Alguns especialistas têm chamado atenção para o grande número de desistências de IPOs na bolsa brasileira em 2022. Já são mais de trinta no ano e as condições da economia estão entre as principais causas deste movimento.
Segundo a B3 (SA:B3SA3), é a primeira vez desde 2018 que não há ofertas públicas no primeiro trimestre.
Mas, o que explica isso?
Em algumas conversas com gestores, consegui elencar alguns motivos pelos quais as companhias estão desistindo de fazer IPO este ano. Um deles, sem dúvidas, são as taxas de juros mais elevadas. Com a Selic próxima de 12% ao ano e a inflação em alta, há uma tendência de resultados piores das empresas e saída de fluxo da bolsa para a renda fixa.
Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia também tem contribuído para deixar o mercado ainda mais volátil e incerto. Nos últimos dias, com a indicação de aumento nos juros nos EUA e Europa, este cenário se agravou ainda mais.
Diante disso, alguns especialistas têm levantado a discussão sobre a inflação no Brasil. De acordo com o último boletim Focus, o IPCA segue com revisões de alta há 15 semanas.
Ao mesmo tempo, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, assinalou que os reajustes da Selic estão perto de um pico estimado em 12,75%.
O mercado, por sua vez, espera uma taxa na casa de 13% ao fim de 2022 caso a inflação não comece a ceder. Neste ponto, vale ressaltar que cada ponto percentual equivale a cerca de R$70 bilhões a mais nos gastos do governo com juros da dívida.
Caso o Copom exagere no ajuste monetário - o que não será surpresa frente à aceleração inflacionária por aqui -, o país pode entrar em recessão, mais um motivo pelo qual as companhias podem desistir de lançar suas ações na bolsa de valores. Aguardamos a “Super Quarta” em maio, onde EUA e Brasil definem suas taxas de juros.
Do lado do investidor, fica a dica de seguir a boa e velha cartilha de comprar na baixa para vender na alta. Neste momento, o Ibovespa amargou uma queda de 10% desde o início de abril até a mínima do mês. Ainda que o dólar tenha subido na mesma proporção e coloque um elemento a mais de pressão inflacionária, momentos assim costumam abrir oportunidades.
Afinal de contas, “a bolsa sobe caindo” como dizem por aí e quem fizer a lição de casa na busca por bons ativos a preços descontados, sem dúvidas, será recompensado no futuro!
Bons negócios!