O receio de uma ação antecipada por parte do Federal Reserve para aumentar os juros está assustando o mercado. No Brasil, o medo é de os senadores retirarem os precatórios do teto e o ministro da Economia Paulo Guedes pactue com o aumento dos servidores. Inclusive, Guedes disse que não foi dele a ideia de furar o teto e classificou como um erro grave a proposta de tirar os precatórios do Orçamento, feita pelos parlamentares que negociam a PEC no Senado. Se o ministro está preocupado, o que dirá o mercado. No Senado, a previsão é que a PEC seja apreciada na próxima quarta-feira 24.
Quanto mais a PEC demora em ser viabilizada, tanto mais vulnerável fica a questão fiscal e mais nervoso fica o mercado. Se a PEC não sair, o governo tentará buscar outra fonte para o Auxilio Brasil e o maior receio é de que o caminho seja apelar a uma MP que prorrogue o auxilio emergencial e não se saiba por quanto tempo.
Com a perspectiva da PEC voltar para a Câmara, o dólar fica mais alto e aumenta o risco fiscal.
O mercado financeiro previu um rombo primário maior para o governo central no próximo ano na comparação com os cálculos feitos um mês antes, também piorando a expectativa para a dívida bruta, mostrou relatório Prisma Fiscal divulgado ontem pelo Ministério da Economia. Agora, a perspectiva é de déficit primário de R$ 97,739 bilhões em 2022, ante R$ 83,100 bilhões estimados em outubro, segundo mediana das projeções. A piora para o ano que vem ocorre após sinalizações do governo de que realizará um maior volume de gastos, especialmente com o Auxílio Brasil, programa que sucedeu o Bolsa Família e que terá, extraordinariamente no ano eleitoral de 2022, benefício de 400 reais por família.
Com a agenda de dados esvaziada ontem, os investidores reagem a uma piora das expectativas sobre a atividade interna neste ano e em 2022, em meio à inflação e taxa Selic em alta forte no País, além do impasse sobre a PEC dos Precatórios no Senado que realimenta a aversão a risco
De pano de fundo, o investidor monitora a disposição do Congresso americano para elevar ou suspender o teto da dívida federal. Um impasse acarretaria um shutdown e jogaria os EUA numa recessão.
O IPC da FIPE subiu 0,98% na 2ª quadrissemana.
Um giro pelo mundo mostra que os Bancos Centrais estão atrás da curva em todo o mundo. Adiando a decisão de aumentar juros e a demora em retirar os estímulos das economias faz com que a inflação global continue aumentando. A recente escalada da inflação em vários países tem aumentado a pressão para que bancos centrais aumentem os juros. Ontem, o BC da África do Sul elevou sua taxa básica de juros, de 3,50% a 3,75%. O da Turquia, por sua vez, cortou o juro básico a 15%, seguindo pressões políticas.
O dólar interbancário subiu ontem 0,78%, fechou a R$ 5,5697. Na máxima, foi a R$ 5,578, alta de 0,93%, com investidores demandando a moeda norte-americana num dia negativo para ativos de mercados emergentes e em meio ao contínuo imbróglio fiscal no Brasil.