A previsão da direção em que o petróleo pode seguir é um jogo perigoso. Não é de surpreender então que investir no setor de energia é também outro risco.
A queda do petróleo, que começou em 2014 e persistiu até 2016, levou muitos investidores a buscar outros setores para encontrar valor. Essa apatia generalizada em relação às companhias de petróleo manteve os preços das ações deprimidos e forçou muitas das principais empresas a se reestruturarem, cortarem custos e se tornarem mais eficientes.
Agora que a fase de fraqueza terminou, após uma forte recuperação dos preços do petróleo desde abril, é oportuno buscar oportunidades nesse setor abatido. De fato, os valuations de algumas das principais empresas de energia parecem muito convidativos.
Uma maneira inteligente de se beneficiar, ainda que não fique totalmente exposto a mercados de energia voláteis, é investir em empresas de infraestrutura de energia, como concessionárias de energia e gás e operadoras de oleodutos. Oleodutos, por exemplo, funcionam como pedágios de estradas de energia. Os produtores pagam uma taxa ao operador sempre que os utilizam para transportar produtos energéticos. Sua posição única nessa cadeia de valor de energia torna-os mais estáveis do que suas contrapartes upstream.
Boa empresa, modelo inteligente de receita, ações em queda
Dentro desta categoria, comecei a gostar de Kinder Morgan (NYSE:KMI).
Com sede em Houston, Texas, a Kinder Morgan é uma das maiores empresas de infraestrutura de energia da América do Norte. Seu portfólio consiste em aproximadamente 137.000 quilômetros de dutos de gás natural, produtos petrolíferos refinados, petróleo bruto e de dióxido de carbono.
A empresa movimenta 40% do gás natural consumido nos EUA e 2,1 milhões de barris de produtos petrolíferos por dia, tornando-se o maior transportador privado de combustível do país. Seu modelo de receita é construído em transporte baseado em taxas, com 66% do EBDA 2018 (lucro antes de depreciação e amortização) previsto de contratos com consumo mínimo.
Apesar de seu perfil impressionante, Kinder Morgan tem sido um investimento terrível. Durante os últimos cinco anos, suas ações perderam mais de 50% de seu valor, seguindo a decisão da empresa no final de 2015 de cortar seu dividendo em 75%, uma forma de combater uma das piores quedas do mercado de petróleo.
Dinheiro está de volta
Mas, três anos depois, a situação de Kinder Morgan parece bastante promissora. Em abril, o conselho de administração da empresa aprovou um aumento de 60% no dividendo trimestral para US$ 0,20 por ação, ajudado pela forte geração de caixa da empresa.
Este ano, a administração espera que o negócio gere um EBITDA ajustado de US$ 7,49 bilhões, com fluxo de caixa distribuível (DCF) de US$ 2,05 por ação.Com seu dividendo anual atual de US$ 0,80 por ação, o operador de oleodutos terá muito espaço para aumentar seus pagamentos daqui para frente. De acordo com seu guidance, a Kinder Morgan planeja aumentar seu pagamento para US$ 1,00 por ação em 2019 e US$ 1,25 por ação em 2020, uma taxa de crescimento robusta de 25% ao ano.
Seu mais recente relatório de rendimentos mostra que a empresa está bem encaminhada para atingir esse objetivo. No trimestre encerrado em 31 de março, a KMI obteve fluxo de caixa distribuível (DCF) de US$ 0,56 por ação, representando um crescimento de 4% em relação ao primeiro trimestre de 2017, gerando US$ 804 milhões em excesso de DCF acima do dividendo.
"Mesmo com o aumento substancial de dividendos, ainda esperamos financiar internamente todo nosso capital de crescimento com algum excedente remanescente", disse Richard Kinder, presidente executivo da empresa. “Para o futuro previsível, esperamos continuar financiando todo o capital de crescimento por meio de fluxos de caixa operacionais sem necessidade de acessar os mercados para o capital de crescimento”.
Esse otimismo do principal executivo da empresa foi apoiado pelo governo liberal do Canadá que decidiu comprar o gasoduto Trans Mountain e seu projeto de expansão por US$ 3,5 bilhões (C$ 4,5 bilhões) no mês passado, tirando o ativo contencioso das mãos da Kinder Morgan em meio a forte oposição de grupos ambientalistas e da província de British Columbia.
Esse dinheiro é imenso para a Kinder Morgan, injetando cerca de US$ 2 bilhões no balanço patrimonial da empresa após o pagamento de impostos de sua subsidiária canadense. A Kinder Morgan poderia usar o dinheiro para pagar dívidas ou devolver dinheiro aos acionistas se não decidir fazer uma aquisição.
Alguns investidores, no entanto, estão preocupados com o fato de que, após a venda da Trans Mountain, a Kinder Morgan não tenha uma carteira de projetos grande o suficiente para alimentar o crescimento de seus fluxos de caixa.
Resultado
Negociando a US$ 16,72 a partir do fechamento de ontem e com um rendimento de dividendo anual de 5%, as ações da Kinder Morgan caíram mais de 7% este ano. No entanto, comparada com outros grandes operadores de oleoduto, como a Enbridge (NYSE: ENB), que caiu mais de 20%, esse é um desempenho notável.
Dada a avaliação barata da empresa, seu crescente dividendo e uma perspectiva melhorada nos mercados de energia, a Kinder Morgan é um bom valor para os compradores de petróleo que querem adquirir ações baratas com potencial de crescimento promissor e pagamentos crescentes. Achamos que esta ação está pronta para uma recuperação significativa.