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Há Razões para Tanto Otimismo com o Desempenho da Economia?

Publicado 24.03.2017, 13:53
Atualizado 23.07.2018, 09:10

Diversos analistas que estão otimistas com o desempenho da economia. A revista britânica The Economist apresentou uma matéria de capa com essa perspectiva (veja aqui a matéria original). Mas fica a pergunta: há razões para tanto otimismo com o desempenho da economia?

A realidade é um sistema complexo. Usamos todos os dias modelos simplificados, como mapas, para nos guiar na realidade. Mas o fato de utilizarmos modelos simplificados não anula a perspectiva de que a realidade é complexa.

Pense na sua rede de contatos, por exemplo. Agora, pense na rede de contatos dos seus contatos. Agora na rede de contatos dos contatos dos seus contatos. Parece complicado? Não, não é complicado, é complexo.

Complexo não significa difícil, complicado. Complexo significa, basicamente, que há um elevado número de interações no sistema gerando novas informações e possibilidades o tempo todo.

O mundo, a realidade, é um sistema complexo. E a economia é um “subsistema” dessa grande realidade global.

Recentemente, compartilhamos com nossos assinantes que 2017 será um ano que não promete grandes coisas (veja o Destaque AE 031). E, claro, fazendo uso de toda honestidade intelectual possível, há sempre a possibilidade de estarmos inteiramente errados.

Mas com base em que nós fizemos essa consideração?

Parte significativa da resposta é justamente a realidade complexa. Para tanto, resgatemos um pouquinho de história.


Ciclos econômicos e revoluções tecnológicas


A quarta revolução tecnológica teve como paradigma tecnoeconômico (ou seja, como “melhores práticas"):

  • A produção em massa,
  • A integração horizontal (grandes firmas monopolistas),
  • Padronização de produtos, linha de montagem (a fábrica fordista),
  • O “trabalhador-consumidor” e, na esfera institucional,
  • As políticas keynesianas (políticas de estímulo ao pleno emprego).
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A quinta revolução tecnológica, por sua vez, iniciada em meados da década de 1970, possibilitou ganhos de produtividade significativos. Para tanto, elevou esses ganhos em diversas atividades que compõem a cadeia de valor de muitas indústrias.

Por cadeia de valor queremos dizer a cadeia com todas as atividades do negócio, desde a matéria prima até a venda. Geralmente, envolve diversas firmas e muitas interações.

Esse movimento, por conseguinte, destruiu algumas indústrias e constituiu novas. Mas mais relevante ainda, a era da informação facilitou a fragmentação das atividades da cadeia de valor das grandes firmas pelo mundo.

Em outras palavras, o paradigma tecnoeconômico da quinta revolução tecnológica (a revolução da informação) é:

  • A descentralização produtiva,
  • As atividades econômicas intensivas em conhecimento,
  • A segmentação de mercado,
  • A especialização com flexibilidade,
  • A globalização e;
  • A cooperação entre as firmas.

Crise, reacomodação e sinergia


Dentro da onda de desenvolvimento da quinta revolução tecnológica, encontramo-nos no momento chamado de reacomodação. Essa onda tem uma característica especial: a sua reacomodação possui várias bolhas.

Cabe destacar que uma das características fundamentais do período de reacomodação é o “acoplamento” institucional à onda de desenvolvimento, possibilitando o florescimento de uma fase de sinergia.

A etapa de reacomodação da quinta revolução tecnológica começou com o estouro da bolha da Internet (ou bolha das empresas “ponto com”). Contudo, após o estouro da bolha, não ocorreram grandes mudanças institucionais.

Analisando melhor esse ponto, ainda temos muito capital “vadio”, capital especulativo, capital à espera de oportunidades de ampliar seus ganhos. Em 2000, com o estouro da bolha das “ponto com”, esse capital financeiro especulativo não foi suprimido com a bolha, não houve recomposição institucional e o capital “vadio” buscou outras fontes para manter-se ativo. Assim, em 2008, veio a crise dos subprime, com o epicentro no mercado imobiliário estadunidense.

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Mas, ainda assim, o capital “vadio” não foi suprimido. Ao contrário, foi “estimulado” com vultosas quantidades de recursos sendo escoadas para o setor financeiro bancário. E hoje, vemos o capital especulativo correndo pelo mundo.


O capital em busca de oportunidades de valorização


Há alguns meses que vem sendo ventilado e discutido no mercado o IPO (Initial Public Offering – Oferta Pública Inicial) da Saudi Aramco, gigante petrolífera da Arábia Saudita. O valor de mercado estimado até o momento é de US$ 2 trilhões.

