Rompido o topo histórico do Bovespa na semana que passou.
Na última segunda-feira, dia 11-9-2017, o índice rompeu o topo de 73.920 atingido no mês de maio de 2008, após o Brasil ter alcançado o seu investment-grade. Naquela época, tudo era uma festa; autossuficiência em petróleo, crédito farto e um operário no poder. Ainda sofreríamos um pouco por poucos meses, para, logo em seguida, voltarmos à euforia; ainda conviveríamos com uma nova enxurrada de crédito, bolhas nos preços dos imóveis, mais autossuficiência no Petróleo, promessas e mais promessas.
6-7 anos depois, a devastação; devastação essa ainda difícil de conter; empresas alavancadas, famílias inteiras desempregadas, miséria onde quer que olhemos, e imóveis cujos preços sugerem uma completa incapacidade do simples médio gerente de uma multinacional em pagá-los.
Mas aqui estamos. 75.756 pontos para o Bovespa; 9 anos e meio depois daquele maio, o topo histórico rompido. Em dólar, ainda falta muito. Por ora, isso não importa. Por ora.
Leigos, economistas e fundamentalistas se perguntam. É possível isso?
O trader não pergunta nada; apenas opera a tendência; e a tendência é de alta.
Tentarei olhar para os 2 campos.
Bull total. Rompeu topo histórico; até voltar a perder os 73.900 ou mais abaixo, os 73.000, nada de correção forte. Topos e fundos ascendentes. Índice opera acima da MA50 e MA200, mesmo distantes; compra no diário e no semanal.
IFR14 no tempo diário já está em 83,7; completamente sobrecomprado. Em movimentos fortemente BULL ou BEAR, o IFR14 atinge níveis surreais mesmo, podendo encostar nos 90 no "BULL" e nos 20, no "BEAR”.
E os fundamentos? E a economia? E o "buraco fiscal"? E o "Buraco da Previdência"?
Sim; algumas empresas ainda valem abaixo do Valor Patrimonial na Bolsa de Valores, então, ainda tem coisa a se procurar para subir. Ainda tem commodities em forte recuperação lá fora. Enfim, argumentos também não faltam para contra argumentar os pessimistas dos fundamentos.
Mas, vamos lá. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Vamos tentar colocar alguma ordem no caos e nos fixarmos nos gráficos.
Principalmente 3. O próprio Bovespa, o (NYSE:EWZ), um "ETF do Bovespa operado pelos estrangeiros", que pode nos igualar ao "Bovespa dolarizado", e o MCX, o principal índice acionário da Rússia, e que foi um bom barômetro na Crise Americana de 2008, e que teve seu topo histórico também rompido no final do ano passado.
No diário, podemos reduzir o Bovespa num canal de alta abaixo destacado; o Bovespa pode tocar a linha de topo em poucos dias ali próximo aos 80.000 pontos, que passa a ser uma barreira psicológica.
IBOV, Diário, escala logarítmica
MCX, Semanal, período 12 anos
Também podemos especular que essa perna de alta vá um pouco mais acima dos 80.000; o índice russo MCX, quando rompeu o topo histórico ano passado, faixa de 1.970 pontos, foi até os 2.290, uma alta de 15%, e então corrigiu forte 22%.
Assim, poderíamos imaginar um IBOV até próximo aos 85.000, antes de uma forte correção. No entanto, cabe aqui um destaque fundamental Voltemos a atenção momentaneamente para o principal papel do índice Bovespa, ITUB4 (SA:ITUB4). Vamos vê-lo em Nova York, isto é, ADR ITAU (NYSE:ITCB). O topo histórico da ADR ITAU é na faixa de 15,00. O papel fechou na sexta-feira em 13,97. Portanto, pouco provável não imaginarmos uma forte reversão dos papéis do ITAU em Nova York nessa faixa de 15; assim, o papel ainda teria espaço de pouco mais de 5%. Se tomarmos proporção equivalente, talvez a perna de alta do Bovespa esteja muito mais para 80.000 do que 85.000
ADR ITAU em Nova York, Semanal, período 12 anos
E uma eventual correção? Correção ou crash? Escrevi 2 ou 3 textos semanas atrás sobre um cenário até então não descartável de um crash do Bovespa no médio prazo. Não me parece ainda descartável, mas no atual cenário, o deixemos para o segundo plano, dada a extensão do texto.
O Cenário muda um pouco na atual dinâmica. O primeiro ponto recai sobre volatilidade. Tem que começar a volatilizar antes de pensarmos em algo mais crítico. Assim, voltemos o Bovespa para 10-12 anos atrás. As correções do Bovespa antes do Crash de 2008 sempre aconteceram próximas às suas MA50 (Linha azul) vista no gráfico SEMANAL. Hoje, essa MA50 passa em 64.530 pontos e subindo. O Canal de alta mostrado acima no tempo diário mostra a linha de suporte ali próxima a 63.500. Se estivermos fortes emoções no Bovespa nos próximos 30-60 dias, nada impede que a correção o leve justamente para próximo aos 66.000 pontos, base do canal e faixa de uma "MA50 Semanal subindo". Prestem atenção. Estou falando de MA50 no tempo SEMANAL
Bovespa, semanal, escala logarítmica, período 12 anos
O Cenário ora discutido pressupõe timing. Temos praticamente um ano até as eleições presidenciais; e teremos um ano pela frente não apenas pressionado por elas; teremos um mundo inteiro em torno de nós voltado a discutir aumento de taxas de juros do FED e do BCE, inflação com ou sem perna de alta das commodities e bolhas, bolhas, muitas bolhas de ativos espalhadas.
90.000 pontos é praticamente 30.000 pontos em dólar. Um bom número.
O (NYSE:EWZ), o "ETF do Bovespa operado pelos estrangeiros" visto abaixo fechou na sexta-feira última em 43.35. Há uma barreira forte na faixa de 46. Talvez uma barreira muito mais forte na faixa de 50-51. Isso dá pouco menos de 20% de espaço de alta. Isso é muito mais coerente com 90.000 pontos do que 100.000 pontos.
Loucura? 90.000 ou 100.000?
Tanto faz. Pergunte aos americanos o que eles acham do Dow Jones em 22.200, ou 23.500-24.000, que é aonde vai. Ou nos 26.500? Ainda dá pra operar a tendência de alta. Ainda tem coisas interessantes.
Depois dos 90.000, voltamos a discutir os 37.000 pontos
EWZ, Semanal, escala logarítmica, período 12 anos