por Pinchas Cohen
Ontem, em nosso artigo de abertura do mercado, discutimos a confusão entre os investidores a respeito de risco. Enquanto bolsas na Ásia caíam devido a novas tensões entre EUA e Coreia do Norte, bolsas europeias avançavam e títulos europeus caíam, mesmo embora o mercado futuro dos EUA estava caindo e títulos do Tesouro norte-americano estava subindo, tudo ao mesmo tempo. Mais tarde, após a abertura do mercado norte-americano, as bolsas norte-americanas retomaram a queda iniciada com o mercado futuro — o Dow caiu 234 pontos e o S&P 500 teve a maior queda desde 17 de agosto, finalizando um rali de seis dias, e títulos do Tesouro ampliaram suas quedas prévias.
Resumindo, aqueles que abrem e fecham os mercados globais (Ásia e EUA, respectivamente) tinham negociações avessas ao risco, ao passo que o mercado do meio (Europa) estava propenso ao risco.
Por que essa divergência no mercado global?
Há quatro explicações possíveis:
- A Europa apresentou a clássica Síndrome do Filho do Meio e contrariou a tendência.
- Enquanto os ânimos avessos ao risco na Ásia e nos EUA foram influenciados por tensões com a Coreia do Norte (devido à proximidade no caso da Ásia e por ser o inimigo da Coreia do Norte no caso dos EUA), a Europa pode ter se sentido como uma zona neutra.
- Investidores globais começaram o dia de ontem com o recente agravamento fresco em suas mentes e negociaram de forma avessa ao risco, mas no momento em que o pregão europeu abriu, os temores dos investidores ficaram de lado. Quando os mercados norte-americanos abriram, investidores receberam notícias sobre o furacão Irma acompanhando o Harvey e retornaram a ficar avessos ao risco.
- Investidores globais não conseguiam decidir — eles começaram o dia avessos ao risco, refugiando-se em portos seguros, depois mudaram para a propensão ao risco e deixaram os refúgios, apenas para se apavorarem e voltarem a ficar avessos ao risco e se refugiarem em portos seguros novamente.
Logo, qual é o motivo para a mudança na percepção do mercado? Embora ninguém possa saber ao certo, nós podemos deduzir.
Embora o ponto número 1 tenha sido escrito com algum humor, ele levanta uma teoria interessante: um estudo compreensivo sobre negociação nos horários d Europa em comparação às sessões na Ásia e nos EUA pode revelar algo sobre a Síndrome do Filho do Meio.
O segundo motivo, ou seja, a exposição à ameaça da Coreia do Norte, é plausível, mas não deveria ser questionável em um mercado global? Se bolsas da Ásia e dos EUA caíam, inevitavelmente levariam as bolsas europeias para baixo junto.
E sobre o terceiro motivo, o segundo furacão? Faz sentido, mas reação do mercado, ou seja, petróleo mais caro e gasolina mais barata, foi o oposto do que ocorreu durante o Harvey, quando o petróleo ficou mais barato devido às refinarias inoperantes e as mudanças nas demandas de energia fizeram a gasolina subir 27 por cento.
O aumento atual do petróleo e a redução na gasolina parecem ser uma correção dos movimentos anteriores e não uma mudança na tendência uma vez que os principais fundamentos permanecem os mesmos. Fundamentalmente, o petróleo está subindo à máxima de três semanas com as refinarias retomando as atividades após o Harvey, ao passo que Irma traz problemas para a gasolina pois está na direção da Flórida. Não há sinais óbvios de reações do mercado específicas com relação ao furacão. Em vez disso, a narrativa se concentra principalmente na Coreia do Norte e um pouco no iminente teto da dívida dos EUA.
Poderia ser o quarto motivo, a incapacidade dos investidores tomarem decisão devido à falta de liderança? Se esse for o motivo, é um sinal revelador de um topo de mercado. Vejamos o balanço de oferta e demanda, conforme representado no gráfico.
O primeiro sinal óbvio de problema na integridade da atual tendência ascendente foi a falha ao se tentar obter sustentação em 18 de agosto, na linha de tendência ascendente recentes desde 30 de dezembro. O segundo sinal óbvio de problema ocorreu quando o rali do final de agosto não conseguiu avançar acima do antigo rali entre o fim de julho e início de agosto.
Mercado oficialmente em baixa?
Entretanto, um sinal não percebido de problema enviou um alerta antes mesmo do sinal óbvio quando o preço cruzou abaixo da linha de tendência que se mantinha desde 30 de dezembro. A amplitude do mercado não estava sustentando as últimas máximas recordes de julho e agosto da referência do S&P 500. Outro sinal não percebido de problema superou o sinal adicional óbvio, não conseguindo manter a sucessão de picos ascendentes, quando a amplitude do mercado não conseguiu sustentar o último pico, proporcionando a menor participação por todo o mercado em relação a um pico desde agosto de 2016.
No entanto, deveria ser observado que a tendência atual, com toda a sua incerteza, ainda é considerada tendência ascendente. Apenas com a quebra da linha de pescoço, ou linha de reversão, seria considerado que a tendência teria se revertido, já que dois picos superiores e inferiores em um padrão descendente teriam emergido. Além disso, a maior linha de tendência ascendente desde fevereiro de 2016 deveria ter sido violada.
A implicação da ruptura bem-sucedida da linha de pescoço implicaria em um preço-alvo conforme aferido pela autora do padrão de seu topo até seu ponto de ruptura. Se o ponto de ruptura for 2430,00, a altura seria 2490,87 (pico de 8 de agosto) menos 2430,00, que seria igual a um movimento de 60,87 pontos. O preço de ruptura de 2430,00 menos os 60,87 indica o preço-alvo de 2369,13, cerca de 2,5 por cento. No entanto, caso o alvo seja atingido, a linha de tendência ascendente desde fevereiro de 2016 terá sido violada, sugerindo um possível reteste da linha de tendência ascendente desde fevereiro de 2009, eu seu ângulo atual de 2000, que está 19 por cento mais baixo. Isso já seria flertar com um mercado oficialmente em baixa.
Estratégias de Negociação
Investidores conservadores esperariam para um fechamento decisivo abaixo da linha de pescoço, bem como empregariam um filtro para evitar uma armadilha, 1 a 3 por cento de profundidade dependendo da aversão ao risco. Eles também esperariam por um provável (mas não necessário) movimento de retorno para testar novamente a resistência atual da linha de pescoço, antes de assumirem uma posição curta, para evitar uma movimentação abrupta de preços. A ordem stop-loss seria posicionada bem abaixo da linha de pescoço, já que se inclina para cima, o que significa que um movimento de retorno poderia muito bem chegar mais alto que o preço no qual houve a ruptura.
Investidores moderados esperariam um por uma ruptura decisiva em um fechamento da linha de pescoço, enquanto empregam os filtros acima citados, posicionando uma ordem stop-loss conforme mencionado.
Investidores agressivos podem entrar em uma posição curta agora devido à probabilidade de continuação da retórica norte-coreana até seu feriado de "dia da fundação" no sábado, durante o qual a fanfarronice da Coreia do Norte provavelmente continuará, bem como a aproximação do segundo furacão e o iminente teto da dívida dos EUA.
Investidores muito agressivos podem assumir uma posição longa após os preços atingirem a linha de pescoço, agora em 2425,00, por uma recuperação inesperada antes que possa haver uma ruptura nesse patamar.