As bolsas europeias tiveram uma baixa de quase 2% na semana que se encerrou, enquanto as americanas ficaram de lado e a brasileira afundou 5% diante da greve dos caminhoneiros e da influência do governo na Petrobras (SA:PETR4).
O dólar se manteve forte, mas o Real conseguiu voltar abaixo de r$ 3.70, ainda que a volatilidade do último continue relativamente alta.
O índice do CRB teve uma queda acentuada na sexta-feira empurrado principalmente pela perda do petróleo, gasolina e do óleo de aquecimento. O açúcar demerara foi o que melhor performou nos últimos cinco dias, seguido pelos grãos e o pelo gás natural.
Na ICE o contrato do arábica subiu na segunda-feira influenciado pela noite fria e notícias de geadas isoladas. Nos quatro dias subsequentes a impressão era de que o terminal cederia, mas a paralisação dos caminhões no Brasil, provocando com postergações de embarques deu sustentação aos preços.
A procura por mercadoria no spot e nas origens também demonstram uma necessidade de cobertura, que no caso dos naturais brasileiros tem encontrado ofertas mais dosadas por parte dos produtores, de certa forma surpreendendo um pouco.
Com o início da colheita em algumas regiões vários agentes esperavam uma pressão de vendas maior para desovar estoques de safras remanescentes (incluindo a corrente).
O atraso da chegada da safra do conilon provocou um salto nos preços internos, justamente o contrário do que muitos poderiam imaginar. Parcialmente o motivo está relacionado com uma provável destinação de alguns milhões de sacas ao terminal Londrino, assim como pela demanda da indústria local que cadenciava a compra esperando uma disponibilidade maior e teve que acelerar as compras.
Nas estimativas até agora divulgadas pelo USDA o destaque foi a safra 18/19 brasileira de 60.2 milhões de sacas, divididas entre 44.5 milhões de arábica e 15.7 milhões de conilon. As nove milhões e trezentas mil sacas a mais estão em linha com o mercado, não causando reação à bolsa.
O órgão americano em linhas gerais mostra incremento de produções para a maioria das origens, reflexo de preços razoáveis no último ciclo em uma cultura perene, como é a do café.
No excelente Simpósio promovido pela MonteCCer, o qual tenho muito alegria em ter participado e palestrado em todos até agora, o nível das apresentações e discussões giraram em torno das novas ondas de café e da informatização do que podemos considerar ser uma região exemplar no setor produtor cafeeiro mundial.
Chama a atenção a sobriedade dos produtores presentes em entenderem o ciclo de preços mais baixos vivido no momento e que pode perdurar por algumas safras, caso não haja nenhum evento climático. A compreensão de que o mercado faz o trabalho em enxugar superávits, assim como gerar déficits, faz com que os empresários do campo foquem na eficiência em produzir com custos menores e qualidades superiores, e serem contrários a qualquer intervenção artificial.
Parabéns mais uma vez ao Regis, o Serginho e a equipe organizadora por inovar nos temas e na participação dos especialistas.
O relatório dos comitentes do CFTC, ou o Commitments of Traders, mostrou que os fundos pouco se importaram com o frio da semana passada, enquanto os comerciais colocaram algumas apostas de alta e as origens venderam mais de quatro mil contratos.
Contrariamente do que alguns analistas acreditam, historicamente os fundos passam o inverno brasileiro vendidos, seguindo a sazonalidade dos preços que caem no período. É claro que se eventualmente gear eles vão recomprar boa parte da posição vendida, mas antes dos fundos comprarem quem comprará serão os comerciais, provocando então uma mudança aguda nos preços que então chamará a atenção dos especuladores e dos fundos maiores.
Uma resolução da greve dos caminhoneiros, juntamente com o prognóstico do clima mais quente nos próximos dez dias pode tirar o suporte do terminal. A semana é encurtada pelo feriado nos Estados Unidos na segunda-feira e no Brasil na quinta-feira.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.