Tenho certeza que você, investidor, acompanhou o Ibovespa, que fechou a semana passada com uma perda acumulada de 5,56%. Na segunda retrasada, abriu o pregão com 78.596 pontos, mas amargou somente 72.942 pontos no fim da última sexta.
Todos os atores do mercado financeiro reagiram negativamente às fragilidades políticas do governo atual no pós-greve, ao cenário externo conturbado e também a uma nova pesquisa sobre as eleições presidenciais de 2018, divulgada na terça-feira passada (5).
Analistas surpresos com a probabilidade maior de Ciro (PDT) e Bolsonaro (PSL) irem para o segundo turno acabaram limpando suas mesas e se empenharam em traçar novos cenários mais pessimistas e ajustar posições, temendo pelo pior. O IBOV sentiu e a reação foi generalizada. Nos escritórios, a dolorosa pergunta: Qual dos dois seria pior presidente?
E, nesse momento, entro em cena para lhe dizer o seguinte: não há porque se desesperar. Pode parecer que não, mas ainda estamos a anos-luz das eleições, principalmente sob a ótica da cronologia política. Na nossa frente, ainda existem várias coligações partidárias não consolidadas, debates entre candidatos e propagandas políticas, entre outras variáveis políticas.
Neste domingo (10), outra pesquisa foi divulgada e veio à tona o nome de Marina Silva como adversária de Bolsonaro – este com consideráveis 4 a 6% a menos de votos com relação à última pesquisa – em um possível segundo turno. O mercado respira aliviado.
Se quisermos ir mais longe, olhemos para 2014. Em meados de junho, o saudoso Eduardo Campos brigava cada voto com Aécio Neves pela vaga no segundo turno. Entende porque o desespero agora é dispensável?
Não acho prudente deixar de fazer projeções para os investimentos e traçar os cenários políticos. Também reconheço que a volatilidade advinda da política existe, até porque espera-se um Ibovespa a 170.000 com a eleição de um candidato pró-reformas. Na outra ponta, a expectativa é de um Ibovespa a 45.000 com um candidato antirreformista.
A questão principal aqui é: talvez seja possível acompanhar e prever cenários políticos de outra maneira, evitando assim tanta volatilidade. Vamos deixar as pesquisas em segundo plano por enquanto e focar em três outras variáveis:
a) Mapear as movimentações partidárias e possíveis coligações é uma boa tática para medir a força dos candidatos para o segundo turno.
b) Com o processo de afunilamento das candidaturas já em curso - vide as desistências de Michel Temer, Joaquim Barbosa e possível desistências de Rodrigo Maia, Flávio Rocha, Manuela D'ávila, entre outros -, é interessante refletir para onde os eleitores destes políticos devem ir.
c) Ficar de olho no PT (sim, não nos livramos do fantasma de Lula ou do PT) é essencial pelo poder que o partido tem de decidir o rumo dessas eleições.
Por que o PT tem esse poder? Entrarei em mais detalhes no próximo artigo.
Enquanto isso, vamos manter a frieza necessária no momento de se investir, buscar reduzir a volatilidade e apertar os cintos: as eleições só estão começando.