Isso coloca a Saudi Aramco como a empresa mais valiosa do mundo e, se concretizado, será o maior IPO da história. A possibilidade de ocorrer é reforçada pela escolha dos bancos de investimento que conduziram o IPO: JP Morgan e Morgan Stanley (NYSE:MS).

Com isso, fica a pergunta: o que faz da Aramco uma empresa tão valiosa? Torna-se mais curioso pelo contexto. Nos últimos meses (até março de 2017) temos batido recordes de extração de petróleo.

Os estoques estão bastante elevados no mundo todo, especialmente nos Estados Unidos, como temos acompanhado de perto em nossas análises semanais. Diversas inovações no setor de energia permitiram o surgimento de fontes alternativas (vide nosso Destaque AE 026). Inovações no próprio setor de petróleo e gás tem contribuído para a elevação da produção.

Parece-nos, portanto, que o IPO da Saudi Aramco representa, mais uma vez, um respiro desse capital especulativo em busca de sobreviver. E o preço do petróleo em queda reforça igualmente essa perspectiva.

Perceba como há uma grande quantidade de variáveis e elementos que devem ser levados em consideração. Isso porque estamos olhando, especialmente, sob uma ótica econômica.

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O ponto principal dessa perspectiva é que a grande quantidade de interações as quais nos referimos, que gera toda a complexidade do sistema, ela se dá tanto entre os diversos indivíduos quanto entre os próprios subsistemas que se formam. Ou seja, leva em consideração elementos econômicos, tecnológicos, sociais, políticos, dentre outros.


Contextualizando


De todo modo, voltando os olhares para o momento atual, estamos em grande medida passando, ao que tudo indica, pelo fim da etapa de acoplamento institucional e começamos a vislumbrar a fase de sinergia (que, entretanto, parece que não deverá iniciar ao menos nos próximos dois anos).

Como consequência disso, no plano externo temos como principais acontecimentos o Brexit, a crise de refugiados Sírios na Europa, a eleição de Donald Trump e a ascensão de forças políticas de extrema-direita na Europa.

Nossa leitura é que essa soma de fatores aponta para forças remanescentes da quarta revolução tecnológica buscando ganhar a “queda de braço” com as forças da quinta revolução tecnológica. Desse contexto, que é desestabilizador, surgirá a fase de sinergia com epicentro nos países centrais – com forte possibilidade de que ocorra na China, que passou por importantes transformações nos últimos anos, segue como “a fábrica do mundo”, além de ter ventilado o discurso globalizante característico dos países centrais pré-crise.

E a possibilidade de a China guiar a fase de sinergia (como tem mostrado seu discurso pró-globalização - elemento importante do paradigma tecnoeconômico dessa revolução tecnológica e em contraposição ao discurso de Trump), nos obriga a olhar para o Brasil, importante parceiro comercial da China no que se refere à exportação de commodities para o gigante asiático.

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Um adendo sobre o Brasil


Cabe destacar que adentramos 2017 cercado de incertezas, o que retroalimenta a crise e coloca sempre no futuro o que deveríamos ter feito no passado. E, reiteramos, diferentemente do que o mercado espera, nós acreditamos que 2017 será mais um ano bastante difícil e que o PIB não supere os 0% (vide que o próprio governo que reduziu suas estimativas para este ano – apesar de ainda serem bastante otimistas).

Bem, por aqui, os principais eventos domésticos de 2016 que estão ditando o ritmo e o rumo das coisas foram o impeachment de Dilma Rousseff (e, por conseguinte, a ascensão de Temer e do PMDB ao poder), o choque recessivo para controlar a inflação e a dívida pública, a aprovação da PEC-55 e as delações de investigados no âmbito da Operação Lava Jato.

No plano político doméstico trabalhamos com a hipótese que deveremos ter maior deterioração e isto implica limites às reformas econômicas em curso. A atividade econômica continua fraca e as medidas microeconômicas anunciadas não terão o efeito desejado; o problema central hoje é a ociosidade de empresas e no mercado de trabalho.


E agora?


A hipótese central do ajuste econômico em curso é que uma trajetória fiscal mais benigna (superávits maiores e dívida pública em queda) irá contribuir para uma queda mais forte dos juros e, assim, estimulando investimentos produtivos.

