semana. Projeções para 2014 com inflação com alta maior; dólar mais caro; crescimento do PIB menor; produção industrial menor, enfim, sinais que não corroboram antecipação de visão em tendência de melhora. Pode até ocorrer, mas evidentemente será necessário que o governo entregue o cumprimento de suas metas ajustadas e anunciadas na semana passada, previamente, para depois haver o reconhecimento e o crédito sancionado.

A ideia externada pelo Presidente do BC, Alexandre Tombini, de que a desvalorização cambial do real é um fator natural consequente da redução da liquidez internacional, não sendo um problema, mas sim a solução, na medida em que estimula as exportações e encarece as importações, que reconhecemos como absolutamente correta, parece estar sendo contrariada sem que haja fundamentos mais evidentes.

Movimentos de acomodação e reposicionamentos face ao novo contexto acreditado? Não acreditamos, pois a perspectiva de deslocamentos mais intensos em direção do Brasil de investimentos voláteis se configura neste momento como perspectiva forjada em anseio e não em algo seguramente factível, mesmo com a alta prevista da SELIC, já que a reboque vem ocorrendo a expansão da projeção de inflação.

Estratégia de quem se desfez de posições “compradas” procurando recompô-las num patamar mais baixo, fomentando a apreciação do real com expectativas imediatas desprovidas de efetivos fundamentos, com a convicção de que o viés em perspectiva é efetivamente de depreciação da moeda nacional?

Por mais otimista que se queira ser, neste momento não há como considerar este movimento como natural, até porque com a acentuada percepção manifestada, inclusive pelo BOLETIM FOCUS, de que o crescimento do IPCA tende a, cada vez mais, ser tendente a revisões negativas, não se pode ter projeções otimistas em relação aos IED´s, inclusos os empréstimos intercompanies, que cadentes devem abrir mais o “gap” de financiamento externo faltante, impondo pressão sobre a formação do preço da moeda americana, já que o déficit em transações correntes projetado pelo governo em US$ 78,0 Bi parece consistente.

Afora este aspecto, acreditamos que não há como desconsiderar a hipótese de momentos de aperto maior sobre a liquidez do mercado à vista de câmbio, já que entendemos que não há como o Brasil passar incólume a um movimento de refluxo de investimentos voláteis presentes no país.

Outro dado relevante é que a projeção do mercado financeiro para o crescimento do PIB – 1,67% - está bastante distante da estabelecida pelo governo no seu programa anunciado quinta feira passada. Esta diferença tende a provocar efeitos negativos para o alcance da meta de superávit primário estabelecida pelo governo, pois crescendo menos o país arrecada menos e assim precisa ajustar os dispêndios.

Enfim, é preciso ficar atento. Esta é a ultima semana do mês, quando se procede às liquidações e ajustes das posições no mercado futuro com base na PTax, que será fixada na sexta-feira, e o BC já terá encerrado hoje a rolagem da posição vincenda de “swaps cambiais” de US$ 7,378 Bi vincenda em 5 de abril próximo.

No nosso entendimento há riscos de movimentos bruscos no preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio à vista, pois não há razoabilidade no preço praticado neste momento.

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