*Com Alexandre Nogueira Jr
Se você já pensou em investir seu dinheiro, mas ficou confuso com tantos nomes estranhos como CDI, Selic, IPCA e por aí vai… calma, isso é supernormal. O mercado financeiro costuma assustar quem está começando, mas, aos poucos, a gente percebe que muita coisa dá para entender de forma simples. Um bom exemplo são os fundos de renda fixa pré-fixados, que parecem difíceis, mas na verdade podem ser bem vantajosos, especialmente se você entender como funcionam.
Um fundo pré-fixado é basicamente um tipo de investimento onde você “trava” uma taxa de rentabilidade no momento da aplicação. Isso quer dizer que você já sabe, desde o início, quanto vai render ao ano, ou pelo menos tem uma boa noção disso, desde que você espere até o fim do prazo. Dessa forma, o investidor tem mais segurança, já que pode calcular com exatidão qual o valor a ser recebido ao final do período sem estar exposto às oscilações do mercado.
A mágica aqui é que você não precisa fazer nada: só aplicar e acompanhar. Esses títulos podem ser públicos (emitidos pelo governo) ou privados (emitidos por empresas). Os mais comuns são Tesouro Prefixado com vencimento em 2028, 2032 ou pagando Juros Semestrais vencendo em 2035 (emitido pelo Tesouro Nacional), Debêntures (títulos de dívida de grandes empresas), ou Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio (LCI e LCA).
Estes funcionam com base numa taxa de juros fixa. Por exemplo, um Tesouro Prefixado com vencimento em 2032 pode pagar 14,72% ao ano até essa data. Se você comprar hoje, é como se você “travasse” essa taxa para receber ao longo dos próximos anos, independentemente de o Brasil estar em crise, crescer, cortar juros ou subir a inflação
Vale observar que os títulos que pagam juros semestrais são um pouco diferentes, mas também bem interessantes. Em vez de receber tudo só no final, esse título paga juros a cada seis meses direto na sua conta. Isso significa que, duas vezes por ano, você recebe um valor proporcional à taxa que foi contratada. É como se o título dissesse: “vou te pagar 14% ao ano, mas não vou esperar até 2035 pra te dar tudo; vou te pagando aos poucos (7%) a cada semestre”.
Interessante destacar também que, há um valor mínimo da aplicação, mas mesmo com pouco dinheiro, já dá para aproveitar esse tipo de investimento. Hoje, existem títulos nos quais você consegue investir 1% do valor dele, ou seja, um título com um preço unitário de R$ 698, o investimento mínimo é de R$ 6,98!
Mas como isso é calculado na prática? Vamos lá. Usamos a fórmula dos juros compostos:
Valor Futuro = Valor Inicial × (1 + taxa) ⁿ
Onde “n” é o número de períodos em relação à taxa (neste caso, em anos).
Então, supondo que você tenha feito um investimento de R$ 5.000 num fundo com taxa pré-fixada de 10% ao ano, por 5 anos:
Conta: R$ 5.000 × (1 + 0,10) ⁵
Valor Futuro ≈ R$ 8.052,55
Ou seja, ao final de 5 anos, seu dinheiro teria crescido mais de 60%, totalizando R$ 8.052,55, e isso antes dos impostos.
Se o título fosse até 2032 (daqui a 7 anos, por exemplo), e a taxa fosse a mesma, seria assim:
R$ 5.000 × (1,10)7 ≈ R$ 9.743,59
Mas atenção!!! Se você sair antes do prazo, pode perder um pouco, porque o preço do título ou das cotas varia conforme os juros do mercado. Por isso, esses investimentos funcionam melhor para quem pode esperar o tempo certo.
Agora vem a parte que quase ninguém gosta, mas que precisa ser entendida: Os impostos. Ao investir em fundos prefixados, é importante entender como funciona a tributação, pois ela afeta diretamente o quanto você realmente ganha no final. Existem dois impostos que podem incidir sobre esse tipo de investimento: o Imposto de Renda (IR) e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
O Imposto de Renda (IR) é calculado apenas sobre os rendimentos obtidos, ou seja, sobre o lucro da aplicação, e não sobre o valor total investido. Sua alíquota diminui conforme o tempo que o dinheiro fica investido. Quanto mais tempo você deixar aplicado, menor será o imposto. Se o resgate for feito em até 180 dias, a alíquota é de 22,5%. De 181 a 360 dias, o imposto cai para 20%. Entre 361 e 720 dias, a alíquota é de 17,5%. E se você mantiver o dinheiro investido por mais de 720 dias, paga apenas 15% sobre os rendimentos.
Já o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) só é cobrado se o resgate for feito nos primeiros 30 dias. Nesse período, a cobrança começa alta, em 96% sobre o lucro no primeiro dia, e vai diminuindo dia após dia até zerar completamente no 30º dia. Após esse período, não há incidência de IOF, independentemente do prazo total da aplicação. Por isso, deixar o dinheiro aplicado por mais tempo não só melhora os rendimentos, como também reduz a quantia de impostos cobrada.
Sendo assim, vale a pena investir em fundos prefixados hoje?
Bom, depende do momento e do seu perfil como investidor. Atualmente, a taxa Selic está em 14,75% ao ano (12 de Maio de 2025), o que é uma taxa significativamente alta e há projeções de que ela possa chegar em 15% até o final de 2025, segundo analistas e boletins do mercado.
Se você acredita que estamos próximos do topo da Selic, então pode ser uma ótima oportunidade de garantir uma taxa elevada para os próximos anos, já que, por estarmos vivendo num cenário econômico de incertezas no Brasil, além de você estar protegido de flutuações no mercado, ocasionadas por estas influências externas, eles são previsíveis e, em um cenário de incerteza, saber exatamente quanto seu dinheiro vai render é um alívio.
*Estudante de Economia do Ibmec Rio