A desvalorização da moeda chinesa para o menor patamar em mais de dez anos provocou declarações de manipulação por parte do presidente dos Estados Unidos e sacudiu os mercados afastando o investidor de ativos de risco já no começo da semana.
Nas sessões seguintes, entretanto, os índices das bolsas americanas conseguiram recuperar as perdas, deixando o S&P500 “apenas” 3.5% abaixo do recorde histórico.
Se por um lado os pessimistas apontam para um potencial de crescimento econômico mundial mais baixo, por outro o barateamento do dinheiro e novas injeções de recursos faz o mercado de títulos globais ter 15 trilhões de dólares de bonds com remuneração negativa – isto mesmo, menos do que 0%.
Ao mesmo tempo os dividendos distribuídos para os acionistas de empresas listadas no S&P são equivalentes a 1.9%, de acordo com um artigo publicado pela Bloomberg. Ainda que muito dos proventos sejam gerados por recompra de papéis pelas próprias empresas, os investidores buscando remuneração para seu dinheiro acabam “alimentando” as altas dos mercados acionários – haja vista o volume de recursos baratos disponibilizado por políticas monetárias expansionistas há mais de dez anos
Para as commodities o risco de crescimentos de PIBs menores, inflações mundiais baixas e um dólar americano em geral mais forte pressionaram as cotações levando o CRB para níveis que não víamos desde junho de 2017.
O café em Nova Iorque, depois de perder quase 400 pontos em um momento na segunda-feira, conseguiu se manter acima de US$ 1 por libra, para o contrato de dezembro de 2019, enquanto Londres respeita os 1,284 dólares por tonelada – mínima de maio último.
Com o fluxo de negócios relativamente baixo – nas origens em função do fim da colheita no Brasil e a entressafra para grande parte dos suaves, e no mercado internacional por causa do verão quente no Norte – o volume de contratos transacionados pelas bolsas é em grande parte concentrado nos spreads (rolagem de posições do mês presente para os futuros antes do início do período de entrega do contrato de setembro de 2019).
Entre os compradores internacionais a preocupação com a qualidade da safra brasileira atual é tema recorrente nas conversas e reports distribuídos, principalmente por parte daqueles que precisam dos não-naturais (cereja e lavados) e de cafés finos de bebida.
Um outro assunto crítico, mais ainda na Europa, é o questionamento sobre um potencial grande problema na questão do glifosato para o café. O Brasil tem montado grupos de estudo, inclusive dentro da CECAFÉ, para proativamente não deixar a situação tomar um rumo perigoso, mas é preciso nossas autoridades ajudarem para não nos colocarem em um posicionamento prejudicial diante de outros países produtores.
Curiosamente o limite para outros produtos, como o chá, é vinte vezes maior, sendo que este não passa por um processo de torragem como o café – sem falar dos limites maiores para vegetais e legumes.
É de se imaginar uma solução viável, até porque o Brasil corresponde por um terço do que é abastecido do grão no mundo.
As exportações brasileiras em julho totalizaram 3.16 milhões de sacas, recorde para o mês e reflexo da disponibilidade confortável tanto de safras anteriores como da atual, que foi colhida mais cedo este ano.
No Vietnã as chuvas voltaram e em volume muito maior do que o desejado, infelizmente causando transtornos para a população, mas dissipando o medo de seca.
O Real e o Peso Colombiano desvalorizando ativam vendas por parte dos fundos de algoritmo, enquanto os fundos que olham para o gráfico aguardam o mercado sair do atual intervalo para aumentarem suas vendas ou recomprar parte do que foi vendido recentemente.
Se dezembro conseguir romper US$ 103.40 centavos por libra-peso, o arábica pode ganhar algum folego, mas assim como parece limitada uma queda acentuada, a alta não deve encontrar sustentação e deve ser aproveitada para vendas presentes e futuras.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.