Essa hipótese não deve se concretizar (a da elevação da demanda via investimentos) via corte de juros por um motivo principal: juros baixos não geram investimentos se não houver demanda e, no atualmente, temos a utilização da capacidade instalada está em níveis muito baixos, logo, nos curto e médio prazos não há espaço para investimentos (das empresas nacionais, em especial).

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Atividade econômica fraca aponta para baixa arrecadação e assim os déficits fiscais permanecerão elevados sendo que a meta anunciada pelo governo apenas deverá ser alcançada na hipótese de receitas extraordinárias (via uma segunda rodada de repatriação e a venda de alguns ativos) ou impostos, como já anunciou o Ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

A única possibilidade que se vislumbra de retomada no curto e médio prazo é via setor externo. Alguns ajustes estruturais foram feitos pela recessão. Dentre eles, a queda do salário real em dólar, a queda do pagamento de juros em proporção ao PIB (de forma ainda tímida, mas em curso) e, em especial, déficits menores em transação corrente puxados em grande parte por uma balança comercial muito mais favorável (dada a queda das importações em ritmo muito maior do que as exportações por conta da deterioração da atividade econômica nacional). E, claro, Investimento Direto no País (IDP) - o setor externo “puxando o bonde”.

As variáveis chave seguem, portanto (e ainda), dentro do eixo político, tanto no Brasil como no mundo. Enxergamos alguns elementos importantes. Vejamos.


No exterior

  • Trump pode ainda gerar maiores desconfortos no próprio território estadunidense, como temos visto em casos de revogação via poder judiciário de algumas de suas medidas, além de desgastes internacionais, o que pode ocasionar sua destituição, bem como alguns problemas geopolíticos;
  • De todo modo, nesse cenário, os republicanos seguem no poder. Se Trump permanecer, a China pode ocupar o espaço deixado pelos EUA, uma vez que a potência norte-americana tem se fechado e o gigante asiático tem reforçado sua ação global;
  • Entretanto, é importante ressaltar, Trump foi democraticamente eleito e, portanto, possui respaldo dos eleitores estadunidenses;
  • Vendo por esta ótica, Trump (e outros representantes de países centrais que seguem a mesma tendência mais liberal-conservadora), podem, diferentemente do que se espera, facilitar o florescimento da fase de sinergia desse ciclo econômico, uma vez que suas ações podem colaborar para fortalecer as empresas da quinta revolução tecnológica, as quais, lembremos, são em sua maioria estadunidenses (Google, Amazon, Microsoft, Apple etc.).
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No Brasil

  • Há a possibilidade de Temer não permanecer no poder e prolongar ainda mais a crise política e a recessão econômica. Essa hipótese é forte e tornou-se ainda mais forte dado os movimentos no Congresso Nacional e no Planalto Central com o avanço da Operação Lava Jato. Cabe ressaltar que ainda corre o processo de cassação da chapa Dilma-Temer nas instâncias mais altas do judiciário;
  • O desgaste para aprovação de importantes projetos (como o previdenciário) reforçam a imagem desgastada do líder peemedebista;
  • Mas não podemos ser levianos. Há uma forte tendência liberal-conservadora por aqui também, que se traduz em uma lógica pró mercado (reforçada pelo desgaste ainda maior gerado com o governo Dilma) e também pela tendência dessa fase da quinta revolução tecnológica;
  • O mais provável é que a soma de fatores de desgaste político, baixa popularidade do governo atual, desgaste ainda maior do governo anterior e, claro, a “poder de fogo” político do acordo desenhado entre as principais forças de centro e de direita no país, garantam a manutenção de Temer e sua equipe no poder para conduzirem com unhas e dentes as reformas necessárias;
  • Isso deixa, portanto, o país à margem do movimento da quinta revolução tecnológica e, como tem sido recorrente nos últimos 500 anos, respondendo de forma subordinada e dependente ao movimento externo.

Considerações gerais


Nesse contexto, importa observar que ao menos nos próximos dois anos não nos parece evidente a retomada generalizada da economia. Mesmo nos países centrais.

E como mostra o nosso cenário de referência, não há caminho para o desenvolvimento econômico sem a aparente bolha que se desenhou (não esqueça da Saudi Aramco) estoure. A “destruição” desse capital especulativo excedente ao ponto que o capital financeiro caminhe pari passu ao capital produtivo é fundamental. E, aí, as instituições tem espaço para referendar as “boas práticas” das empresas características da revolução tecnológica corrente.

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Assim, reiteramos a pergunta, há razões para tanto otimismo com o desempenho da economia? E, claro, reforçamos: um dos principais alívios em tudo isso, é que podemos estar completamente enganados.

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