Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Dimon não esconde sua visão sobre as criptomoedas.
- JPMorgan Chase torna Bitcoin em “ativo preferencial” com potencial de valorização de 30%.
- JPM gosta de criptos mais do que imóveis
- Apostas de proteção do maior bando dos EUA
- Tendência de baixa nas criptos continua, mas recomendação do JPM pode gerar um repique significativo.
Após grandes disparadas em 2020 e 2021, o Bitcoin, juntamente com outras criptomoedas, está vivendo momentos difíceis em 2022. A capitalização do criptomercado atingiu mais de US$ 3 trilhões em novembro de 2021, voltando a ficar abaixo de US$ 1,23 trilhão em 3 de junho.
Muitos dos apoiadores das criptos acreditam que a emergente classe de ativos substituirá o ouro no sistema financeiro. No entanto, a tendência nos últimos seis meses mostra que a criptos perderam um pouco do seu brilho.
As moedas digitais continuam atraindo detratores, isto é, pessoas que acreditam que os tokens não valem nada, e sua valorização nos últimos anos foi um evento que não era visto desde a euforia das tulipas ocorrida na Holanda nos anos 1600. Crítico de relevo, o empresário e CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, chegou a comparar as criptos com a bolha das tulipas em um comentário feito em 2017. Desde então, não parou de tecer comentários negativos sobre a classe de ativos.
Na semana passada, a instituição financeira que ele lidera recomendou as criptomoedas para os investidores, emitindo um sinal misto para o mercado e os clientes do JPM.
Dimon não esconde sua visão sobre as criptomoedas
Dimon lidera o JP Morgan Chase desde 2005. Cinco anos após assumir o cargo, o Bitcoin era negociado a cinco centavos por token.
Durante seu mandato como CEO, Dimon não escondeu sua opinião sobre o Bitcoin e as criptomoedas:
- Em 2017, ele chamou o Bitcoin de “fraude” que a qualquer momento poderia ir pelos ares.
- Em 2017, ele comparou o Bitcoin à euforia das tulipas que tomou conta da Holanda nos anos de 1600.
- Em 2017, ele disse que demitiria qualquer funcionário que negociasse Bitcoin, por se “estúpido”.
- Em outubro de 2021, ele afirmou que o Bitcoin “não valia nada”.
Claramente, Dimon, chefe de uma das maiores instituições financeiras do mundo, não é fã do Bitcoin e de criptomoedas.
JPM torna Bitcoin em “ativo preferencial” com potencial de valorização de 30%
Em 2021, o JPMorgan Chase (NYSE:JPM) começou a oferecer um fundo com gestão ativa no Bitcoin para um grupo seleto de clientes endinheirados. No fim de maio, os analistas do JP Morgan escreveram o seguinte:
“A correção da cripto no último mês abriu espaço para a recuperação do Bitcoin e de outros criptomercados mais gerais”.
O preço-alvo do banco para o Bitcoin é de US$ 38.000, sendo que a moeda gira em torno de US$ 31.000 atualmente. Em 25 de maio, quando a recomendação foi divulgada, o Bitcoin futuro para junho estava um pouco abaixo de US$ 30.000, já que o banco previa uma alta de 30% na criptomoeda líder, o que a fazia ser um “ativo preferencial”.
JPM gosta de criptos mais do que imóveis
Relatório do JP Morgan detalhou que o cenário de investimento está mudando:
“Por isso, substituímos o mercado imobiliário pelos ativos digitais como nossa classe de ativos preferenciais, juntamente com hedge funds”.
O JP Morgan atualmente acredita que os criptoativos que circulam no espaço cibernético agora têm potencial de alta maior do que propriedades de tijolo e cimento.
Ou seja, os analistas do banco estão vendendo o mercado que registrou uma valorização incrível nos últimos anos, a fim de substituí-lo pelas criptos que seguem em tendência de baixa desde a máxima recorde de novembro de 2021. O Bitcoin se desvalorizou mais de 56,7% desde a máxima do fim de 2021.
Fonte: Barchart
O gráfico acima mostra o declínio de US$ 68.906,48, em 10 de novembro de 2021, até o nível de US$ 29.820,85 em 3 de junho de 2022.
Apostas de proteção do maior bando dos EUA
Na semana passada, Dimon alertou os investidores a “se prepararem” para um furacão econômico, ele não mencionava as criptomoedas. Ao citar a alta das taxas de juros e a guerra na Ucrânia, ele afirmou que estava seus alertas para o banco mais proeminente dos EUA: “Eu disse que havia nuvens negras, mas vou mudar minha opinião... É um furacão”.
O CEO criticou o Federal Reserve, dizendo que os programas de flexibilização quantitativa haviam dado errado, assim como a manutenção das taxas de juros reais no negativo.
Ele também alertou que os EUA não estavam protegendo a Europa contra o aumento dos preços do petróleo. Os preços do contrato futuro do petróleo estavam acima de US$ 118 por barril no fim da semana passada e subindo ainda mais hoje.
Enquanto Dimon não mudou expressamente sua visão em relação às criptos, sua frustração com o banco central dos EUA, a política energética do país, entre outras questões geopolíticas e socioeconômicas indica que ele mudou de visão sobre as bases ideológicas que deram à luz a revolução da blockchain e a evolução das criptomoedas.
As criptos são libertárias e rejeitam a inflação dos governos e dos bancos centrais, de forma que os valores dos tokens digitais são apenas uma função das compras e das vendas no mercado. Apesar de Dimon ter permanecido em silêncio a respeito da emergente classe de ativos, seus comentários apaixonados, que incluíam palavrões ocasionais e previsões econômicas terríveis baseadas em erros de política, podem ser um sinal de que ele passou a apreciar algumas das razões pelas quais o Bitcoin e as outras quase 20.000 criptomoedas existem.
Tendência de baixa nas criptos continua, mas recomendação do JPM pode gerar um repique significativo
Com o Bitcoin cerca de 56,7% abaixo da sua máxima histórica, a tendência de baixa que começou com um padrão-chave de reversão baixista no gráfico diário do Bitcoin, Ethereum e outras criptos em 10 de novembro continua no início de junho.
No entanto, a recente ação dos preços pode significar que o Bitcoin está formando uma base que pode se tornar uma plataforma de lançamento para o lado positivo.
Fonte: Barchart
Desde 13 de maio, o Bitcoin está entre US$ 28.000 e US$ 32.000 por token. A previsão do JP Morgan pode incentivar compras capazes de elevar os tokens ao nível de US$ 38.000. Enquanto isso, os níveis críticos de resistência técnica estão um pouco abaixo de US$ 43.000, máxima do fim de abril de 2022, e em torno de US$ 48.200, pico do final de março. Um movimento acima de US$ 48.200 encerraria a tendência de baixa que predomina no Bitcoin desde a máxima de 10 de novembro.
Enquanto o JP Morgan Chase e seu CEO emitem sinais conflitantes sobre o criptomercado, os últimos comentários do executivo podem significar que ele está se dando conta da razão ideológica da classe de ativos digitais.